Foragidos desde o dia 14 de fevereiro de um presídio de segurança máxima de Mossoró (RN), Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça foram transferidos após estarem entre os principais participantes de uma rebelião em uma penitenciária do Acre que terminou com cinco mortos, três deles decapitados. O episódio aconteceu em julho de 2023 na prisão de segurança máxima Antônio Amaro Alves, em Rio Branco.
A dupla, juntamente com outros 12 detentos ligados ao Comando Vermelho, deu início ao motim violento, que durou mais de 24 horas. As vítimas eram também presidiários, membros de duas facções rivais, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Bonde dos 13, que atuam em conjunto no Acre.
— Eles tiveram participação na execução da rebelião. Já é muito claro que tiveram iniciativa de proa, seja no rendimento dos policiais penais e nas ações de tomada do presídio — disse ao GLOBO o promotor Ildon Máximo, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público do Acre.
A Polícia Civil ainda investiga as cinco mortes ocorridas durante a rebelião, e a possível participação da dupla nesses homicídios ainda está em aberto. Deibson Nascimento e Rogério Mendonça foram denunciados, nesta terça-feira, pelo MP local por participação e promoção da rebelião. Além dos cinco mortos, três policiais ficaram feridos no episódio.
De acordo com Ildon Máximo, os preparativos para a rebelião envolveram uma série de pequenas transgressões disciplinares cometidas pelos 14 homens. O que parecia corriqueiro no cotidiano prisional fazia parte, na verdade, de um plano para dar início a rebelião, segundo evidências coletadas pelos investigadores em mensagens de celulares. Ao longo de dias, os detentos foram enviados para o pavilhão 01 como punição. De lá, eles julgavam que seria mais fácil dar início ao motim.
Na avaliação do Ministério Público, a rebelião tinha como objetivo a fuga dos detentos e a criação de uma sensação de insegurança na sociedade, além da eliminação dos rivais.
— O que era essa fragilidade (do pavilhão) ainda está em investigação. Mas essa era a opinião deles em relação a essa localidade — diz Máximo, que destaca ainda a presença de rivais do grupo nessa área do presídio — Nesse pavilhão havia uma cela com membros dessas facções, um deles era uma das lideranças mais antigas. Eles tem um instante de dominação que permite que alcancem outros pavilhões e sejam violentos. Eles impõem aos rivais que se convertam (troquem de facção) ou morram.
Após a rebelião ter sido debelada, os 14 envolvidos, entre eles Deibson Nascimento e Rogério Mendonça, foram transferidos para outras penitenciárias. A dupla foi enviada para Mossoró ainda em setembro do ano passado. Em fevereiro de 2024, os dois escaparam do presídio de segurança máxima e ainda não foram localizados.