Barra
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Por — Rio de Janeiro

O quintal de casa é um bom lugar para receber a família e os amigos em torno de uma mesa farta. E pode ser também um espaço para receber clientes, principalmente se a residência fica num lugar em que o verde das árvores e o canto dos pássaros são parte do cenário, como acontece nas Vargens. Aos poucos, donos de imóveis com essas características na região decidiram abrir as portas do lugar onde moram ao público e criaram um circuito onde o ambiente acolhedor e intimista harmoniza com o cardápio. Além de casas já tradicionais no polo gastronômico local, outras abertas recentemente fazem parte do roteiro.

O mais novo da turma

Inaugurado em janeiro, numa área de 700 metros quadrados que abrigou o Maison VG por dez anos, na Estrada do Sacarrão 867, em Vargem Grande, o italiano Cinque Terre é um dos mais novos points do grupo. Pratos como risoto de camarão com alho-poró, uma especialidade, risoto de filé-mignon ao funghi e o fettuccine ao molho de gorgonzola podem ser degustados de uma varanda com vista para as montanhas do bairro. Uma área verde com redes e lareiras compõe a parte externa do restaurante, que divide espaço com uma pousada. Donos do negócio, a administradora Caroline Rodrigues e o bombeiro militar Marcello Teixeira são um casal e moram numa casa integrada ao bistrô, que serve refeições sob reserva aos sábados e domingos.

— As pessoas ficam muito à vontade, porque é um lugar bem acolhedor. É um ambiente de paz e muita tranquilidade, e há até quem não goste que ligue a música num volume alto, para poder curtir o silêncio e o som da natureza. Aqui tem muitos tucanos, e é possível vê-los da varanda. Ouvimos muito que o espaço nem parece ser no Rio de Janeiro — conta Caroline. — Temos um conceito bem intimista, com um salão interno com 24 lugares e decoração composta por móveis antigos e cristaleiras. Dá um aspecto de estar na sala de uma fazenda. Traz a sensação de estar em casa.

A varanda do Cinque Terre tem vista para as montanhas de Vargem Grande — Foto: Divulgação
A varanda do Cinque Terre tem vista para as montanhas de Vargem Grande — Foto: Divulgação

Antes moradores de um apartamento no Recreio, o casal, que está junto há 14 anos, se mudou para Vargem Grande em busca de um espaço mais amplo e tranquilo, conta a empresária.

— Sou de família muito grande e sempre quis ter um lugar maior para receber pessoas, como se fosse uma pousada. Conseguimos essa casa grande e acabamos agregando um bistrô para servir refeições. É tudo no mesmo espaço, mas as suítes têm entradas independentes — destaca. — Eu trabalhei no mundo corporativo por muito tempo e, ao longo dos últimos anos, resolvi empreender. Não sou chef, apenas amante da gastronomia. Amo cozinhar e comer bem. Costumo me envolver totalmente na cozinha no preparo das refeições. O que fazemos aqui é o que fazíamos no nosso apartamento para família e amigos.

Em Petrópolis sem deixar o Rio

Instalado em um terreno de cerca de dez mil metros quadrados, o restaurante e pousada Don Pascual, também na Estrada do Sacarrão 867, em Vargem Grande, torna possível saborear pizzas, massas caseiras, frutos do mar e carnes como chouriço, ancho, cordeiro e costela em meio à vegetação da Mata Atlântica e contemplando animais como micos, tucanos, bichos-preguiça e pássaros diversos. Um quintal, um jardim com fogo de chão e um lounge com lareira ao ar livre se somam ao salão principal como opções de ambientes para café da manhã, almoço e jantar.

— O Don Pascual é uma casa que tem no centro o restaurante e, ao redor, as suítes. É uma construção bem típica do sul do Uruguai dentro do Maciço da Pedra Branca. Todo o entorno é de vegetação e montanhas. É um lugar que possibilita relaxamento e integração à natureza. A presença de animais silvestres traz uma sensação de paz, e as pessoas costumam dizer que parecem estar em Petrópolis ou em Itaipava. É uma opção para fugir do meio urbano sem sair da cidade — ressalta a paranaense Sandra Milani, dona do negócio ao lado do marido, o uruguaio Claudio Kovachy. — Agora, no inverno, temos fondue. Imagina sentar a uma mesa, imerso na floresta, com lareira e num clima bem acolhedor...

