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Guerra às drogas no México deixa 39 mil corpos sem identificação em necrotérios

Durante 14 anos, quase 300 mil pessoas morreram por conta dos confrontos no país e outras 73 mil desapareceram
Guerra às drogas no México deixou deixou 38.891 corpos sem identificação e 73 mil desaparecidos (30-08-19) Foto: RODRIGO ARANGUA / AFP
Guerra às drogas no México deixou deixou 38.891 corpos sem identificação e 73 mil desaparecidos (30-08-19) Foto: RODRIGO ARANGUA / AFP

CIDADE DO MÉXICO — O uso das Forças Armadas com o objetivo de capturar chefes do narcotráfico no México, a chamada guerra às drogas, deixou 38.891 corpos sem identificação em necrotérios do país entre os anos de 2006 e 2019. O levantamento divulgado na terça-feira foi feito pela organização de jornalismo investigativo Quinto Elemento Lab, que aponta para uma crise forense no país, onde não há estrutura para lidar com a quantidade de corpos encaminhados para autópsias.

Além do número alarmante de pessoas enterradas em valas comuns sem perícias adequadas, a reportagem aponta que há o registro de corpos simplesmente deixados em funerárias e pelo menos 2.500 entregues para faculdades de medicina. Durante 14 anos, quase 300 mil pessoas morreram por conta dos confrontos no país e outras 73 mil desapareceram.

"A crise forense transformou o Estado mexicano em uma máquina de enterrar: 27.271 corpos não identificados foram do necrotério para valas comuns — 70% do total", destaca a reportagem.

O levantamento começou em 2006 por ser o ano em que o então presidente Felipe Calderón implantou oficialmente o uso das Forças Armadas no combate aos cartéis de drogas mexicanos. Naquele ano, o número de corpos não identificados em necrotérios era de 178. Em uma década, o número cresceu 1.000%.

Em 2019, o presidente Andrés Manuel López Obrador declarou 'o fim da guerra às drogas no país' ,  destacando que seu governo não ia dar prioridade ao uso das Forças Armadas para capturar grandes chefes do narcotráfico. Apesar do anúncio, críticos apontaram que López Obrador não tirou os soldados das ruas, como havia prometido na campanha eleitoral. Na época, a proposta da criação de uma guarda nacional, com soldados que assumiriam funções de polícia civil sob controle militar, também gerou críticas de oponentes, que viam no efetivo uma militarização permanente no país.

O presidente também anunciou em meados de 2019 que criaria um Mecanismo Extraordinário de Identificação Forense, com o objetivo de dar nome aos milhares de mortos. Um ano depois, porém, o projeto não foi implanto.

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