Malu Gaspar
PUBLICIDADE
Malu Gaspar

Análises e informações exclusivas sobre política e economia

Informações da coluna
Por e

O ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates manterá o bônus previsto para a remuneração de dirigentes da companhia, mesmo tendo deixado a estatal por decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso graças a uma manobra que envolveu a antecipação do fim de seu mandato ao invés da renúncia ao cargo.

Prates deve garantir um bônus de cerca de R$ 600 mil pelos cinco meses de trabalho como dirigente da Petrobras em 2024. O bônus anual para o presidente é estimado em R$ 1,6 milhão.

Em tese, para seguir as regras da companhia e nomear a substituta, Magda Chambriard, sem que fosse necessária uma assembleia de acionistas para eleição de um novo Conselho de Administração, Prates precisava renunciar ao cargo de conselheiro.

Mas, se renunciasse ao cargo de presidente, ele perderia o bônus, porque o regramento interno da Petrobras prevê que nestes casos membros da alta gestão – incluindo o CEO, diretores executivos, gerentes executivos e gerentes gerais – perdem o direito ao prêmio.

Portanto, a solução foi Prates pedir ao colegiado o "encurtamento" de seu mandato e renunciar ao conselho.

O encerramento antecipado do mandato do agora ex-dirigente, que duraria até 2026, foi confirmado na última quarta-feira (15) pelo Conselho de Administração da Petrobras.

Um comunicado da estatal divulgado ao mercado ainda na noite de quarta-feira, quando revelamos em primeira mão a demissão de Prates, deixa claro que o pedido para que o conselho votasse o encerramento de seu mandato “de forma negociada” partiu do CEO demissionário.

A mesma nota afirma que “se e uma vez aprovado o encerramento indicado, ele [Prates] pretende posteriormente apresentar sua renúncia ao cargo de membro do Conselho de Administração”, abrindo caminho para a nova composição.

Procurada pela equipe do blog para esclarecer de que maneira se deu a negociação citada pelo ex-CEO, a assessoria de imprensa da Petrobras se limitou a responder que a antecipação do encerramento do mandato de seus presidentes e diretores é uma das atribuições do Conselho de Administração e está prevista na Lei das Sociedades Anônimas.

“Todo o procedimento adotado no caso está em linha com a legislação e com as normas da Companhia, que não impõem que o encerramento antecipado do mandato do presidente se dê somente por meio de uma renúncia. É importante ressaltar que a prática, observada no caso, já foi adotada em outras mudanças na presidência da companhia”, afirma a nota.

Prates, demitido por Lula em uma reunião na terça-feira da semana passada (14), relatou a aliados ter se sentido “humilhado” ao ser despedido na presença de seus maiores algozes no governo, os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil).

Em uma mensagem enviada a membros do alto escalão da empresa pouco após ser comunicado da demissão, Prates fez questão de destacar que sua missão à frente da empresa havia sido “precocemente abreviada na presença regozijada” de Silveira e Costa.

A decisão de encurtar o mandato do CEO da Petrobras nem sempre foi adotada no processo de transição na presidência, mesmo considerando a alta rotatividade de dirigentes da empresa na última década.

Jair Bolsonaro demitiu três presidentes da estatal – Roberto Castello Branco, Joaquim Silva e Luna e José Mauro Coelho –, mas o processo ocorreu por meio da permanência do executivo até a eleição do sucessor pelo Conselho de Administração ou por meio de renúncia.

A antecipação do mandato foi adotada mais recentemente pelo último CEO nomeado por Jair Bolsonaro, Caio Paes de Andrade. A pedido do executivo, a Petrobras votou a antecipação do fim de seu mandato dois dias após a posse de Lula alegando “motivos pessoais”.

Três dias depois, Paes de Andrade assumiu a Secretaria de Gestão e Governo Digital do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).

Mais recente Próxima Alexandre de Moraes deixa cassação de bolsonarista para ser julgada sob Cármen Lúcia no TSE
  翻译: