Portugal Giro
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Portugal visto de dentro por um jornalista carioca

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Gian Amato

Jornalista há mais de 20 anos, fez diversas coberturas internacionais por O Globo. Escreve de Portugal desde 2017.

Por Gian Amato

O Papa Francisco chega a Lisboa esta semana para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), de amanhã até domingo. Encontrará uma cidade cheia de peregrinos e polêmicas que marcaram a organização do maior evento internacional da Igreja Católica.

A JMJ deverá atrair 1,2 milhão de participantes. Mas o número que tem chamado atenção dos portugueses é o do custo do evento. A contrapartida governamental ainda não está fechada, mas o governo investirá € 36 milhões (R$ 188 milhões). Mesma quantia aproximada será gasta pela prefeitura. Mais de 75% dos contratos foram realizados sem concurso, segundo o “Expresso”.

Ao longo da semana, o prefeito Carlos Moedas precisou dar entrevistas para esclarecer o investimento. Somente a revitalização do Parque Tejo, onde está um dos altares, custou € 20 milhões (R$ 104 milhões). Apesar de dizer que será muito utilizado e ficará como legado para cidade, Moedas não detalhou quais eventos acontecerão no local pós-JMJ.

Foi nos degraus da escada que leva ao altar do Parque Tejo que o artista plástico Bordalo II fez o grande protesto contra a JMJ até agora. Sem ser impedido pela segurança, ele entrou vestido com um dos coletes dos funcionários e estendeu a obra “Tapete da Vergonha”, feita com reproduções de notas de € 500.

“Num estado laico, num momento em que muitas pessoas lutam para manter as suas casas, o seu trabalho e a sua dignidade, decide investir-se milhões do dinheiro público para patrocinar a tour da multinacional italiana. Habemus Pasta”, escreveu Bordalo II no Instagram.

Moedas rebateu o artista colocando um pequeno tapete de boas-vindas ao pé da escadaria.

Como mostrou o Portugal Giro, a visita do Papa, imóveis ʽpremiumʼ e procura elevada explodiram o preço dos aluguéis em Lisboa.

Ativistas e associações ligadas aos projetos de cuidados com os sem-teto de Lisboa acusam a prefeitura de fazer um tentativa de retirá-los da Avenida Almirante Reis. Mas a prefeitura diz que a operação foi uma medida de praxe para limpeza da rua.

As pessoas que vivem na rua, no entanto, dizem que receberam comunicado que deveriam sair até o fim do mês. Ativistas dizem que poderá haver nova operação hoje.

No fim de semana, a Almirante Reis virou palco de contestação. Cartazes com frases e desenhos foram afixados nas paredes dos prédios. Protestam contra a JMJ e pedem mais apoio para a habitação, o grande problema enfrentado pelo governo e prefeituras de Portugal.

Ao longo da Jornada estão previstas greves de funcionários de serviços básicos, como médicos. A categoria e o governo não entraram em consenso na última semana e uma paralisação a partir de hoje está programada.

Antes do evento começar, a aprovação da Lei da Eutanásia pelo Parlamento de Portugal recebeu crítica do pontífice, que também irá à Fátima e se encontrará com vítimas de abusos sexuais por religiosos.

Outro ponto que causou incômodo foi o lançamento de um selo comemorativo pelo Vaticano com arte que lembrava a propaganda da ditadura do Estado Novo. Foi retirado de circulação.

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