Laudo indica que porteiro morreu vítima de descarga elétrica vinda de poste em rua de Ipanema

Caso aconteceu há três meses. Leonardo Monsores tomou o choque e caiu na calçada. A 14ª DP (Leblon, onde o caso foi registrado, ainda apura apura a responsabilidade pelo crime

Por — Rio de Janeiro


Três meses depois, poste onde o porteiro Leonardo Monsores levou choque fatal ainda apresentava fios aparentes Carmélio Dias

RESUMO

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GERADO EM: 20/06/2024 - 07:00

Tragédia: Porteiro morre e concessionária é multada

Porteiro morre vítima de descarga elétrica em poste de rua de Ipanema. Laudo confirma a causa da morte. Concessionária responsável é notificada e multada. Família e amigos lamentam a tragédia.

O risco oferecido por cabos e fios soltos nos postes da cidade é real. Há três meses o porteiro Leonardo Monsores da Silva, de 46 anos, morreu num domingo de manhã após encostar em um poste de energia na rua Barão da Torre, em Ipanema, na Zona Sul, em frente ao prédio onde trabalhava. Embora a investigação ainda esteja em andamento, a Polícia Civil confirmou, ontem, que os laudos periciais indicam que a morte foi causada por descarga elétrica. A 14ª DP (Leblon) apura a responsabilidade do crime.

O GLOBO voltou à rua na tarde desta quarta-feira e constatou que o poste onde Leonardo tomou o choque, que pertence à concessionária Smart Luz — responsável pelo serviço de iluminação pública da cidade — ainda tinha fios visíveis em seu exterior, diferentemente de outros equipamentos semelhantes na mesma calçada. Embora a fiação parecesse estar isolada em suas junções, quem conhece a trágica história ocorrida no local não se atreve a encostar no suporte.

— Jamais. O que aconteceu foi muito triste, todos nós que conhecíamos o Leonardo ficamos muito abalados. Evito até passar perto do poste — diz o também porteiro Marcelo Gomes, de 37 anos.

Em nota, a Companhia Municipal de Energia e Iluminação (Rioluz), com quem a Smart Luz possui contrato de parceria público privada, informa que notificou a empresa ontem dando "prazo de 24 horas para corrigir as instalações do referido poste” sob pena "de multas contratuais no valor de R$ 20 milhões por dia”. À noite, uma equipe da Smart Luz esteve no local e, segundo a assessoria de imprensa da Rioluz, removeu os fios expostos.

Equipe da Smart Luz trabalha no poste, na rua Barão da Torre, onde o porteiro Leonardo Monsores encostou, levou um choque e morreu — Foto: Divulgação/Rioluz

À época, vizinhos contaram que Leonardo estava sentado na calçada, conversando, quando se apoiou no poste e caiu, batendo a cabeça do chão. Leonardo chegou a ser socorrido por uma médica que mora no prédio onde trabalhava, mas não resistiu.

A família de Leonardo, que mora no Espírito Santo, foi avisada da morte pelos vizinhos. Um amigo dele que também é porteiro no prédio, Ivo Monteiro, de 65 anos, contou que Leonardo trabalhava há mais de dez anos no local e amava o que fazia. Ele era conhecido pela simpatia e bom humor.

— Ele era muito querido. Não dá para acreditar que morreu dessa forma. Morreu devido a uma tragédia anunciada — afirmou Ivo, que relatou ter sofrido uma descarga elétrica ao encostar no poste no mês passado.

— Por ficar na entrada do prédio, o poste aparentemente não apresentava riscos. Por isso, era comum ver as pessoas se encostando nele. Eu mesmo tomei um choque mês passado ao encostar minha mão nele. Graças a Deus, nada grave aconteceu. No entanto, nada foi feito. A gente sabia que tinha algo errado com o poste porque ele ficava com a luz ligada de dia e de noite, sem parar — afirmou o amigo do porteiro.

Após o ocorrido, uma equipe técnica da Smart Luz esteve no local e informou ter localizado ligações clandestinas (gatos) no circuito de iluminação pública que alimenta o poste. A informação foi prestada pela Rioluz por meio de nota, na qual lamentava o falecimento e se solidarizava com a família do porteiro.

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