Preso nos EUA por fazer cirurgias sem licença, brasileiro era chamado de 'médico' por funcionários, aponta investigação

Kiomy Quintiana, mulher de Adley da Silva, também é alvo da polícia; cirurgias custavam até R$ 124 mil

Por O Globo com agências internacionais


Suspeito de realizar cirurgias plásticas sem licença, brasileiro foi preso na Flórida em meados de junho Reprodução

RESUMO

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GERADO EM: 24/06/2024 - 18:21

Cirurgião brasileiro preso nos EUA

Brasileiro é preso nos EUA por realizar cirurgias plásticas sem licença, causando complicações em pacientes. Clínica era alvo de investigações desde 2022. Adley da Silva foi liberado após pagar fiança.

O pernambucano Adley da Silva, preso no estado americano da Flórida por suspeita de realizar cirurgias plásticas sem licença, era chamado pelos funcionários da clínica do qual era dono de "médico" na frente de clientes, segundo o Departamento de Saúde estadual. O brasileiro, na realidade, tem formação de "assistente médico", profissão que requer menor tempo de estudo e deve atuar sob a supervisão de um médico.

Por meio de nota, a defesa do brasileiro negou que ele fizesse pedidos como esses para os colegas de trabalho. "Adley nunca se passou por médico e nunca instruiu ou permitiu que sua equipe se referisse a ele como médico. Pelo contrário, Adley sempre deixa claro que é médico assistente", diz o texto, enviado ao canal de televisão CBS erm 2023, quando as primeiras informações sobre o caso começaram a aparecer.

O brasileiro e outras três pessoas, entre elas sua mulher, Kiomy Quintana, foram presas por envolvimento com um "spa médico" que realizava procedimentos cirúrgicos irregulares. Natural de Recife (PE), Adley da Silva, de 51 anos, fez cirurgias mesmo sem ter a licença médica devida, segundo apontam as investigações do Departamento de Polícia da cidade de Port St.Lucie, na última terça-feira.

Após cirurgias malsucedidas, clientes da empresa sofreram com complicações e infecções, segundo a polícia. Os procedimentos investigados foram feitos entre 2021 e 2022 e custaram entre R$ 36,9 mil e R$ 124 mil.

Detido no dia 14 de junho, Adley da Silva pagou a fiança na semana passada e já deixou a custódia policial, de acordo com o canal de televisão NBC.

Brasileiro Adley da Silva e a mulher, Kiomy Quintiana, foram presos na Flórida por realizarem cirurgias plásticas irregulares — Foto: Reprodução

Batizada de "Cosmetica Plastic Surgery and Anti-Aging", a clínica do brasileiro é alvo de investigações das autoridades locais desde 2022. Naquele ano, o Departamento de Saúde da Flórida suspendeu a licença do estabelecimento. Em 2023, o registro comercial da empresa foi cassado.

— Eles estavam fazendo procedimentos de lipoaspiração. Eles estavam aplicando injeções de gordura. Eles estavam fazendo "levantamento de bunda brasileiro". Eles estavam fazendo aumentos nos seios. Então, você pode imaginar as áreas do corpo que acabaram infeccionadas — disse Leo Niemczyk, chefe assistente da polícia local ao canal CBS.

Uma das investigadas, Kiomy Quintiana, é mulher do brasileiro. Assim como o marido, ela ajudava a tratar os pacientes, mesmo sem ter o preparao. Outros dois envolvidos são Diane Millan e Fermal Simpson, que também teriam participado de cirurgias malsucedidas.

Assistente médico, Adley da Silva diz ter em seu perfil no Linkedin um mestrado em "Ciência Médica" na Nova Southeastern University, na Flórida, feito entre 2009 e 2012. Além disso, ele tem graduação em Finanças e Marketing Internacionais na Universidade de Miami.

Brasileiro é preso na Flórida por fazer cirurgias sem licença — Foto: Reprodução

Para se tornar um assistente médico, as normas americanas requerem menor tempo do que é necessário para se formar em Medicina. Além disso, esses profissionais precisam trabalhar diretamente sob a supervisão de um médico. Já para realizar cirurgias como as feitas na clínica de Port St. Louie, a legislação da Flórida exige que os médicos tenham completado uma residência em cirurgia geral de 5 anos e uma em cirurgia plástica de 3 a 6 anos.

As investigações tiveram início após um médico associado ao consultório ter tomado conhecimento das cirurgias irregulares. Até o momento, quatro pacientes que sofreram com complicações cirúrgicas foram identificadas pelas autoridades americanas.

— Temos uma vítima com uma quantidade significativa de pele faltando em seu abdômen. Não há outra maneira de descrever isso, mas como resultado ocorreram infecções graves e malfeitas — disse Niemczyk.

Em nota enviada a CBS, a defesa de Adley da Silva negou ter atuado sem supervisão de um cirurgião plástico, além de afirmar que o profissional tem o treinamento necessário para realizar os procedimentos. "Adley nunca se passou por médico e nunca instruiu ou permitiu que sua equipe se referisse a ele como médico. Pelo contrário, Adley sempre deixa claro que é médico assistente", diz ainda a nota.

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