Portugal Giro
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Portugal visto de dentro por um jornalista carioca

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Gian Amato

Jornalista há mais de 20 anos, fez diversas coberturas internacionais por O Globo. Escreve de Portugal desde 2017.

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Um pacote de declarações polêmicas do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem roubado as atenções nos 50 anos da Revolução dos Cravos, comemorados neste 25 de Abril.

Quase ao fim do jantar oferecido por ele aos jornalistas da Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP), Sousa expôs o rompimento com o seu filho devido ao caso das gêmeas brasileiras, que fez com que passasse o último Natal sozinho. Um assunto que ele mesmo pediu para abordar.

Sob o risco de abrir uma crise institucional, Sousa chamou o anterior e o atual primeiro-ministro de lentos.

Sousa também defendeu que Portugal pague pelos crimes de escravidão e criticou a inépcia do governo na burocrática regularização de imigrantes, sendo a maioria brasileiros.

Durante o dia de ontem, a imprensa portuguesa foi atrás do presidente para esclarecer alguns pontos polêmicos, deixando em segundo plano o cinquentenário do 25 de Abril.

Leia as declarações:

Rompimento com o filho, Nuno Rebelo, devido ao caso das gêmeas brasileiras:

— Isso é imperdoável, porque ele sabe que eu tenho um cargo público e político, e pago por isso. Há coisas piores na vida. Não sei se ele vai ser responsabilizado, não me interessa. Essa é uma das vantagens de se cortar (romper). Ele tem 51 anos, se fosse o meu neto mais velho e preferido, com 20 anos, eu me sentiria corresponsável. Mas, com 51 anos, é maior e vacinado.

Quando soube que Nuno queria aproximá-lo de políticos brasileiros:

— Expliquei a um ex-presidente brasileiro, a presidentes de partidos, governadores que, se eu aceitasse que ele fosse, eles ficariam convencidos de que a melhor maneira de chegar até a mim era através do filho. E o filho ficaria convencido de que a melhor maneira de chegar até eles era através de mim. Veio pouco meses antes das gêmeas, o que mostrou o acerto da minha decisão (de rompimento).

Sobre Luís Montenegro, primeiro-ministro:

— Ele é uma pessoa que vem de um país profundo, urbano/rural, com comportamentos rurais. É muito curioso, difícil de entender, precisamente por causa disso. Agora, é completamente independente, não influenciável e improvisado.

Semelhança entre Montenegro e o ex-primeiro-ministro, António Costa:

António Costa era lento, por ser oriental (Goa). Montenegro não é oriental, mas é lento, tem o tempo do país rural, embora urbanizado. Me faz lembrar o antigo PSD (Partido Social Democrata), que era isso. O PS (Partido Socialista) era Lisboa, a grande Lisboa, as áreas metropolitanas, e o PSD era o resto do país, sobretudo o Norte e o Centro-Norte.

Pagar pelos crimes da escravidão:

— Temos que pagar os custos (pela escravidão). Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso.

— Eu acho uma coisa de outro mundo. Foi um dos aspectos negativos do governo anterior. Foi, de alguma forma, discriminação negativa, causada por inépcia política. Não se pensou na consequência que isso poderia ter. E que teve.

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