Galeria Flexa abre neste sábado no Leblon apostando no mercado secundário do Rio

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O espaço, no prédio onde funcionou a Lurixs Cantemporânea (que foi para número 175, do outro lado da Dias Ferreira), foi totalmente reformado, com projeto arquitetônico do escritório paulistano Vão (responsável pela expografia da 35ª Bienal de São Paulo, que fechou, pela primeira vez, o vão central do Pavilhão do Ibirapuera, projetado por Oscar Niemeyer) e identidade visual assinada pelo diretor criativo Giovanni Bianco.

A galeria se estabelece no Rio a partir de uma parceria com a paulistana Almeida & Dale, uma das referências do setor, com dois e seus cinco sócios, Antônio Almeida e Carlos Dale. Do Rio, entram na sociedade o produtor de cinema Pedro Buarque, que ocupa o cargo de diretor executivo; a crítica e pesquisadora Luisa Duarte, diretora artística do espaço e curadora da exposição “Rio: a medida da terra”; e a art advisor Maria Ferro, diretora comercial da casa. A Flexa ainda atuará em parceria com as galerias Cerrado, em Goiânia (GO) e Brasília (DF), e a Marco Zero, em Recife (PE), ambas associadas ao grupo Almeida & Dale.

Para os sócios, a Flexa pode atender a uma demanda do mercado secundário na cidade, que já teve espaços tradicionais do segmento, a exemplo da Petite Galerie e da Relevo, do marchand Jean Boghici (1928-2015), mas que, com o tempo, tornou-se mais focada no segmento primário (voltado às primeiras aquisições), com progressivo deslocamento do mercado de arte para São Paulo. Para Pedro Buarque — que é casado com Adriana Varejão e cujo pai, o advogado e colecionador Luiz Buarque de Hollanda (1939-1999), foi sócio de uma galeria nas décadas de 1970 e 1980 — crê que as experiências de cada sócio podem ser um dos diferenciais do espaço carioca.

— É um mercado que te possibilita uma abertura enorme, para trabalhar com muitos artistas, de épocas muito distintas. Isso é um privilégio absurdo — observa Buarque. — Cada um de nós tem uma relação própria com a arte, e desde o início a gente pensou nesse olhar curatorial, a partir de uma seleção muito forte, para trazer novas ideias aos colecionadores.

Para Luisa Duarte, que voltou de São Paulo, onde atuava como diretora artística da galeria Gomide & Co., a oportunidade de trabalhar com um acervo tão extenso um dos atrativos para se juntar ao empreendimento.

— É uma chance única para um curador estar numa galeria com um acervo que vai do século XIX aos nossos dias, podendo criar diálogos entre artistas acadêmicos, modernistas, passando por um capítulo fundamental da arte carioca, que é o neoconcretismo, até uma produção contemporânea — elenca a diretora artística. — A gente entra em cena para somar com as instituições cariocas e outros agentes do circuito, fortalecendo a vocação cultural da cidade.

A possibilidade de trabalhar outros mercados onde a Almeida & Dale está presente é outro ganho, na visão de Maria Ferro:

— Mais que uma questão de mercado, isso nos dá a possibilidade de acessar e descobrir novos artistas, ou chegar a outros colecionadores, dentro de uma descentralização que já é uma realidade no mercado brasileiro. Basta ver o sucesso da Rotas Brasileiras, a segunda feira da SP-Arte, que destaca produções além do eixo Rio-São Paulo.Sócio fundador da Almeida & Dale, Carlos Dale diz que a inauguração da Flexa consolida um plano antigo de ter uma maior presença no Rio:

— Sempre foi um objetivo nosso estar no mercado carioca com um espaço físico, ainda mais com parceiros que conhecem muito a cidade, as coleções locais, as instituições. Todos estão muito alinhados no nosso pensamento de apoiar instituições, espólios, fundações e projetos culturais.

Idealizadora e diretora da ArtRio, Brenda Valansi vê um grande potencial no mercado secundário carioca:

— O Rio é muito bom para vender e também para captar obras. Como foi e continua sendo lar de muitos artistas, você encontra obras que foram compradas quando alguns destes nomes ainda estavam em início de carreira, ou mesmo dadas ou trocadas por eles. Nas gerações seguintes, estes itens viram acervos familiares que chegam valorizados ao mercado.

Dono de uma das principais galerias do segmento na cidade, a Pinakotheke Cultural, com filiais em São Paulo e Fortaleza, Max Perlingeiro acredita que o setor se mantém atrativo pela segurança gerada aos clientes: