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Por Crisneive Silveira — Fortaleza, CE


Dizem que a posição de goleiro é a mais solitária do futebol. Dessa vez, discordar faz sentido. Richard entrou em campo aplaudido e saiu dele ovacionado, com a taça do Campeonato Cearense de 2024. A primeira do Ceará em seis anos. A primeira dele no estadual desde que chegou ao Vovô. Mais uma vez, decisivo. Defendeu dois pênaltis. E ele havia prometido.

Ceará 1 (3) x (2) 1 Fortaleza - Pênaltis - Final do Campeonato Cearense 2024

Ceará 1 (3) x (2) 1 Fortaleza - Pênaltis - Final do Campeonato Cearense 2024

O atleta comandou a vitória do time diante do Fortaleza, maior rival, com a seriedade e a importância que a situação pedia. No primeiro tempo, atrás dele, o caldeirão de uma torcida frenética pelo calor da Arena Castelão na noite deste sábado (6) e saudosa do título estadual. O camisa 1 protegia a trave, a massa alvinegra protegia Richard. Um paredão dentro do outro. Ele não estava sozinho.

Richard, que não começou a temporada como titular, retomou a posição após a lesão de Fernando Miguel. No Clássico, vestiu a braçadeira de capitão com a saída de Ramon Menezes, lesionado.

Richard, Ceará, Fortaleza — Foto: Thiago Gadelha/SVM

O arqueiro foi pouco acionado no primeiro tempo sem gols. Mas, quando chamado, respondeu prontamente. Toda cruzamento na área, lá estava ele. Parando qualquer lançamento do Tinga ou investida de Lucero. Saltando antes de a bola pensar em olhar para a trave. Sempre repondo com velocidade para o Alvinegro puxar contra-ataque. Como extensão dos braços dele, a brava linha defensiva e um meio de campo valente. Ele não estava sozinho. Sempre contou com os companheiros. União.

Ao ver o título se distanciar, o adversário cresceu no 2º tempo. Até que Saulo Mineiro abriu o placar para o Alvinegro aos dois minutos. Richard via o perigo se aproximar e seguia firme. Chegou na pequena área, orientou a barreira. Mas a insistência do Tricolor foi premiada com o gol de Lucero, que empatou o placar as 9 minutos: 1 a 1. A pressão continuou.

Lá na frente, Pulga seguia seus dribles desconcertantes. Castilho e Saulo tiveram boas chances. David Ricardo também. Cercado pela torcida oponente e ouvindo provocação dos jogadores do Tricolor, o goleiro do Ceará refutou da melhor forma: com eficiência. Assim, a partida terminou com o mesmo placar e foi decidida nos pênaltis. Numa noite abençoada, algo maior estaria por vir. Ele prometeu.

Promessa cumprida

- Quando a gente reuniu após os 90 minutos ali, e eu fui identificando quem estaria apto a bater os pênaltis, em determinado momento, o Richard virou para todo mundo e falou assim: 'batam os pênaltis, que eu garanto pegar dois pênaltis.' Ele foi lá e pegou.

A revelação foi feita pelo técnico Vagner Mancini, em coletiva de imprensa após a partida.

Na sexta temporada vestindo a camisa do Ceará, entre altos e baixos, com lesões, o filme se repetiu e Richard, depois de ser o protagonista no título do Vovô na Copa do Nordeste de 2023, brilhou mais uma vez. O camisa 1 sabia do que era capaz. Poder.

Richard, Ceará — Foto: Thiago Gadelha/SVM

A decisão por pênaltis ocorreu do lado da torcida alvinegra. Depois da nuvem de fumaça preta e branca, dos mosaicos e da chuva de papel, mostrava apreensão, mas não baixava a guarda. Richard defendeu o pênalti de Pikachu. José Welison e Moisés marcaram. Tinga mandou por cima da trave. Machuca bate e o camisa 1, mais uma vez, defendeu.

O goleiro, que ainda não tinha conquistado o Cearense desde a sua chegada ao clube, em 2019, ano seguinte a última taça estadual do Vovô, tornou-se o grande responsável por trazer novamente o título para o Alvinegro. Ele não estava sozinho. Tinha a própria fé, a dos companheiros, a do técnico e a de alvinegros nas arquibancadas. Assim como o Ceará, Richard, "tua glória é lutar."

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