Renata Agostini
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Renata Agostini

Repórter especial em Brasília e colunista do GLOBO. Formada em jornalismo pela UFRJ, passou pelas redações de Folha, Estadão, CNN, Exame e Veja.

Por — Brasília

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GERADO EM: 01/07/2024 - 10:30

Indústria automotiva brasileira pede medidas contra carros chineses

Montadoras brasileiras pedem ao governo medidas para conter a entrada de carros chineses no país, alegando prejuízos e riscos aos investimentos locais. Anfavea solicita aumento do imposto de importação e cotas para veículos elétricos. A competição desleal e a queda nas exportações preocupam a indústria automotiva nacional.

As fabricantes de carros com operação no Brasil estão em campanha contra o que chamam de "afluência descontrolada" de carros chineses no país. Em ofício enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao qual o GLOBO teve acesso, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) diz que há um "avanço contumaz" das importações de carros. A China, argumenta a entidade, é a força motriz para o movimento, que coloca em risco investimentos de R$ 130 bilhões já anunciados pelas montadoras.

A carta faz parte de uma ofensiva das empresas para sensibilizar o governo federal a aplicar medidas para barrar os importados, mais especificamente os elétricos chineses, que hoje contam com vantagens tributárias.

Segundo a Anfavea, ainda que o mercado brasileiro de veículos leves tenha crescido nos primeiros cinco meses do ano, a enxurrada de importações vem minando a recuperação das fabricantes nacionais. Dados da associação apontam para a alta de mais de 500% nas importações, com os chineses representando 82% do volume total.

Diante disso, a entidade pede que o governo haja em duas frentes. De um lado, estabeleça o "aumento imediato" do imposto de importação para 35% para todos os veículos. De outro, defina uma cota de importação por empresa, no volume médio de 4.800 veículos por ano.

Pela política automotiva atual, o imposto de importação para carros elétricos sobe nesta segunda-feira para 18% e irá crescer gradualmente, chegando a 35% somente em 2026, quando esses veículos irão se igualar aos importados com motor à combustão. O objetivo da Anfavea, contudo, é que a alíquota máxima já possa estar em vigor neste mês.

As montadoras dizem que não se opunham à alta gradual, mas o cenário mudou. No ofício a Lula, a entidade lembra que, neste momento, Europa e Estados Unidos estão sobretaxando carros chineses. Diante disso, as montadoras asiáticas estão em busca de mercados para desaguar seu excesso de produção. Sem barreiras à entrada aqui, o Brasil se torna um dos alvos preferenciais, distorcendo a concorrência.

Além disso, enquanto os chineses inundam o mercado brasileiro, as exportações das fabricantes nacionais caíram significativamente.

O presidente da Anfavea, Márcio Lima Leite, negou que o pedido da Anfavea ao governo seja uma forma de compensar as montadoras por sua perda de competitividade lá fora. Segundo ele, ainda que as fabricantes tenham perdido participação em alguns países, os dados apontam para o encolhimento dos principais mercados compradores dos carros produzidos aqui, caso de Argentina, México e Chile.

Para Leite, o que está em jogo é a manutenção dos investimentos no Brasil.

– Não estamos diante de uma estratégia de marca ou de uma briga contra as chinesas. Todas as empresas que fabricam aqui possuem unidades na China. A nossa estratégia é de defesa da produção local – disse o executivo, que é vice-presidente da Stellantis, dona de marcas como Fiat, Jeep, Peugeot e Citroen.

Procuradas, as chinesas GWM e a BYD não quiseram comentar.

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