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O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump afirmou que partiu dele a decisão de contestar o resultado das eleições de 2020, em que houve uma série de tentativas de reverter sua derrota para o democrata Joe Biden, embora tenha ouvido assessores defenderem a tese da fraude.
— Ouvi pessoas diferentes e, quando juntei tudo, [percebi que] a eleição foi fraudada — disse Trump em uma entrevista exibida pela rede americana NBC no domingo. — Quanto a se acredito ou não que houve fraude? Claro. A decisão foi minha.
Atuação de Trump logo após a divulgação do resultado das eleições é o que motiva boa parte das ações judiciais que enfrenta atualmente na Justiça, colocando em risco sua nova candidatura à Presidência.
Em um dos casos, que corre em Washington, Trump é acusado de obstrução e fraude por tentar se manter no poder após a derrota eleitoral. Também é investigada sua participação nos atos de 6 de janeiro de 2021, que terminaram com a invasão do Capitólio por extremistas que contestavam o resultado eleitoral.
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Na Geórgia, os promotores apresentaram 13 acusações (no processo judicial americano, cada ação delitiva exige uma acusação à parte) contra o ex-presidente, incluindo falsificação e racketeering (organização criminosa) pelo mesmo motivo. No caso do estado do sul do país, Trump chegou a telefonar para um autoridade eleitoral republicana para pedir que "encontrasse" votos suficientes para mudar o resultado da eleição.
Na entrevista à TV americana, Trump disse ter ignorado advogados e outros conselheiros do Partido Republicano e da Casa Branca que opinaram que aceitasse a derrota. Apesar de ter ouvido outros que defenderam a mentira sobre a fraude, Trump reforçou que tomou suas próprias decisões.
— Você sabe quem eu escuto? Eu mesmo. Eu vi o que aconteceu — acrescentou Trump.
O ex-presidente também comentou sobre seu último chefe de Gabinete na Casa Branca e coacusado na Geórgia, Mark Meadows, afirmando esperar que ele ainda fosse “leal”. Especialistas jurídicos sugerem que os promotores podem pressionar alguns réus a se declarar culpados e se tornar testemunhas, destino apontado como possível para Meadows.
Críticas à proibição do aborto
Apoiado pela ala mais radicalizada do Partido Republicano, o ex-presidente criticou seu principal rival nas primárias do partido, o governador da Flórida Ron DeSantis, pela proibição do aborto antes de seis semanas de gestação, o que ele chamou de "coisa terrível".
Trump vem mostrando desconforto em lidar com o tema desde que lançou sua candidatura e após a revogação da decisão histórica do caso Roe v. Wade, de 1973, que permitia a realização do aborto em nível federal. A revogação foi impulsionada pelos indicados do ex-presidente à Suprema Corte.
Questionado se DeSantis foi longe demais ao assinar uma proibição, Trump respondeu que o rival cometeu "um erro terrível" e que, se eleito, sentaria "com ambos os lados" e negociaria um acordo.
— O que vai acontecer é que você terá um número de semanas ou meses — disse Trump. — Você vai chegar a um número que vai deixar as pessoas felizes. (Com New York Times)
