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Por Bárbara Mendonça — Rio de Janeiro


Rodada nova, técnico novo, problemas velhos. Em busca de recuperação no Brasileirão - torneio em que ocupa a lanterna, com seu pior início de campeonato nos pontos corridos -, o Fluminense chegou para o duelo com o Vitória, nesta quinta-feira, com um enorme peso nas costas. E se a expectativa era por um triunfo (ou ao menos um empate) para levantar a moral, o desfecho acabou sendo o mais melancólico possível.

Veja a coletiva do técnico Marcão, do Fluminense, após derrota para o Vitória

Veja a coletiva do técnico Marcão, do Fluminense, após derrota para o Vitória

Muita coisa aconteceu na semana tricolor. Depois da derrota para o Flamengo, no último domingo, Fernando Diniz foi demitido. O fim do ciclo teve gratidão e choro de ambos os lados, mas teve também o entendimento da diretoria de que o clube estava em uma situação insustentável.

O escolhido para dar sequência ao trabalho foi Marcão. Foi a opção mais óbvia, visto que o auxiliar técnico permanente tinha convívio diário com o trabalho de seu antecessor, conhecia bem as peças do elenco, e o Fluminense não tinha tempo a perder.

O novo-velho técnico - que deve seguir no comando até o fim da temporada - esboçou um time com mudanças, com Terans no lugar de Renato Augusto no meio-campo. Martinelli voltou para sua posição de origem e Thiago Santos assumiu o posto na zaga.

Na prática, quando a bola rolou, a situação dentro das quatro linhas não foi inédita. Por mais que a pressão tenha sido ligeiramente melhor, o jogo do Fluminense foi marcado pela lentidão que assola o time há tempos.

Marcelo e Marcão conversam durante o confronto contra o Vitória — Foto: André Durão

Foram apenas duas boas chances no primeiro tempo. A primeira com Keno, que driblou Lepo e forçou Lucas Arcanjo a defender; e com Cano, que chutou de primeira após cruzamento de Ganso. Aos 33, a lenta troca de passes causou suas primeiras consequências na arquibancadas, com vaias vindas da torcida.

Em compensação, os presentes no Maracanã reagiram de forma positiva a bolas mais longas. Os gritos de reprovação se repetiram ao fim do primeiro tempo, mas logo foram abafados por aplausos e gritos de "Nense".

Os sucessivos erros de passe de Gabriel Pires fizeram a torcida comemorar quando os telões anunciaram a troca do camisa 22 por Alexsander. O jovem deu nova cara à partida e trouxe muito dinamismo no início da segunda etapa, mas o maior volume de jogo não se refletiu em múltiplas chances de gol.

Em meados da segunda etapa, já bem menos agressivo, o Fluminense ouviu a impaciência de sua torcida em mais uma ocasião. Marcão, por sua vez, demorou a chamar novas modificações. John Kennedy só entrou aos 32, assim como Renato Augusto; Martinelli e Ganso saíram.

Gabriel Pires em Fluminense x Vitória — Foto: Jorge Rodrigues/AGIF

Keno permaneceu em campo por quase 90 minutos, sem uma atuação que correspondesse à chance, e saiu vaiado para a entrada de Douglas Costa. Marcelo também deixou o gramado, dando lugar a Diogo Barbosa.

O grito de "a bênção, João de Deus", conhecido justamente por trazer fé e "abençoar" os momentos difíceis, simbolizou muito bem o que foi a reta final de jogo. Eis que, aos 44, um erro de John Kennedy deu início a uma jogada sensacional de Zé Hugo, que se livrou de quatro marcadores e deu para Janderson, que bateu cruzado para estufar as redes de Fábio. Gol do Vitória, um fim melancólico no Maracanã e novos gritos de "time sem vergonha".

O futebol não é feito de números, mas estes começam a assustar e levam a crer que a temporada do Fluminense será mesmo marcada por uma briga contra o rebaixamento. Dos times em situações similares após 12 rodadas, desde que o Brasileiro passou a ter 20 clubes, apenas o Ceará de 2018 se salvou.

Marcão em Fluminense x Vitória, pelo Brasileirão 2024 — Foto: Marcelo Gonçalves/FFC

A cada rodada e a cada erro, a torcida acumula um pouco mais de desespero. O calendário se impõe, e a janela para ajustes não é das mais extensas - antes do duelo importantíssimo contra o Grêmio, por exemplo, serão apenas dois dias de preparação. Talvez o maior desafio de Marcão seja esse: conciliar a tolerância zero para erros com uma verdadeira corrida contra o tempo. A pressão já está aí.

O Fluminense volta a campo neste domingo, às 16h, para encarar o Grêmio pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro. Com a derrota para o Vitória, o clube carioca segue na lanterna da tabela, com seis pontos em 36 possíveis.

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