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Por Gabriel Oliveira — São Paulo


Concluído o Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLOL) mais assistido da história, o streamer Gustavo "Baiano" acredita que a Riot Games irá criar "em breve" uma liga de LoL unificada nas Américas. Embora inicialmente seja contrário à ideia, assim como boa parte da comunidade nacional, o influenciador crê que, com muito debate, é possível chegar a um "modelo bom para todo mundo".

Baiano crê que Riot Games criará liga de LoL para Américas: "Tem bomba na mão"

Baiano crê que Riot Games criará liga de LoL para Américas: "Tem bomba na mão"

— Minha opinião é que a Riot vai seguir para o modelo de liga unificada em breve. A galera pode esperar para talvez 2025 ou 2026 — disse Baiano em entrevista ao blog.

— A Riot tem uma bomba na mão para fazer isso ser bom para todo mundo, para escutar todos os lados e tentar atender todos os caminhos, todas as comunidades, todos os times da franquia, todos os sócios. Não acho que é o fim do mundo, não. Fazendo direitinho o trabalho, dá para fazer algo bem legal e ficar bem disputado, com muito público para assistir e bom financeiramente. Eu acredito que existe um caminho para dar certo.

Streamer Baiano durante watch party da final do 1º Split do CBLOL 2024 no estúdio da Riot Games em São Paulo — Foto: Bruno Alvares/Riot Games

Sucesso de audiência do CBLOL

O debate sobre a criação de uma competição única para as Américas nasceu em meio à crise da LCS, a liga norte-americana, e ganhou força com a sustentada popularidade do CBLOL, que, apesar de não ter times com destaque internacional, segue sendo relevante como entretenimento.

O 1º Split do CBLOL 2024 terminou no último sábado (20), com pico de 459.846 de espectadores simultâneos nas transmissões online, de acordo com o site Esports Charts. É o recorde de audiência registrado na plataforma, que contabiliza os dados desde 2017, representando número 38,5% maior do que o máximo de 329.877 espectadores no 2º Split de 2023.

O crescimento se deu em uma edição que, pela primeira vez, teve watch parties liberadas, como a do "Ilha das Lendas", comandada por Baiano. Os canais do streamer, eleito a Personalidade do Ano no Prêmio eSports Brasil 2023, chegaram a contar com 213.446 pessoas assistindo simultaneamente à final vencida pela LOUD contra a paiN Gaming por 3 a 2.

Streamer Baiano comemora "sucesso absoluto" de co-stream no CBLOL 2024

Streamer Baiano comemora "sucesso absoluto" de co-stream no CBLOL 2024

— O balanço é de sucesso total. É algo que eu já batia o pé e esperava faz bastante tempo — comenta Baiano, que, antes de ser autorizado a ter co-stream do CBLOL, fazia lives mesmo sem as imagens oficiais.

— O cara pode escolher como quer assistir, com que tipo de linguagem e visão quer assistir ao campeonato, ou é mais técnica ou é mais humor. Cada pessoa gosta de um jeito de assistir, né? A co-stream abre esse leque gigante para praticamente qualquer pessoa que quiser ver um jogo mais analisado ou nem entende tanto assim do jogo, nem se preocupa tanto com análise, mas gosta muito de uma resenha. Tem todo tipo de gosto, e a co-stream abriu leque para que praticamente qualquer pessoa, de qualquer interesse, consiga assistir.

Ele defendeu que as lives do grupo de streamers chamado de "Ilha das Lendas" tenta ser o mais abrangente possível, justamente para agradar a comunidade.

— Durante o split a gente consegue criar muito mais histórias para a galera se interessar, né? Tem mais flexibilidade do que a transmissão oficial para criar histórias que o público vai gostar.

Baiano admite que, nesta primeira edição, teve contato próximo com a Riot, principalmente nas primeiras semanas da fase classificatória, para adequar o conteúdo das lives ao que a desenvolvedora achava bom ou ruim, já que, com as co-streams, a empresa perdeu o controle absoluto da narrativa de seu campeonato.

