Sonar - A Escuta das Redes
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Um mergulho nas redes sociais para jogar luz sobre a política na internet.

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RESUMO

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GERADO EM: 27/06/2024 - 13:27

Críticas de parlamentares de esquerda à descriminalização da maconha

A decisão do STF de descriminalizar a maconha não recebeu apoio entre parlamentares de esquerda. A oposição dominou o debate, enquanto apenas um em cada seis se manifestou a favor. Partidos conservadores lideraram as críticas, com destaque para o PL de Bolsonaro. O PT e PSOL, mesmo historicamente favoráveis à causa, tiveram poucas manifestações.

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de descriminalizar o porte de maconha para o consumo pessoal não gerou grande entusiasmo nas redes sociais de parlamentares da esquerda, campo que historicamente defende o tema. Levantamento do GLOBO mostra que, entre os 141 deputados e senadores que compõem a bancada de PSOL, PT, Rede, PDT, PV, PSB e PCdoB no Congresso Nacional, apenas 24 se manifestaram — uma média aproximada de um a cada seis, portanto. Diante do silêncio majoritário deste grupo, a repercussão foi dominada pela oposição ao governo Lula, como mostra análise da consultoria Bites feita a pedido da reportagens.

O GLOBO analisou declarações públicas e postagens nos perfis dos parlamentares de esquerda feitas entre as 14h41 da última terça-feira, quando a Corte formou maioria pela descriminalização, e as 14h de quarta, dia em que ficou definido o limite de 40 gramas e seis pés da planta fêmea da maconha como limites para ser considerado usuário. Entre as 24 manifestações localizadas, todas vieram de integrantes da Câmara dos Deputados — onde, porém, cinco nomes que são pré-candidatos nas eleições municipais optaram por calar.

É o caso, por exemplo, dos postulantes à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB), que já defenderam a pauta em outras ocasiões, mas não se manifestaram sobre a decisão do STF. Em entrevista à Marie Claire, publicada em fevereiro de 2023, Tabata declarou sua posição a favor da descriminalização da maconha.

— Tratar um dependente químico como um criminoso é apenas mais uma forma de punir a população mais pobre e negra — disse a pessebista à época.

Boulos, por sua vez, defendeu em diversas ocasiões a descriminalização, mas tem preferido evitar temas considerados polêmicos. Aliados apontam que se trata de uma estratégia eleitoral afim de evitar a pecha de extremista.

Dentro do PSOL, entretanto, Boulos é minoria. Entre os 13 parlamentares que compõem a bancada, apenas três não se posicionaram. Além dele, a pré-candidata em Niterói, Talíria Petrone, também desponta como uma das poucas que não celebrou a decisão do STF.

"Legalização da maconha no Uruguai é um sucesso. De 2014 a 2018, o número de usuários permaneceu estável em 14,6%. A participação do tráfico ilegal no comércio nacional caiu de 58% para 11%. #LegalizeJá", escreveu Talíria no X (antigo Twitter) em 2019.

Já o relatório da consultoria Bites demonstra que a maior parte da repercussão entre parlamentares federais foi encabeçada por opositores do governo, que criticaram a decisão da Suprema Corte. No total, 285 posts foram feitos por deputados federais e governadores, sendo 74% deles, de 80 autores diferentes, em tom de reprovação.

A maior parte dos críticos (40) é do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. A deputada federal Júlia Zanatta (SC) chegou a publicar 12 posts sobre o tema em seu perfil. Além de integrantes da sigla, mesmo parlamentares de partidos que integram a base do governo e comandam ministérios também reagiram negativamente, a exemplo de representantes de Republicanos, União Brasil, PP, MDB e PSD.

— No tema em geral, houve um domínio da esquerda, apesar da direita ter se organizado para criticar o STF. Mas, entre os parlamentares, quem está falando são os deputados conservadores. Tem uma tentativa do governo de não se associar a essa pauta para deixar claro que não é uma decisão do governo, e sim do STF — avalia o pesquisador André Eller, da Bites.

PT mais calado que os demais

No PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, somente nove dos 75 deputados ou senadores se manifestaram sobre o tema. Mais uma vez, o silêncio coincidiu com planos políticos para as próximas eleições municipais. Mesmo após o partido ter anunciado apoio ao deputado e ex-prefeito Luciano Ducci (PSB) na disputa pela prefeitura de Curitiba, o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu, ainda vislumbra se viabilizar e tem feito pleitos internos frente à Executiva Nacional. Ele foi um dos que não se posicionou sobre a decisão do STF.

Publicamente, em março, Zeca criticou a PEC das Drogas que estava em tramitação no Senado Federal e deixou clara sua posição a favor da descriminalização e da estipulação da quantidade que diferencie o usuário do traficante. "Hoje, o usuário, com pequenas quantidades, quando pobre, negro ou algo parecido, vai preso e superlotamos penitenciárias, colocando jovens na universidade do crime", disse ele no X.

No Senado, os 16 representantes das siglas mais à esquerda ignoraram completamente o tema. Desses, apenas dois falaram sobre a descriminalização da maconha em outras ocasiões: Fabiano Contarato (PT-ES) e o líder do governo, Randolfe Rodrigues (sem partido).

— Temos que descriminalizar o usuário, mas sou contra o plantio, ainda que para uso pessoal. Sou contra medidas que signifiquem facilitar o acesso a substâncias que fazem mal à saúde. Defendo mais restrições, inclusive às drogas lícitas, como o álcool — disse Randolfe Rodrigues durante debate no Senado, em 2012.

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