Do dia 14 de junho até esta segunda-feira, 74 municípios gaúchos reportaram à Defesa Civil do Rio Grande do Sul danos em virtude de alagamentos, inundações e deslizamentos de terra. Na última semana, fortes temporais com granizo atingiram o estado e destelharam casas, comércios e órgãos públicos.
Os prejuízos no estado somam R$ 12,4 bilhões, segundo balanço da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) divulgado na sexta-feira passada. O setor habitacional é apontado como o mais prejudicado, com R$ 4,7 bilhões em perdas. Ao todo, 101,4 mil casas foram danificadas e outras 9,3 mil totalmente destruídas pelas tempestades.
A agricultura, por sua vez, teve prejuízo calculado em R$ 4,2 bilhões. Este é o setor do segmento privado que teve maior perda até aqui, seguido pela agropecuária, com R$ 412 milhões, e pela indústria, com R$ 267,8 milhões.
Veja no mapa abaixo as cidades afetadas nos últimos dez dias:
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Tipo de ocorrências
- Arroio do Tigre: Uma tempestade de granizo atingiu 250 casas. Equipes da prefeitura estão mobilizadas na distribuição de lonas.
- Cachoeira do Sul: As chuvas deixaram 46 pessoas desabrigadas e 49 desalojadas.
- Cruzeiro do Sul: O transbordamento de arroios resultou no alagamento de casas e ruas. Cerca de 348 moradores ficaram desalojados.
- Dom Pedro de Alcântara: Ocorreu um movimento de massa que ocasionou o desmoronamento de uma comunidade religiosa, sem registro de feridos.
- Estrela: O transbordamento de arroios resultou no alagamento de casas e ruas. Cerca de 184 moradores ficaram desalojados e outros 104 desabrigados.
- Igrejinha: As chuvas deixaram 58 pessoas desabrigadas e 70 desalojadas.
- Lagoão: Uma tempestade de granizo atingiu 300 casas. Equipes da prefeitura estão mobilizadas na distribuição de lonas.
- Maquiné: O distrito de Barra do Ouro ficou ilhado, deixando cerca de 2 mil pessoas sem acesso a ERS-484 e ERS-239. Ao menos 20 moradores ficaram desabrigados.
- Montenegro: As chuvas deixaram 200 pessoas desabrigadas e 1.200 desalojadas.
- Nova Santa Rita: As chuvas deixaram 20 desalojados.
- Parobé: A cidade registrou alagamentos nos bairros XV de junho, Paraíso, Mariana e Loteamento São João (Santa Cristina do Pinhal). Cerca de 60 pessoas ficaram desabrigadas e outras 150 desalojadas.
- Rio Pardo: Com as chuvas, 11 pessoas precisam ser removidas de áreas de risco.
- Rolante: Os temporais causaram obstrução de vias e deslizamentos. Três pessoas ficaram desabrigadas.
- Santa Cruz: Foi registrada a queda de duas árvores, um deslizamento de terra e diversas inundações.
- Santa Tereza: Em virtude do grande acumulado de chuvas que atingiram o município, houve registro de elevação do nível do Rio Taquari, que alagou casas, praças e demais instalações na parte baixa da cidade. Cerca de 68 moradores ficaram desalojados.
- São Jerônimo: Foram registrados alagamentos e inundações no bairro Picada e Cidade Verde. Há 86 pessoas desabrigadas e 600 desalojadas.
- São Luiz Gonzaga: 400 pessoas ficaram desalojadas, uma ferida e cerca de 15 mil afetadas.
- Sapiranga: A prefeitura realizou o resgate de 17 pessoas desabrigadas para o ginásio de uma escola. Há o registro de outras 112 desalojadas.
- Sapucaia do Sul: A cidade teve pontos de alagamentos e enchente na região ribeirinha. Há 14 pessoas desabrigadas e 80 desalojadas.
- Segredo: A tempestade de granizo causou danos em 131 residências. Equipes da prefeitura foram mobilizadas na distribuição de lonas.
- Taquara: Além da obstrução de vias, há 24 pessoas desabrigadas e 50 desalojadas.
- Triunfo: Chuvas ocasionaram alagamento em diversas residências. Há 35 pessoas desabrigadas e 110 desalojadas.
- Três Coroas: Há oito pessoas desabrigadas e 120 desalojadas.
Os demais municípios afetados registraram chuvas intensas, alagamentos e inundações pontuais, e destelhamentos.
Elevação do Guaíba
As chuvas levaram ainda uma frente fria intensa ao Rio Grande do Sul, que deve durar toda a semana, e têm contribuído para a elevação do nível do Guaíba. Na última atualização da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), às 20h15, o lago estava em estágio de alerta com altura de 3,33 metros, 27 centímetros abaixo da cota de inundação.
O Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) aponta a manutenção dos níveis do Guaíba acima da cota de alerta, de 3,15 metros, nos próximos dias, com episódios de oscilação e possíveis elevações adicionais.
Os pesquisadores apontam que a redução para abaixo do nível de alerta deve ocorrer apenas ao final da semana, a depender dos ventos, chuvas previstas e volumes afluentes dos rios. Segundo o instituto, as previsões meteorológicas mais atualizadas indicam tempo chuvoso ao longo dos próximos dez dias.
— A elevação do nível do Guaíba é resultado da lentidão recente na descida das águas por conta dos volumes afluentes dos rios depois de chuvas volumosas na semana passada — explica Rodrigo Paiva, pesquisador do IPH.
O IPH recomenda atenção especial a população afetada, ações para a limpeza das áreas afetadas e restabelecimento o quanto antes das estruturas de proteção em precaução a alagamentos e inundações futuras.