O diretor financeiro da Organização Trump e um dos executivos mais próximos do ex-presidente Donald Trump, Allen Weisselberg, se declarou culpado de 15 crimes nesta quinta-feira, admitindo que conspirou com a empresa do ex-presidente para evitar o pagamento de impostos — mas se recusou a implicar o próprio ex-presidente no esquema.
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Weisselberg é um dos processados pela Promotoria distrital de Manhattan numa investigação criminal sobre os negócios da família Trump. Ele foi acusado de participar de um esquema no qual funcionários eram compensados com vantagens e benefícios não declarados, para evitar o pagamento de impostos. Segundo a investigação, com o esquema o diretor financeiro evitou nos últimos 15 anos pagar impostos sobre US$ 1,76 milhão em rendas.
Hoje, o executivo compareceu a um tribunal de Nova York e se declarou culpado como parte de um acordo com a Promotoria.Seu testemunho pode inclinar a balança contra a Organização Trump em um outro julgamento, em outubro, relacionado às mesmas acusações.
— Sim, meritíssimo — disse Weisselberg repetidas vezes em resposta a perguntas detalhadas do juiz Juan Merchan, que questionou se ele e a Organização Trump cometeram a conduta criminosa correspondente a cada uma das 15 acusações.
Sob os termos do acordo judicial, espera-se que Weisselberg receba uma pena de cinco meses de prisão. Com o tempo creditado por bom comportamento, o executivo provavelmente cumprirá cerca de 100 dias. Weisselberg, que poderia pegar até 15 anos de prisão, também deve pagar quase US$ 2 milhões em impostos atrasados.
O acordo judicial fechado com os promotores, no entanto, não exige que Weisselberg coopere com a investigação criminal mais ampla que envolve Trump, e suas confissões não implicarão o ex-presidente. A disposição de aceitar a prisão em vez de comprometer Trump mostra o tamanho de sua lealdade a uma família que ele serviu por quase meio século.
Trump e sua empresa alegaram que as acusações feitas contra a organização e o executivo são resultados de uma investigação “tendenciosa” liderada inicialmente pelo ex-procurador distrital de Manhattan Cyrus Vance, e agora pelo promotor Alvin Bragg, ambos democratas.
Ao se recusar a cooperar contra o ex-presidente, Weisselberg rejeitou a intensa pressão dos dois promotores, que viam nele o delator ideal na investigação mais ampla focada em Trump e em suas práticas de negócios.
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O executivo começou a trabalhar com Trump no início dos anos 1970, como contador do pai do ex-presidente. Nas décadas seguintes, Weisselberg subiu na hierarquia da Organização Trump, desenvolvendo um conhecimento enciclopédico de suas finanças.
Trump enfrenta atualmente uma série de outras investigações, relacionadas a suas tentativas de tentar reverter os resultados da eleição de 2020 e seu manuseio de documentos confidenciais depois que deixou a Casa Branca. Na semana passada, agentes do FBI revistaram sua casa na Flórida, ação sem precedentes, em busca de documentos confidenciais que deveriam ter sido entregues pelo republicano ao Arquivo Nacional, que armazena o acervo de ex-presidentes americanos.
Além do processo criminal conduzido pela Promotoria de Manhattan, a Organização Trump também é alvo de uma investigação civil conduzida pela procuradora-geral do Estado de Nova York, a democrata Letitia James, que investiga se a empresa inflacionou de maneira fraudulenta o valor de seus hotéis, campos de golfe e outros ativos para obter empréstimos.