Ruth de Aquino
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Tudo sobre a política de nossa vida e não de Brasília

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Ruth de Aquino

Tudo sobre a política de nossa vida e não de Brasília. Cidadania, família, educação, amor, sexo, drogas, religião, envelhecimento, saúde, arte e viagens.

Por Ruth de Aquino

RESUMO

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GERADO EM: 20/06/2024 - 13:24

Polêmica: Arthur Lira inocentado

Arthur Lira, presidente da Câmara, enfrenta pressão da sociedade e acusações de ex-mulher por agressões e estupro. Apesar das denúncias, Lira foi inocentado e vive polêmica em torno de seu caráter e conduta.

Alagoano, o presidente da Câmara faz 55 anos semana que vem. Parece mais velho. Advogado, agropecuarista, empresário, seu partido é o Progressistas – o nome parece ironia, mas não é. Lira é um dos líderes do centrão e engavetou mais de 140 pedidos de impeachment de Bolsonaro. Esse aniversário o pega acuado. Foi obrigado, pela pressão pública, a adiar a votação de uma lei medieval contra o direito legal ao aborto. E enfrenta a volta de um pesadelo pessoal: os vídeos destruidores com acusações de sua ex-mulher.

Esses vídeos, entremeados com choros de Julyenne Lins, descrevem cenas pesadas. De estupro quando o casal já estava separado, em 2006. De socos, pontapés, hematomas. De ameaças, xingamentos e chantagens. Os vídeos vieram à tona por um rolo de Alexandre de Moraes, no espaço de um dia. O ministro do STF mandou as plataformas tirarem do ar as imagens de Julyenne com “discurso de ódio”, sob pena de multas altíssimas. Foi acusado de censura. E 24 horas depois, achou que não era nada disso e autorizou.

Eu ainda não tinha visto o vídeo. Fiquei chocada. Ou Julyenne é uma mentirosa compulsiva, uma atriz dramática de talento, ou esse processo contra Lira deveria ser reaberto. A sociedade brasileira já não admite esse grau de violência doméstica e abuso moral. A Justiça não pode ficar impassível diante de relatos como o de Julyenne – que repetem o drama de tantas mulheres, especialmente as casadas com poderosos.

O casal estava separado havia seis meses, em 2006, quando Lira explodiu de ciúmes, segundo depoimento oficial de Julyenne, porque ela tinha saído para um barzinho com uma pessoa.

“Quando abri a porta, ele já me deu um soco. Começou a me chutar. Você está procurando homem? Não quer homem? Tá vadia? Tá atrás de homem pra foder? Ele ficou por cima de mim. Eu esperneava. Ele fez o ato e não consegui me desvencilhar. Só escapei no momento em que ele foi se arrumar. Mas já estava muito machucada. Corri para a cozinha. Pedi à babá de meu filho para ligar pra minha mãe, mas ele continuou as agressões”.

O exame de corpo de delito no IML foi feito na manhã seguinte, na companhia da mãe e do irmão. Atestou hematomas na região lombar, glúteo, rosto, coxas, antebraços. “Médicos e alunos estavam ali. Fiquei muito envergonhada. Havia filhos de conhecidos em Alagoas acompanhando o exame. Muito constrangedor. Nenhuma mulher deveria passar por isso”.

Muitos anos depois, em 2015, Julyenne negou tudo. E as testemunhas originais também. Ela diz ter sido coagida por Lira a desmentir as agressões. O deputado federal e ex-marido a teria ameaçado de perder a guarda dos filhos e nunca mais vê-los. Seu advogado sumiu. No dia da audiência, um motorista de Lira a pegou, um advogado de Lira a representou e a cutucava toda vez que ela saía um pouco do script.

Lira foi inocentado de todas as acusações. E ganhou a guarda dos filhos. Julyenne perdeu tudo. “A Justiça de Alagoas é toda contra mim”, diz ela.

“Depois de negar o que vivi, fiquei destruída, entrei em depressão, porque ele acabou tirando os filhos de mim”. Julyenne entrou, em 2019, com medida protetiva contra Lira. “Eu tinha medo de andar na praia e um flanelinha me esfaquear. Tenho medo de dirigir carro. Se um cara me mata, ah foi um acidente de trânsito. Não tenho paz. Cheguei a pedir asilo político para sair do país”.

Digamos que tudo isso seja mentira, apesar dos laudos, das testemunhas e das deformações no abdome. Lira chama Julyenne de “vigarista profissional”. Foi absolvido pela Justiça. Não é mais réu. É um cidadão acima de qualquer suspeita. E como falar em “estupro”, se eles estavam casados havia dez anos?

Não é assim mesmo na vida real, senhoras e senhores?

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