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Por Edson Viana e Marcel Merguizo — Florianópolis, SC


Aos 21 anos, Luigi Cini vivia o melhor momento da carreira, tinha acabado de conquistar o vice-campeonato mundial e encaminhado a classificação para uma estreia olímpica em 2024. Mas um acidente fez Paris, de repente, parecer mais longe a sete meses dos Jogos Olímpicos.

Alison Paz e Luigi Cini se abraçam em Florianópolis — Foto: Marcel Merguizo

- No fim de novembro, o Luigi teve uma lesão nos principais ligamentos do joelho direito: colateral medial, cruzado posterior, uma lesão no menisco e uma fissura na tíbia, além de um edema ósseo bem importante na tíbia. Foi uma entorse que lesionou as principais estruturas do joelho. E o prognóstico médico é cirúrgico, para reconstituir os ligamentos, para estabilidade do joelho. Se fizesse a cirurgia, ele ficaria de um ano a um ano e dois meses parado. E estrategicamente a gente optou por não operar, porque se não ele ficaria fora das Olimpíadas - explica Alison Leff Paz, especialista em fisioterapia esportiva e osteopatia, que cuida de Luigi Cini.

O acidente aconteceu quando o skatista estava andando de wakeboard em Curitiba, onde mora. Desde então, Luigi se mudou para Florianópolis para ficar sob os cuidados do fisioterapeuta da seleção brasileira de skate. Foram dois meses com quatro horas de tratamento por dia para voltar a competir o quanto antes. E, hoje, ele está pronto para voltar. Até cogitou andar na etapa do STU na capital catarinense, disputada neste fim de semana. Mas além do tratamento conservador, a equipe multidisciplinar preferiu ser conservadora também sobre a volta às pistas.

- Foi a primeira vez que me machuquei sem ser andando de skate. Foi difícil de aceitar. Mas a gente que gosta de adrenalina está sujeito a isso. Logo depois já vim para Floripa. Eu sabia que precisava estar perto do Doc (Alison), ele é nosso guru nas viagens, não só pelo bem estar físico, mas se sentindo confiante, porque ele trabalha muito bem essa parte psicológica. Fiquei focado, dois meses sem perder um treino, uma academia, uma fisio. E deu tudo certo, batemos todas as metas. Estou me coçando para voltar - afirma Luigi Cini.

Pedro Barros e Zion Bethonico mostram as diferenças e semelhanças do skate e do snowboard

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- Ele vai voltar ao skate semana que vem. Os testes de força e funcionais deram muito positivo. Ele está muito melhor do que no ano passado. A idade ajuda, e ele é um cara muito saudável. Está tudo bem cicatrizado. Ele não fez nenhuma intervenção. Existe a previsão de ele voltar já para Dubai. Mas isso vai ser decidido estrategicamente - afirma Alison, que também tratou o surfista australiano Jack Robinson no ano passado, em situação muito similar, para não passar por cirurgia e perder as Olimpíadas.

A discussão atual é se Luigi já voltaria a competir em Dubai, nos Emirados Árabes, a partir de 25 de fevereiro. A etapa vale pontos na corrida olímpica (50 mil), mas menos do que as duas próximas, na China e na Hungria (210 mil cada).

- Ele está muito bem posicionado. Está tranquilo. Vamos conversar e ver se vale a pena ele competir em Dubai. Porque as outras duas são muito mais importantes para ele. Claro que todo mundo tem chances, mas ele, Pedro Barros e o Japinha estão bem posicionados no ranking rumo a Paris - diz o técnico da seleção, Edgar Vovô.

A medalha de prata conquistada por Luigi Cini no Mundial de Roma, na Itália, em outubro passado, consagrou um ano espetacular do skate park do Brasil em 2023. Em fevereiro, Augusto Akio, o Japinha, tinha conquistado a mesma prata, e Pedro Barros, o bronze, no Mundial válido pela temporada de 2022. Assim, o Brasil começa 2024 com três skatistas entre os seis melhores do ranking olímpico rumo a Paris: Japinha como 2º melhor do mundo, Luigi em 5º e Pedro, o 6º.

- Quero estar 100% para voltar. Em Dubai, quero ir para me sentir de volta às competições. Pode ser bom para treinar. Estou animado. Mas sei que na pontuação não é uma etapa tão forte - diz Luigi.

Em maio de 2023, Luigi já havia conquistado o título da etapa de San Juan, na Argentina, no circuito mundial de skate street e, assim, se credenciava à briga por uma medalha nos Jogos Olímpicos de 2024. Os 20 melhores do ranking mundial, com limite de três atletas por país, se classificam a Paris. Nas Olimpíadas de Tóquio, os representantes brasileiros foram Pedro Quintas, Luiz Francisco e Pedro Barros, que ficou com a prata.

- Estou me sentindo confiante. Eu já subi no skate, mas foi escondido... Para a Olimpíada de Paris, já vamos para cima - conclui Luigi.

Luigi Cini — Foto: Pablo Vaz/STU

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