Nacionalizada, a eleição pela prefeitura de São Paulo é palco de uma disputa por protagonismo na inauguração de obras na periferia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumpre duas agendas neste sábado na capital paulista, acompanhado do pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL) e sem a presença do prefeito Ricardo Nunes, que tentará a reeleição ao cargo.
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Pela tarde, Lula e Boulos devem anunciar a ampliação da linha 5-Lilás do Metrô partindo do Jardim Ângela. A mesma ampliação, contudo, teve o contrato assinado pelo prefeito Ricardo Nunes e pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na semana passada. A obra conta com verba do governo do estado com verbas do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), do governo federal.
Boulos criticou o atual prefeito por uma agenda de inauguração, no Jardim Ângela, que repete a pauta de Lula deste sábado:
— É muito fácil fazer caridade com o chapéu alheio. Inaugurar placa com o dinheiro dos outros, é isso que o Ricardo Nunes e o Tarcísio estão fazendo, pois quem está dando recurso é o governo federal. — disse Boulos durante conversa com jornalistas, após participar de um evento com o presidente na Zona Leste da capital.
Pela manhã, Lula inaugurou as pedras fundamentais de dois novos campi do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em Cidade Tiradentes e Itaquera, respectivamente. Boulos discursou, mas evitou citar Nunes e Tarcísio.
No entanto, na conversa com jornalistas, comentou a ausência do prefeito na agenda, creditando sua ausência ao medo de ser atacado por bolsonaristas.
— O atual prefeito se tornou refém do Bolsonaro, é triste ver isso. Ele tem medo de aparecer num evento do governo federal e ser atacado pelos bolsonaristas — disse.
Ricardo Nunes anunciou o ex-coronel da PM Ricardo Mello Araújo (PL) como seu vice na chapa à reeleição. O ex-comandante da Rota é uma indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro e, a príncipio, não agradava Nunes, que preferiria um nome mais de centro. No entanto, pressionado pela aproximação entre o ex-presidente e o coach Pablo Marçal, também pré-candidato em São Paulo, o prefeito acatou a indicação do ex-presidente e fez o anúncio na semana passada.
No dia do anúncio, Boulos já cutucou Nunes em postagem na rede X (antigo Twitter): "A escolha do Coronel Mello Araújo para vice de Ricardo Nunes deixa claro que é Jair Bolsonaro quem vai mandar na cidade caso o prefeito seja reeleito. O nome do policial foi enfiado goela abaixo de Nunes e seus aliados e é assim que vai ser nos próximos quatro anos se deixarmos São Paulo se transformar numa filial da milícia", escreveu o psolista.
A escolha de Araújo como vice foi marcada por resistências por parte do próprio prefeito e de partidos da base aliada, que disputavam com o PL a prerrogativa de sugerir alguém para o posto. Dentro do próprio PL, havia outros nomes cotados, como as vereadoras Sonaira Fernandes e Rute Costa, além da delegada Raquel Gallinatti, mas ao fim prevaleceu a vontade de Bolsonaro.
O desejo do prefeito era aguardar até julho para definir a questão, mas foi pressionado a acelerar o processo após a entrada do coach Pablo Marçal (PRTB) na disputa eleitoral. Isso porque, até então, Nunes figurava como principal pré-candidato do campo da direita, mas a chegada de Marçal ameaçou dividir esse eleitorado.