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GERADO EM: 21/06/2024 - 08:29

Violência e extorsão na Ilha do Governador: medidas de segurança necessárias.

Ilha do Governador enfrenta extorsão de motoristas de app por traficantes, causando medo na população. Unidade socioeducativa tem atividades cerceadas devido à violência na região. Operação policial prende suspeitos. Medidas são propostas para garantir segurança e retomar controle territorial do estado.

A Ilha do Governador, localizada na Zona Norte do Rio, tem pouco mais de 200 mil habitantes e uma área territorial que corresponde a cerca de 3% do tamanho da capital. Com 14 bairros, ela também é uma das principais portas de entrada da cidade, pois abriga o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro - Galeão (GIG) e é cercada pela Baía de Guanabara. Apesar disso, é a representação do cenário de insegurança que assola todo o estado. Depois da denúncia de que motoristas de aplicativos sofreram extorsão de traficantes para rodar nos bairros, incluindo relatos de sequestro, muitos passaram a evitar a região. Além disso, funcionários de centro socioeducativo do Rio deixaram de levar internos a consultas por medo de criminosos. Um adolescente até fugiu após receber ajuda em frente à clínica de saúde.

Nesta quinta-feira, a Polícia Civil fez uma operação e prendeu três suspeitos de praticar extorsão na região: Anderson dos Santos Barbosa, Leonardo Alves do Santos, o Valoroso, e Leonardo Rodrigues Pereira, o Dogão. Segundo as investigações, os traficantes do Dendê, do Terceiro Comando Puro (TCP), principal facção da Ilha, cobravam o pagamento de taxas de motoristas de aplicativo que trabalhassem na região. Quem era de fora pagava R$ 150, enquanto os moradores pagavam R$ 100. Aqueles que se recusavam eram ameaçados e poderiam ter até o veículo danificado. A Polícia Civil afirma que isso dá à quadrilha uma faceta de narcomilícia, já que a ação se assemelha a praticada pelas milícias da Zona Oeste e Baixada.

Os primeiros relatos desses crimes chegaram ao conhecimento da 37ªDP em março, quando motoristas registraram ocorrência na distrital. Em 17 de abril, um primeiro suspeito foi preso: Alessandro Villani. Ele ganhava R$ 550 por semana para administrar um grupo de WhatsApp que reunia as vítimas. À polícia, ele revelou que controlava o pagamento das extorsões pelo aplicativo de mensagem, que também servia como um “certificado” às vítimas, que o usavam como prova dos “pedágios”.

A polícia estima que aos menos 300 motoristas faziam parte do grupo, o que rendia, por mês, cerca de R$ 180 mil à facção. Além disso, algumas vítimas usavam um adesivo no para-brisa que indicava o pagamento da extorsão. O selo circular, de cera de 10cm, tem o desenho de uma ilha — até com a representação de um coqueiro — e um número.

Uma comerciante com loja próxima ao Dendê conta que o rapaz que a oferece serviço de motoboy paga até R$ 80 por semana aos traficantes.

— Ele nunca pensou em não pagar, tem medo do que pode acontecer com ele. Sempre que é abordado pela rua, ele abre o grupo do WhatsApp para mostrar que sabe das cobranças e que está em dia. É muito triste um trabalhador viver assim.

Funcionários deixam de levar adolescentes a consultas por medo de criminosos

O clima de cerceamento chegou até em instituições do próprio Estado, mais especificamente no Cense Dom Bosco, unidade socioeducativa localizada próxima ao Morro do Barbante, o único que pertence ao Comando Vermelho. Em comunicado enviado à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), no dia 13 de junho, a direção da unidade informou que "nenhum agente de segurança socioeducativo aceita realizar a missão de atividade externa consistente em levar qualquer adolescente para atendimento médico". A justificativa é de que a clínica que recebe os jovens está localizada em uma área amplamente conflagrada, o que oferece risco aos funcionários e adolescentes. No mês passado, um dos internos conseguiu fugir após receber apoio de um homem na saída do posto de saúde.

Segundo o documento, os agentes saíam de uma consulta de rotina com um adolescente quando notaram a presença de um homem apoiado "quase na porta da viatura". Quando o funcionário foi abrir a porta, o homem disse ao adolescente: "Chegou a liberdade, menor". O adolescente conseguiu dar um "solavanco" com a algema e fugir para a comunidade do Barbante, deslocando o pulso de um funcionário durante a fuga. A clínica da família fica a 900 metros da unidade do Cense, um trajeto que leva cerca de 2 minutos de carro.

No dia seguinte à fuga, os funcionários se preparavam para levar outro adolescente ao posto de saúde para realizar um exame de sangue quando ouviram tiros na região. Para evitar riscos, decidiram cancelar a saída, sem saber que a data seria marcada por confrontos após uma operação da Polícia Militar. No documento enviado à SMS, a direção do Dom Bosco questiona se o grupo estaria vivo caso tivessem saído naquela manhã.

"Não podemos ser negligentes em colocar tanto os socioeducandos quanto os agentes envolvidos nessa atividade em risco de suas próprias vidas", diz um trecho do documento.

Mapa da Ilha — Foto: Editoria de Arte
Mapa da Ilha — Foto: Editoria de Arte

Além do risco de balas perdidas, a briga entre facções no Rio é uma preocupação constante para a equipe do Cense. Segundo um funcionário ouvido pelo GLOBO, há adolescentes de várias organizações criminosas cumprindo medida no Dom Bosco, e todos frequentam a mesma unidade de saúde. Ele acredita que essas saídas colocam em risco a integridade dos agentes e dos internos.

— Precisamos levar um interno do Terceiro Comando para uma unidade de saúde em uma área dominada pelo Comando Vermelho, o que é um risco para todos. Ninguém quer fazer esse trabalho — explica ele.

Como solução para o problema, o documento assinado pela direção da unidade pede que os atendimentos sejam transferidos para outra clínica de saúde ou que os profissionais façam o atendimento no próprio Dom Bosco. Por nota, o Departamento Geral de Ações Socioeducativas afirmou que o caso vem sendo tratado junto ao Ministério Público “visando a adoção de medidas legais e providências junto ao Poder Judiciário”. Eles também disseram que o atendimento está sendo realizado dentro das unidades socioeducativas.

Em entrevista ao RJ1 sobre a operação desta quinta-feira, o secretário Marcus Amim afirmou ser um compromisso do Governo do Estado retomar o controle territorial das áreas dominadas pelo crime organizado no Rio:

"O controle territorial e o monopólio do exercício da violência é privativo do estado. Quem manda no estado do Rio de janeiro é a população fluminense. Quem ousar desafiar o estado nesse sentido vai receber a reprimenda do estado. A garantia que vamos dar é de que continuaremos trabalhando na Ilha do Governador e em outras regiões ligadas ao tráfico de drogas ou a grupo paramilitar. Quem tentar exercer influência ou dominar territórios receberá uma ação veemente do estado por parte da polícia do estado e da polícia militar", afirmou.

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