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GERADO EM: 02/07/2024 - 00:00

Mercado reage com temor a eleições nos EUA e críticas de Lula ao BC

Dólar dispara devido a preocupações com eleições nos EUA, críticas de Lula ao BC e cenário fiscal. Mercado teme retorno de Trump e impacto no Brasil. Juros futuros também sobem, refletindo incertezas econômicas.

Depois de passar boa parte do dia estável, na segunda-feira, o dólar deu uma guinada na última hora das negociações e fechou com alta de 1,15%, a R$ 5,6527 — a maior cotação desde 11 de janeiro de 2022.

Mas, afinal de contas, o que está por trás da disparada do dólar, que não tem dado trégua nos últimos dias ao mercado financeiro ? O cenário internacional e as declarações recentes do presidente Lula sobre o Banco Central do Brasil e as contas públicas têm sido apontados como os prováveis culpados.

No entanto, os analistas ouvidos pelo GLOBO dizem que a culpa não é isoladamente de um ou outro personagem. Eles citam o cenário externo, com as eleições nos Estados Unidos e em países europeus no radar e a preocupação com o quadro fiscal brasileiro após declarações de Lula levantando dúvidas sobre ações de corte de gastos públicos como as principais razões.

Tensão eleitoral nos EUA

Presidente dos EUA, Joe Biden mostrou fragilidade em primeiro debate eleitoral contra Donald Trump — Foto: Reprodução
Presidente dos EUA, Joe Biden mostrou fragilidade em primeiro debate eleitoral contra Donald Trump — Foto: Reprodução

Depois do primeiro debate entre os candidatos americanos, na semana passada, o mercado passou a considerar mais provável a volta de Donald Trump à Casa Branca. A preocupação é que o republicano retome as políticas protecionistas e de gastos (com consequente aumento do déficit) de seu primeiro mandato.

— O receio é que, numa vitória de Trump, ele queira fechar o mercado americano, adotando novas tarifas no comércio com a China. Por isso, os Treasuries (Títulos do Tesouro americano) subiram hoje (segunda-feira), e o dólar também, em relação às moedas emergentes. E o Brasil, que tem fundamentos fracos, acaba sendo sacrificado — disse Bruno Komura, da Potenza Capital.

Cotação dólar no Brasil não para de subir — Foto: Editoria de Arte
Cotação dólar no Brasil não para de subir — Foto: Editoria de Arte

O rendimento dos títulos do Tesouro americano com vencimento em dez anos subiram oito pontos-base, para 4,48%, o que reflete a busca por investimentos seguros diante do aumento das incertezas.

Mesmo assim, o índice DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta de moedas, ficou estável, em 105,81 pontos. Segundo Komura, isso se explica pelo fortalecimento, nessa segunda-feira, tanto do iene japonês como do euro, o que ajudou a “maquiar o índice”. As moedas emergentes, porém, perderam frente ao dólar.

No mercado de câmbio brasileiro, o euro comercial teve alta de 1,43%, a R$ 6,07, em parte refletindo movimentações do mercado europeu após os resultados do primeiro turno das eleições parlamentares na França.

Lula fala; Haddad vê 'ruídos'

O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, reconhece a influência externa, mas avalia que boa parte da alta do dólar vem das declarações de Lula, que voltou a criticar ontem a gestão de Roberto Campos Neto à frente do BC:

— Eu estou há dois anos governando com o presidente do Banco Central indicado pelo Bolsonaro. Ou seja, não é correto isso. O correto é que o presidente entre e indique o presidente do BC. Se não der certo, ele tira. Como o Fernando Henrique tirou três — afirmou Lula em entrevista à rádio Princesa, da Bahia.

No fim do dia de ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atribuiu a alta do dólar a ruídos de comunicação, afirmando que a economia tem apresentado bons resultados:

— Atribuo a muitos ruídos. Precisa comunicar melhor os resultados econômicos que o país está atingindo. Por exemplo, tive hoje mais uma confirmação sobre a atividade econômica, e a arrecadação de junho fechou (em alta).

A lei que deu autonomia ao BC estabeleceu um mandato de quatro anos para o presidente da autoridade monetária, não coincidente com o do presidente da República. Roberto Campos Neto, indicado por Bolsonaro, sai em dezembro deste ano.

Quando critica o atual líder do BC, Lula alimenta no mercado a dúvida sobre se sua indicação para o lugar de Campos Neto terá como objetivo uma autoridade monetária disposta a tolerar mais inflação para baixar juros em favor do crescimento econômico.

Nessa segunda-feira, Lula ainda repetiu críticas à manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 10,5% ao ano, que classificou como "exagerada". Para o presidente, "a inflação está controlada".

Juros futuros em alta

Os juros futuros fecharam em forte alta nas pontas curta e média. Os contratos com vencimento em janeiro de 2025 subiram de 10,77% para 10,83%; os de janeiro de 2026 avançaram de 11,59% para 11,77%, e os de janeiro de 2027 fecharam em 12,06%, ante 11,97% no pregão anterior. Os juros futuros com vencimento em janeiro de 2029 subiram de 12,35% para 12,38%.

Gustavo Okuyama, gerente de portfólio da Porto Asset Management, explica que, antes, os operadores apostavam em juros curtos mais baixos e juros futuros mais longos, com o risco fiscal e a mudança de comando no BC no ano que vem. Agora, com um dólar e uma inflação mais altos do que o esperado, a pressão é sobre os juros no curto prazo.

— Se o real não voltar, teremos uma inflação maior nos próximos meses, o que é uma grande preocupação do mercado. Antes, essa desvalorização parecia mais um prêmio de risco que não iria muito longe, mas agora está virando uma possibilidade concreta — afirmou Okuyama.

No câmbio turismo, o dólar chegou a ser vendido a R$ 5,98 em papel-moeda e até a R$ 6,26 no cartão pré-pago em São Paulo. Já o euro em espécie atingiu R$ 6,43. Os valores já incluem o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

— Se a perspectiva fiscal não melhorar, o real tende a continuar se desvalorizando — disse Okuyama, para quem uma intervenção do BC no câmbio não seguraria a moeda, mas daria “funcionalidade ao mercado”.

Analistas de mercado reajustaram sua projeção para o câmbio ao fim do ano, de R$ 5,15 para R$ 5,20, enquanto a estimativa para a inflação passou de 3,98% para 4%, segundo a pesquisa semanal Focus, do BC.

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