Cultura
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Por — Rio de Janeiro

O ditado “casal que trabalha junto cresce junto” parece funcionar muito bem para a desenhista Bilquis Evely e o colorista Matheus Lopes. Morando juntos em São Paulo há quatro anos, eles produzem oficialmente em parceria desde 2018, quando fizeram “O universo de Sandman: o Sonhar”, quadrinho da americana DC Comics publicado no Brasil pela Panini.

Eles dizem que trabalhar juntos (sob o mesmo teto, mas em cômodos separados), não atrapalha. Até ajuda.

— Eu trabalho de forma bem independente — explica Matheus, ao telefone. — A Bilquis não dá muita sugestão, me deixa à vontade para criar. A gente conversa tipo “estou pensando em fazer assim, o que você acha?”, mas nada muito específico, pouca coisa.

Na mesma ligação, Bilquis complementa:

— Tenho ideias em mente para o projeto, mas acho que ele sempre vai fazer melhor do que eu, vai imaginar cores melhores. Então gosto apenas de ver o que ele vai criar. Da mesma forma que eu tenho a minha independência, ele tem a dele.

A consagração da parceria do casal veio em 2022, com “Supergirl: mulher do amanhã” (Panini), HQ escrita por Tom King, ilustrada por Bilquis e colorida por Matheus que foi indicada ao Prêmio Eisner de melhor minissérie e vai ser transformada em filme sob a tutela de James Gunn, com a atriz Milly Alcock (“A casa do dragão”) como protagonista.

O ofício do casal de brasileiros com um dos mais celebrados roteiristas americanos da atualidade rendeu tanto que o trio resolveu se reunir novamente em um novo quadrinho, que acaba de sair nos EUA, pela editora Dark Horse: “Helen of Wyndhorn”. Sucesso de crítica e com a primeira de suas seis edições esgotada em poucos dias, a série é, segundo King, uma mistura do romance “O morro dos ventos uivantes” (de Emily Brontë) com Conan, o Bárbaro. O gibi ainda não tem lançamento previsto no Brasil, mas os dois torcem pela publicação por aqui.

— Eu ainda estava terminando “Supergirl” quando ele (Tom King) deu a ideia de continuarmos juntos — lembra a ilustradora paulista, de Barueri. — E, como não sabia o que exatamente queria fazer em seguida, enviei a ele um monte de referências, de coisas que eu gosto, que imaginava ser legal desenhar. Daí ele veio com a ideia de “Helen of Wyndhorn”, que desenvolvemos em conjunto.

A ilustradora Bilquis Evely, de 33 anos, e o colorista Matheus Lopes, de 32 — Foto: Reproduções
A ilustradora Bilquis Evely, de 33 anos, e o colorista Matheus Lopes, de 32 — Foto: Reproduções

Protagonista ‘brontëana’

Mesmo que a trama da nova série não se passe no século XIX, mas pouco antes da Segunda Guerra Mundial, a HQ tem mesmo o clima do romance de Brontë. Apresenta uma protagonista forte e complexa, com problemas alcoolistas e uma família disfuncional, bem “brontëana”.

Helen é uma jovem que acaba de perder o pai, famoso escritor de histórias do tipo “espada e feitiçaria”. Para colocar a neta nos eixos, o avô incumbe sua governanta de educá-la, em Wyndhorn. A enorme propriedade da família, porém, esconde perigos e mistérios que parecem saídos dos livros do pai de Helen.

— Com as imagens que Bilquis enviou, ele (ainda Tom King) conseguiu criar uma história que conversa com ela e comigo também — completa Matheus, que é natural de João Neiva, no Espírito Santo.

— E ele estava lendo bastante Conan porque a primeira edição de “Supergirl” tinha muito a ver com o barbarismo do personagem — finaliza Bilquis.

Capa da HQ “Helen of Wyndhorn”, trabalho em parceria com o premiado roteirista americano Tom King — Foto: Reprodução
Capa da HQ “Helen of Wyndhorn”, trabalho em parceria com o premiado roteirista americano Tom King — Foto: Reprodução

Dez horas por dia

A desenhista diz que ilustrar o texto de King é bem diferente da experiência que foi a parceria com outro celebrado roteirista com quem ela trabalhou antes, na revista da Mulher-Maravilha.

— Greg Rucka tem um roteiro bem particular, muito interessante. Muitas das coisas que ele escrevia no roteiro não eram visíveis na história em si, mas serviam para me situar melhor. Fazia com que eu me sentisse mais próxima do personagem — lembra a ilustradora, de 33 anos. — Já o Tom King é um roteirista mais direto.

— Ele é menos descritivo — interrompe Matheus.

— Sim, ele foca mais no ritmo dos quadros, das páginas — diz ela.

Em termos de rotina, Bilquis revela que eles trabalham cerca de dez horas por dia na produção de quadrinhos, e que uma página leva pelo menos um dia e meio para ficar pronta. Enquanto seu trabalho é essencialmente no método tradicional, com lápis e, depois, pincel na arte-final, o de Matheus é exclusivamente digital.

Bilquis diz que costuma se dedicar somente a um projeto por vez, já Matheus consegue colorir até duas HQs. Além de “Helen of Wyndhorn”, ele atualmente também está envolvido com um quadrinho bastante celebrado, em parceria com outro brasileiro.

— Rafael Grampá foi o artista com quem eu mais troquei figurinha — conta Matheus, de 32 anos, sobre o colega gaúcho, que o chamou para colorir sua minissérie em quadrinhos “Batman: Gárgula de Gotham” (Panini). — Normalmente, no mercado americano, os artistas não se envolvem tanto no processo de criação das cores, no conceito visual. Mas o Rafael (que escreveu e ilustrou o gibi) tinha uma ideia bem específica. Fiz o que ele queria, mas Rafael acabou não gostando e fizemos uma coisa nova. E assim seguimos.

Perto do fim da árdua produção de “Batman: Gárgula de Gotham” e “Helen of Wyndhorn”, o casal prepara as malas para atravessar o Atlântico e participar da convenção de quadrinhos Comic Barcelona, no início de maio, como convidados. É uma viagem que deve exigir algumas horas a mais de trabalho, aqui no Brasil, antes de embarcar, para não atrasar a impressão dos dois quadrinhos nos EUA. Mesmo em cômodos separados, um deve ficar de olho no prazo do outro.

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