Marte é alvo de centenas de meteoritos a cada ano, cinco vezes mais do que se pensava

Planeta recebe muitos mais meteoritos do que se pensava porque está mais próximo do principal cinturão de asteroides do Sistema Solar

Por AFP — Paris, França


Novo atlas de Marte Abdullah Al Ateqi, Dimitra Atri e Dattaraj B. Dhuri, Centro de Ciência Espacial/NYUAD

RESUMO

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GERADO EM: 28/06/2024 - 07:59

Marte recebe mais meteoritos

Estudo revela que Marte recebe cinco vezes mais meteoritos do que se pensava, devido à sua proximidade com o cinturão de asteroides. Sismógrafo identifica entre 280 e 360 impactos anuais, criando crateras de pelo menos oito metros de diâmetro. Dados são essenciais para futuras missões ao planeta vermelho.

O planeta Marte recebe anualmente o impacto de centenas de meteoritos, cinco vezes mais do que se pensava até agora, de acordo com um estudo publicado na sexta-feira com base em registros sísmicos.

Até então, a frequência desses impactos era estimada com modelos que combinavam a observação de crateras de meteoritos na Lua com imagens da superfície de Marte obtidas por sondas em órbita. Esses modelos eram ajustados às características do planeta vermelho, que é muito maior que a Lua.

Marte recebe muitos mais meteoritos porque está mais próximo do principal cinturão de asteroides do Sistema Solar. Além disso, sua atmosfera é quase inexistente — cerca de cem vezes mais fina que a da Terra —, o que impede que atue como um escudo protetor para desintegrar alguns meteoritos.

"Parece mais eficaz ouvir os impactos do que tentar vê-los se quisermos entender com que frequência ocorrem", disse em comunicado o professor Gareth Collins, do Imperial College de Londres, coautor do estudo publicado na Nature Astronomy.

O estudo foi conduzido por uma equipe internacional, liderada por pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Zurique (ETH) e do Imperial College de Londres.

Os registros foram feitos com o sismógrafo SEIS (Experimento Sísmico para Estrutura Interna), um instrumento desenvolvido sob a supervisão da agência espacial francesa (CNES).

Uma sonda da NASA chamada InSight implantou o sismógrafo em novembro de 2018 em Elysium Planitia, uma vasta região plana de Marte, permitindo ouvir pela primeira vez o que acontece no planeta.

Ouvindo cada impacto

Inicialmente, o objetivo era medir a atividade interna de Marte e possíveis fenômenos sísmicos. Esses dados permitiram à equipe de pesquisa determinar que o planeta recebe anualmente o impacto de entre 280 e 360 meteoritos, criando crateras com pelo menos oito metros de diâmetro.

"Esta taxa é cinco vezes maior do que o número estimado a partir das imagens captadas apenas em órbita", explica Geraldine Zenhäusern, pesquisadora da ETH, em comunicado da instituição.

Identificar pequenas crateras de meteoritos a partir de uma sonda em órbita é ainda mais difícil em Marte devido às frequentes tempestades de areia.

"Novas crateras são discerníveis em terrenos planos e poeirentos, mas esse tipo de terreno cobre apenas metade do planeta", observa Zenhäusern. Portanto, a vantagem do sismógrafo era "poder ouvir cada impacto dentro do alcance da sonda".

A equipe científica identificou um tipo particular de ondas acústicas que se propagam na superfície de Marte quando um meteorito cai. O sismógrafo detecta os chamados Marsquake-VF (terremotos de alta frequência em Marte), que permitem estimar o diâmetro de uma cratera e sua distância da sonda.

Posteriormente, calcula-se o número de crateras criadas em um ano dentro de um raio determinado ao redor da sonda e extrapola-se essa cifra para a escala do planeta. "Este é o primeiro estudo desse tipo que determina, com dados sísmicos, a frequência dos impactos de meteoritos na superfície de Marte", destaca o professor da ETH Domenico Giardini.

Segundo ele, esses dados "devem ser considerados no planejamento de futuras missões a Marte".

Aproximadamente a cada mês, um meteorito atinge Marte e cria uma cratera de pelo menos 30 metros de diâmetro.

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