O terreno do Don Pascual é cercado por vegetação e presença de animais silvestres, como pássaros e tucanos — Foto: Divulgação/Alê Queiroz
O terreno do Don Pascual é cercado por vegetação e presença de animais silvestres, como pássaros e tucanos — Foto: Divulgação/Alê Queiroz

Prestes a completar 20 anos, o negócio surgiu em agosto de 2004, com o casal instalando um forno a lenha na cozinha de casa para vender pizzas no formato delivery. Depois, a pedidos de amigos, eles começaram a receber um público pequeno na sala da residência. Com o sucesso, precisaram construir outro imóvel no terreno para morar, e a casa original ficou dedicada exclusivamente ao restaurante e à pousada, dando origem ao Don Pascual.

— Em 1998, morávamos na Barra e viemos almoçar em Vargem Grande. Tinha uma imobiliária perto e resolvemos dar uma olhada em casas por aqui, com a intenção de sair de um apartamento para um imóvel maior. Chegamos à propriedade onde hoje é o Don Pascual e fomos recebidos por um uruguaio, compatriota do meu marido, e resolvemos comprar o imóvel — relata Sandra. — A ideia de criar o restaurante foi do Claudio, que herdou da família esse costume de receber pessoas.

Minha casa, sua casa

No Gugut Restaurante, na Estrada do Rio Morto 541, em Vargem Pequena, além do salão fechado e climatizado, estão à disposição do público uma varanda em formato de L e um caramanchão coberto com telhado de sapê em meio a um extenso gramado, ao lado de um parquinho para crianças com brinquedos de madeira rústica, como escorregas e gangorras. O terreno de cerca de 1.500 metros quadrados abriga ainda árvores frutíferas, como pés de amora, pitanga e acerola. O cenário é um convite para experimentar a costela de boi no bafo, que fica 18 horas assando no forno, à baixa temperatura, carro-chefe da casa, além do leitão a pururuca.

— O restaurante foi criado em 1997 pelo meu pai, Augusto Bomfim, que o batizou com seu apelido de infância, Gugut. Ele é do Espírito Santo e conheceu minha mãe, Isabel Bomfim, que é portuguesa, aqui no Rio. Eu e mais dois irmãos nascemos e, em 1984, ele voltou com a família para sua terra natal, onde comprou um barco de pesca e um trailer na beira da praia. Com 18 anos, minha irmã veio fazer faculdade no Rio, casou e teve a primeira filha, em 1994. Ele, então, apaixonado pela primeira neta, não queria ficar longe dela e, três anos depois, alugou essa casa próximo à residência da minha irmã. Como a vida inteira trabalhou no setor, já veio com a ideia de abrir um restaurante e montou o Gugut — conta Felipe Bomfim, filho que assumiu o negócio após a morte do pai.

Gugut: restaurante tem área com brinquedos de madeira rústica — Foto: Divulgação
Gugut: restaurante tem área com brinquedos de madeira rústica — Foto: Divulgação

Felipe ainda vive com a mãe na casa que abriga o restaurante, uma construção de cerca de 400 metros quadrados de área.

— Esse salão em que recebemos os clientes tem uma porta que dá acesso aos nossos quartos, porque moramos na mesma construção. Não é numa casa ao lado. Usamos a mesma sala, mesma cozinha, mesma copa... — revela. — É um espaço rústico, em que chamam a atenção as obras do meu pai, que também era artista plástico. Além dos quadros que ele pintou ao longo da vida, a decoração tem como destaque o telhado em estilo colonial com a estrutura de madeira exposta.

