O Palácio do Planalto adiou em uma semana o lançamento do Plano Safra da agricultura empresarial e agricultura familiar. Inicialmente prevista pra ocorrer nesta quarta-feira, a linha de crédito será lançada em 3 de julho, segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. A definição ocorreu após reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Teixeira e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, no Palácio do Planalto nesta terça-feira.
Carlos Fávaro explicou que o adiamento se deve à necessidade de serem feitos cálculos para evitar gastos acima do permitido. Ele ressaltou que o governo tem compromisso com a limitação dos gastos públicos, e isso inclui subsídios aos produtores rurais.
— Temos um compromisso muito rígido com presidente Lula em relação ao teto de gastos. Em função desse compromisso de termos uma equação equilibrada do Orçamento público e subvenções de taxas de juros e apoio ao seguro rural, é preciso um detalhamento mais profundo — disse o ministro da Agricultura.
Fávaro ressaltou que o governo prepara medidas para estimular o aumento da produção no país. Disse que o BNDES terá uma participação importante no Plano Safra e que falta apenas o detalhamento dos números.
— O atual plano safra vence no próximo domingo, dia 30 — observou.
Em nota, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) afirmou que o adiamento demonstra "desorganização e ineficiência do governo federal". Teixeira justifica o adiamento pela necessidade de se fazer uma cerimônia de grande porte.
-- Não dá para preparar uma entrega bonita de hoje para amanhã. Ganhamos uma semana para preparação do evento - disse o ministro na saída da reunião com Lula.
O ministro nega que o adiamento tenha ocorra por divergências com a equipe econômica em torno do tamanho do financiamento. O setor defende que seja de R$ 500 bilhões. Técnicos que participam das discussões afirmam que o Plano Safra agricultura familiar está totalmente fechado, enquanto o da agricultura empresarial ainda demanda alguns detalhes finais.
De acordo com integrantes do governo, estão sendo deslocadas diversas máquinas e equipamentos que estarão expostos em frente ao Palácio do Planalto para a solenidade e não haveria tempo logístico para o transporte até esta quarta-feira. Já o Ministério de Desenvolvimento Agrário tenta mobilizar pelo menos mil agricultores a estarem no Planalto para a cerimônia com Lula.
Uma ala do governo defendia que Lula fizesse o lançamento fora de Brasília, em uma área rural, para demonstrar proximidade com o setor que apresenta resistências ao petista. Auxiliares próximos de Lula, no entanto, rejeitaram a ideia e insistiram que o lançamento fosse no Palácio do Planalto, como já ocorreu no ano passado. Na época, aliados já criticaram a ideia de um lançamento voltado ao agronegócio e agricultura familiar ocorrer na sede do governo e não em uma zona rural.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) apontou que o atraso no lançamento deixará os produtores rurais descobertos durante a primeira semana de vigência do plano. "Todos os problemas que estiverem na proposta inicial ainda precisarão ser corrigidos, o que leva mais tempo ainda para a chegada do crédito real aos produtores. Uma sinalização preocupante do governo federal diante da crise enfrentada pelo setor", diz o texto.
"Entendemos que o momento é urgente e exige isonomia governamental para que possamos enfrentar os desafios de continuar contribuindo com grande parte do PIB brasileiro, da geração de emprego e renda, além do alimento de qualidade e sem inflação na mesa do brasileiro", conclui a nota.