Os presídios federais ostentavam a fama de serem à prova de fuga, rebeliões e entrada de celulares até a madrugada da última quarta-feira, quando dois presos da penitenciária federal de Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte, conseguiram escapar.
São eles Rogério da Silva Mendonça (36), o Querubin, condenado a 74 anos de prisão, e Deibson Cabral Nascimento (33), o Deisinho, que possui sentenças que somam mais de 81 anos. Os fugitivos continuam sendo procurados pela polícia nos arredores.
Em julho de 2023, a dupla participou de uma rebelião sangrenta em presídio de segurança máxima em Rio Branco. Houve roubo de armas e ferimentos de policiais penais, reféns e cinco mortes, sendo três delas decapitações. O motim levou os dois presos a serem transferidos para o presídio federal de Mossoró, criado com o objetivo de isolar líderes de facções criminosas do restante da massa carcerária. Rogério e Deibson Cabral Nascimento estavam em celas individuais antes da fuga.
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BURACO NA PAREDE
Em fotos feitas durante a perícia e distribuídas pelo Ministério da Justiça, em uma delas aparece um buraco na parede da cela (foto abaixo) por onde a dupla teria escapado na madrugada da última quarta-feira.
Os presos arrancaram uma parte metálica onde ficava a iluminária da cela. Dali, subiram até o teto da penitenciária. Lá eles acessaram uma espécie de shaft, uma abertura entre as paredes por onde passam tubulações de água e ventilação.
Os investigadores perceberam que algumas câmeras dos corredores não estavam funcionando e que algumas lâmpadas estavam apagadas. A ausência dos presos nas celas só foi identificada às 5h de quarta-feira, uma hora e meia depois de eles iniciarem a fuga.
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OBRA NO TERRAÇO
Os presos conseguiram acessar o terraço onde são realizados os banhos de sol e onde havia um canteiro de obras, cercado por um tapume. Operários que trabalhavam na obra durante o dia acessavam essa área e deixavam as ferramentas no local, entre elas um alicate, que os presos pegaram.
Em posse deste alicate, conseguiram cortar o alambrado da penitenciária e fugir. Imagens das câmeras de segurança mostram os dois escapando com o uniforme azul do presídio.
Segundo as investigações, nenhum veículo suspeito se aproximou nem foi registrado furto de carros no entorno, o que levou à conclusão de que os detentos ainda estejam empreendendo a fuga a pé e num raio de 15 quilômetros de distância do local da fuga.
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INVASÃO A SÍTIO
Na madrugada de quinta-feira, um sítio no Rancho da Caça, localizado a sete quilômetros do presídio, foi arrombado. Os invasores percorreram a distância a pé e pegaram no local pacotes de biscoito, roupas, tênis, melancia, queijo, pão de forma, margarina e fósforo.
Como a fuga do presídio e a invasão à casa aconteceram em um intervalo de poucas horas, as forças policiais acreditam que os eventos estão relacionados.
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PISTAS RECENTES E BUSCAS
Duas camisas, uma rede e rastros de sapatilhas semelhantes às usadas pelos internos no presídio federal, uma toalha e um lençol foram encontrados em uma área da Serra de Mossoró, a 11 quilômetros do presídio, na madrugada desta sexta. Os dois presos também foram vistos por moradores da região. Estas pistas ajudam a montar o percurso que Deibson e Rogério teriam feito após escaparem e supostamente invadirem o sítio.
Veja imagens das pistas deixadas pelos fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró
Ao todo, cerca de 300 homens realizam uma varredura na área, em um raio de 15 quilômetros a partir do presídio de Mossoró, com o auxílio de três helicópteros e drones com visão noturna e capazes de mapear pontos de calor, além de cães farejadores.