Eleições EUA
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Por — São Paulo

Faz -28°C na Universidade Simpson, em Indianola, cidade do subúrbio de Des Moines, capital de Iowa. Em seu derradeiro comício no estado rural do Meio-Oeste dos Estados Unidos, um dia antes de os republicanos inaugurarem oficialmente, nesta segunda-feira, a corrida para a Casa Branca, Donald Trump tem mensagem clara para quem decidiu passar parte do domingo gélido em sua companhia: “Se você quiser salvar a América do corrupto Joe Biden, compareça aos locais de votação na segunda-feira. Não fique em casa, mesmo que esteja muito, mas muito doente. Mesmo que você vote e morra depois, vale a pena votar em mim antes”.

A hipérbole do ex-presidente, recebida com gargalhadas por seus fãs, parece especialmente fora de lugar. Não pelo mau gosto de se diminuir o risco real de sair de casa em frio gélido que, na zona rural do estado, pode chegar a -40°C. Mas pelo tom teatralmente desesperado.

Trump venceu a votação, que começou às 19h (22h em Brasília) de segunda-feira, com 51% dos votos, confirmando resultado de pesquisa divulgada pouco antes, que indicava que ele obteria 52%. O governador da Flórida, Ron DeSantis, obteve 21,2% e a ex-embaixadora dos EUA nas Nações Unidas Nikki Haley, 19,1%.

Já antes do resultado, Astead W. Herndon, do New York Times, apontava que, quanto maior a diferença de Trump para os outros concorrentes, mais convincente seria a narrativa desejada pelo campo trumpista: a de que as primárias republicanas não passam de mais uma burocracia para sublinhar o inevitável. “Uma vitória muito larga em Iowa pode confirmar que o processo, este ano, será uma ‘coroação’ de Trump e não primárias de fato”, diz o jornalista que comanda um dos principais podcasts de política do diário mais influente do país.

Na segunda-feira, os candidatos enfrentaram o vento forte e a neve acumulada para assegurar o comparecimento de seus eleitores aos locais de voto, em escolas, igrejas e centros comunitários espalhados pelo estado. Trump conversou com chefes locais de campanha, que acompanharam os caucuses. Em 2016, ele perdeu a disputa local para o senador Ted Cruz, do Texas, e na época focou a campanha nos eleitores evangélicos. Dessa vez, a estrutura de sua campanha era maior e contava com pastores municiados de fatos como “nenhum presidente passou tantas iniciativas voltadas para a liberdade religiosa como Trump”.

Na segunda, o ex-presidente visitou um local de votação em Des Moines, e assessores disseram no local ao New York Times que a única dúvida que tinham era sobre o tamanho da vitória. As baixas temperaturas, temiam, poderiam fazer apoiadores, especialmente os mais velhos, ficar em casa. Daí o foco de Trump em motivar eleitores aos locais de votação.

Ser ungido por quase unanimidade e o mais cedo possível significa para Trump enfrentar com mais força eventuais condenações na Justiça. Ao menos nove processos judiciais contra o ex-presidente estarão em curso durante a campanha, a maioria com julgamentos já marcados. Alguns podem definir seu futuro nas eleições, um deles a análise da Suprema Corte dos EUA sobre sua inelegibilidade no Colorado por suposto envolvimento no ataque ao Capitólio, sede do Legislativo americano, em 6 de janeiro de 2021.

— Há a real possibilidade de Trump ser condenado ou preso durante a campanha, se alguns desses julgamentos cruciais não atrasarem. A briga pelo segundo lugar nas primárias é, assim, tão importante quanto a provável vitória de Trump — diz o cientista político Vincent Huntchings, da Universidade de Michigan.

Como lembrou ao GLOBO o presidente da consultoria Eurasia, o também cientista político Cliff Kupchan, não há lei específica, além da discussão sobre crime de insurreição, como se alega no Colorado, que impeça um candidato escolhido pela maioria dos delegados de seu partido de disputar a eleição geral, mesmo se condenado ou preso.

Ainda assim, em eleição que deve ser disputada voto a voto, 10% de potenciais eleitores republicanos em estados-chave que decidam ficar em casa em novembro por se recusar a votar em candidato devedor à Justiça já poderiam dar a reeleição a Biden. Terá enorme poder de fogo em uma eventual, ainda que improvável, retirada forçada de Trump, quem amealhar mais delegados após o favorito nas primárias.

Por isso a importância de quem sair de Iowa como principal alternativa a Trump. DeSantis, que é percebido como um “Trump sem carisma”, tem o apoio da popular governadora Kim Reynolds e apostou em pelo menos dividir o voto evangélico com o ex-presidente. Seu mote é a “volta do conservadorismo à Casa Branca, mas sem o caos e o drama do trumpismo”. Na segunda, fez corpo a corpo e deu entrevistas centrado em jogar por terra o risco de terminar o dia em terceiro lugar, o que estrategistas dizem que significaria o fim de sua pré-candidatura. No fim, o esforço de sua campanha, que incluiu, segundo a CNN, oferecer carona a eleitores ontem — ao contrário do Brasil, a prática não é ilegal no estado — lhe rendeu o segundo lugar.

— Seguiremos em frente, nossa candidatura é de longo prazo — disse à rede NBC mesmo antes dos resultados.

Haley, que busca passar imagem mais ao centro, na segunda atravessou o estado que tem o tamanho do Ceará com a população do Piauí. Em cada parada, enfatizava ser a única com vantagem significativa contra Biden nas pesquisas, com apelo aos independentes. A ex-governadora da Carolina do Sul tem apoio dos bilionários irmãos Koch, apelidados de “os donos do mundo”.

O Partido Democrata, com a candidatura à reeleição de Biden praticamente assegurada, não foi às urnas na segunda-feira em Iowa.

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