Cultura
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Por — Rio de Janeiro

A “reparação de uma grande injustiça” em relação a uma intelectual sofisticada, “que lia Foucault muito antes que a gente lesse”, e que foi buscar a conexão entre Portugal e Angola na formação da identidade brasileira. Essa é, em linhas gerais, a proposta de Julio Ludemir, diretor-fundador da Feira Literária das Periferias — Flup, para a 14ª edição do evento, que desta vez homenageia a historiadora, poeta e cineasta Beatriz Nascimento (1942-1995).

A Feira começa este sábado, ao meio-dia, no Circo Crescer e Viver, na Praça Onze, na região central do Rio, e tem como destaque, às 16h30, a mesa-redonda “A noite não adormece nos olhos das mulheres”, da qual participam a escritora Conceição Evaristo e a filósofa Helena Theodoro, com mediação da também escritora Bianca Santana.

— Junto com Abdias do Nascimento e Lélia Gonzalez, a Beatriz Nascimento compõe a tríade que gerou tudo isso que a gente entende hoje como o movimento negro no Brasil. E ela está minimamente representada nessa tríade. Na medida em que a gente foi homenageando a Lélia, o Abdias, Lima Barreto e Machado de Assis, havia uma cobrança pela hora em que a gente homenagearia a Beatriz. Chegou a hora — diz Julio Ludemir.

Sergipana, oitava filha de um casal que migrou para o bairro de Cordovil (Zona Norte do Rio) em 1949, Beatriz conseguiu, aos 28 anos, passar no vestibular para o curso de História da UFRJ. Segundo o diretor-fundador da Flup, acabou tendo um papel muito importante para o pensamento negro ao longo da década de 1970, em meio à ditadura.

— A Beatriz criou na UFF o primeiro coletivo de estudantes negros da história do país, que é o grupo de estudos André Rebouças, num momento em que as universidades eram absolutamente brancas. E, em 1977, desempenhou um papel fundamental para aquilo que a gente hoje entende como movimento negro que é a quinzena do negro na USP — diz. — Ela trouxe uma compreensão de quilombo para além daquilo que se entendia naquele momento da história e mostrou que ainda estavam presentes no país, como um estado de espírito, uma forma de organização.

Violência contra a mulher

Beatriz deixou uma obra que inclui poemas, ensaios (reunidos no livro póstumo “O negro visto por ele mesmo” ) e, o mais conhecido deles, o documentário de longa-metragem “Ôri” (1989), sobre a trajetória dos movimentos negros no Brasil entre 1977 e 1988, que ela escreveu e narrou e a socióloga Raquel Gerber dirigiu. Em 1995, quando cursava mestrado em Comunicação Social, a historiadora foi assassinada a tiros pelo companheiro de uma amiga que achava estar sendo Beatriz, com sua influência, a responsável pela separação do casal.

— Beatriz Nascimento é extremamente importante e inovadora no campo da historiografia, ela estava antecipando alguns assuntos que só se tornariam foco de estudos a partir dos anos 2000 — diz Thaís Alves Marinho, coordenadora do mestrado e doutorado em História da PUC e curadora da Flup em parceria com Ludemir. — O mais relevante na sua perspectiva é que ela tira o foco da colonização na construção do quilombo. A ideia dela não é a de congelar a imagem da resistência africana apenas como alguém que foge, mas que fica, luta, cria comunidade, reproduz um outro modo de viver e de ser além das imposições de fora. Então deixa de ser a escravidão, deixa de ser a colonização e passa a ser a resistência cultural africana.

Entre discussões sobre a obra de Beatriz Nascimento, a Flup promove o lançamento de livro com cem biografias, o “Dicionário biográfico: histórias entrelaçadas de mulheres afrodiaspóricas”, e a abertura das inscrições para a formação de escritoras e escritores “Yabás, mães rainhas”, que dará origem ao 31º livro lançado pela Feira. E, em agosto, será lançada a oitava edição do Laboratório de Narrativas Negras e Indígenas para Audiovisual — Lanani, parceria da Flup com a TV Globo que formou mais de 220 roteiristas nos últimos sete anos.

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