Vontade de passar o dia todo

Situada no número 919 da Estrada Macuíba, em Vargem Grande, a Casa da Feijoada 1910 serve o prato que lhe dá nome todo domingo, do meio-dia às 17h, em um terreno de 2.300 quadrados, cercado de pés de banana e mamão e plantações de aipim. Uma iniciativa de três amigas, Márcia Guhle, Érika Vieira e Martha Appelt, o negócio abriu as portas em um imóvel do século XX, construído pelo produtor rural Nico Vieira, avô de Érika. A antiga lavanderia virou cozinha, e as empreendedoras construíram alpendres com vista para a natureza do entorno.

— Temos varandas com mesas de madeiras fixas no chão. Na dos fundos dá para ouvir o barulhinho das águas que descem de uma cachoeira de Vargem Grande. A vista conta ainda com muitas árvores floridas. No meio do terreno, temos um caramanchão com o telhado coberto por tumbérgias roxas, que caem ao chão. Dentro desse espaço, temos o fogão a lenha, que também é um grande atrativo, e redes para descanso no gramado. Temos tapetinhos de crochê no banheiro e almofadas coloridas pelo quintal. As pessoas vêm de longe e ficam o dia inteiro. Muitas relatam o despertar de uma memória afetiva. Dizem que o espaço lembra a infância e a casa da avó — diz Márcia.

Casa da Feijoada 1910: o restaurante ocupa um imóvel arborizado construído no século XX — Foto: Divulgação
Casa da Feijoada 1910: o restaurante ocupa um imóvel arborizado construído no século XX — Foto: Divulgação

Separada em panelas de barro e com várias opções de guarnições, a feijoada da casa é um sucesso, garante a sócia.

— Nossa feijoada é feita no fogão a lenha mesmo, de um dia para o outro, e o cheiro vai longe. Temos todas as carnes, como costelinha, lombo, bacon, linguiça calabresa, carne seca, linguiça paio e mocotó. Como acompanhamento, temos arroz, espaguete, couve e farofa crocante. Ainda temos as sobremesas, como doces de banana, de mamão, de abóbora, de laranja da terra, manjar, cuscuz e pudim de pão, que servimos a partir das 15h — conta.

Ingredientes colhidos no pé

A chef Carla Carvalho deu início à sua jornada na gastronomia produzindo bufê para festas, na cozinha da casa onde mora com os pais e o marido, num terreno de 600 metros quadrados na Estrada do Picuí 645, em Vargem Grande. Com o desenvolvimento do negócio, construiu uma cozinha industrial exclusiva para o serviço na área externa. Na pandemia, o mercado de eventos foi afetado e ela precisou de uma alternativa para sobreviver. Resolveu, então, em 2022, abrir as portas da propriedade e receber o público em seu quintal. Nascia o Ecco Gastronomia, em meio a pés de tangerina, limão, jaca e cacau. No menu, a culinária contemporânea, com um mix diverso de opções, incluindo o arroz de camarão com limão-siciliano entre os destaques e, claro, comidas de festa.

Ecco: casinha para as crianças e chuveirão para os dias quentes — Foto: Divulgação
Ecco: casinha para as crianças e chuveirão para os dias quentes — Foto: Divulgação

— O Ecco é no quintal da minha casa mesmo. Eu moro nos fundos do restaurante, numa terra que minha mãe herdou dos meus avós. Quando resolvi abrir o quintal para receber pessoas, família e amigos me doaram as mesas e as cadeiras. No início, eram apenas 60 lugares. Hoje, são 120. E fomos melhorando o espaço. Anexei ao restaurante um bar que fica no mesmo terreno e já foi administrado por vários parentes meus — conta Carla. — É um ambiente bem acolhedor, com redes, chuveirão e casinhas de madeiras para as crianças brincarem. Temos muita vegetação, e uso muitos dos frutos do quintal como ingredientes para o restaurante, como o limão e a tangerina. Também temos uma pegada sustentável. Toda nossa decoração é de material reaproveitado, como parede toda de eucalipto reciclado de uma obra.

Todos os citados nesta reportagem farão parte do Circuito de Gastronomia e Artes (o Ciga Vargens), que será realizado nos dias 6, 7, 13 e 14 de julho.

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