Zezé Motta fala sobre chegada dos 80 anos, família e representatividade

— São muitos anos, né (risos). Sinto que é um privilégio chegar aos 80 com saúde, com trabalho e com prestígio. Com a maturidade, a gente sofre menos. A idade traz sabedoria e a gente acerta mais. Tudo caminha para melhor. Eu me cuido, faço aulas de alongamento com personal trainer três vezes por semana. Se deixar para ir para a academia, fico com preguiça.

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Com mais de cinco décadas de carreira, ela avalia que chega aos 80 no auge do reconhecimento de seu trabalho e um sucesso no mercado publicitário. Atualmente, a atriz tem contrato com grandes marcas de variados segmentos.

— Posso contar nos dedos quantas campanhas me convidaram para estrelar na juventude. Foram duas ou três. Agora, depois de velhinha, estou super solicitada. Isso me deixa muito feliz.

Zezé lembra que não foi uma caminhada fácil chegar até esse patamar. Ela precisou lutar contra a discriminação racial e ajudou a abrir portas para toda uma nova geração de atrizes negras.

— Me emociono muito quando uma atriz da nova geração vem falar comigo que eu fui uma inspiração para ela. Quando eu entrei no movimento negro para lutar contra a discriminação racial, pensei: "Quero preparar um mundo melhor para os meus filhos e meus netos". Eu sei que vou partir em algum momento, mas quero deixar esse legado. Ainda temos muita luta pela frente, mas tivemos alguns avanços. Estou grata por estar viva e ainda fazendo parte dessa batalha.

Atualmente, ela está rodando o país com o show musical “Zezé canta Caetano”. Ela também prepara um show multimídia chamado “Zezé, 80”, assinado por Marcio Debellian, em que relembrará grandes sucessos que já cantou. As apresentações contarão com cenas de filmes emblemáticos estrelados por ela.

Como atriz, tem alguns trabalhos inéditos já rodados. Entre eles, a terceira temporada da série “Arcanjo Renegado”, do Globoplay; e o filme “Por um Fio”, baseado no livro homônimo de Drauzio Varella, em que ele narra sua rotina como oncologista.

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Com um currículo vasto, ela diz que ainda tem algo que gostaria de fazer:

— Há muitos anos, eu dirigi uma peça de um grupo amador. E lembro que foi uma experiência muito prazerosa. Eu tenho vontade de voltar a dirigir. Mas, caso isso venha a acontecer, acho que vou dar uma estudada, aprimorar os meus conhecimentos.

Mãe de quatro filhos, Zezé conta que nenhum deles seguiu diretamente a carreira de ator, mas estão envolvidos com a arte:

— A Luciana, a mais velha, chegou a estudar teatro, mas enveredou pela gastronomia. A Carla também estudou teatro, mas foi para a produção artística. A Cintia é bailarina de dança afro. E o Robson chegou a trabalhar como ator, mas hoje trabalha em um departamento do Retiro dos Artistas.