— Nas primeiras semanas, eles tinham que vir falando que não gostavam de certas coisas. E é óbvio, é compreensível, a gente ali às vezes passa um pouco do ponto, uma co-stream tem várias opiniões. E eu também fiz muitas reuniões com as lendas, falando 'pessoal, aqui a gente quer levar mais para esse caminho', 'esse aqui nem tanto', 'vamos ficar um pouco afastado disso', 'é evitar muita polêmica desnecessária'. Nas primeiras semanas, tivemos que dar uma atenção maior, mas, conforme as semanas foram passando, a gente pegou o ritmo.

— Dá para entender o lado da Riot. Eles perdem um pouco do controle de tudo, de como vai ser criada a narrativa do campeonato, dos jogos, dos jogadores. Mas é um risco pequeno para uma vantagem muito grande de a gente ter um diálogo muito mais direto com a comunidade. O Ilha das Lendas bateu mais de 200 mil views na final, além de o split todo ter sido uma construção melhor com a comunidade, já que a co-stream abre um espaço que a transmissão oficial não consegue suprir.

Unificação de CBLOL e LCS

Com o sucesso de audiência do CBLOL, uma possível unificação com LLA (América Latina) e LCS (América do Norte) voltou à pauta. O head de esports de LoL para as Américas, o brasileiro Carlos Antunes, primeiro disse que não haveria a criação de uma liga única ao ser anunciado para o cargo, em agosto do ano passado. No mês seguinte, porém, o executivo admitiu a possibilidade, mas ressaltou que ainda não era o momento adequado.

A principal preocupação da comunidade brasileira - e a de Baiano - é que o Brasil seja prejudicado, em uma eventual unificação com os Estados Unidos, já que o potencial financeiro dos clubes norte-americanos é maior.

No Valorant, a Riot criou uma franquia para o continente inteiro logo nos anos iniciais do cenário competitivo. O que se tem atualmente é um campeonato brasileiro sucateado e com só três organizações do Brasil sendo representadas no VCT Américas.

— A sensação geral da comunidade é péssima. Isso, com certeza, seria rebatido pela comunidade, teria uma certa resistência. Diria que uns 80% da opinião popular não apoiam isso e acham que será ruim. Apesar de o CBLOL não ter relevância competitiva internacional, a gente achou um modelo que faz sentido e que a comunidade gosta de assistir — pondera Baiano.

— Minha opinião inicial, eu diria que eu sou contra, mas eu consigo ver dando certo. Tem que ser uma coisa muito bem conversada. O receio de muita gente é que, fazendo um modelo desse, os times da LCS seriam muito beneficiados, talvez sucateando o Brasil, deixando o Brasil meio que para ser só a mídia, mas não para ser o destaque. Tipo o Valorant. Esse que é o receio que a comunidade tem, e eu também tenho — continua o streamer.

— No momento inicial, eu diria 'não sou a favor', mas, sentando todo mundo em uma mesa, os franqueados da LCS e do CBLOL, junto com a Riot, se for uma conversa em que todo mundo é ouvido, eu acredito que pode se criar um modelo bom para todo mundo. Um modelo financeiramente melhor do que este que se aplica tanto no CBLOL quanto na LCS e que, de quebra, dá um 'hype' na competitividade.

Segundo Baiano, uma solução intermediária seria criar uma competição para os times das Américas jogarem, sem a necessidade de acabar com o CBLOL e a LCS. É algo estudado com o torneio internacional no nível academy. Mas, diante do que está ocorrendo na liga norte-americana, o streamer acredita que o caminho será a unificação total.

— A Riot vai buscar modelo de unificar, porque financeiramente falando, a LCS não tem mais grandes atrativos, não consegue mais criar personalidades como a gente cria no CBLOL, não consegue mais criar interesse popular como a gente cria no CBLOL e também não tem competitividade com as outras regiões — disse o influenciador, que faz essa análise observando a movimentação do cenário competitivo, sem informações da desenvolvedora por ser próximo da empresa.

— Eu sinto o quão é difícil sustentar a LCS em questão de conteúdo e interesse popular. Muito difícil. E não acho que eles vão deixar só acabar. Eles não vão fazer um anúncio 'pessoal, acabou a LCS', que é a primeira liga que existiu no LoL e tudo começou nos Estados Unidos. Eu acredito que o que vem é realmente esse modelo de liga unificada.

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