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GERADO EM: 23/06/2024 - 04:30

Brigadistas voluntários combatem incêndios florestais

Voluntários brigadistas do Rio combatem incêndios florestais com amor à natureza e animais. Trabalho essencial, porém pouco reconhecido, enfrentando perigos e exaustão para salvar o meio ambiente.

Se no Rio Grande do Sul voluntários fizeram a diferença para resgatar pessoas e animais nos incêndios florestais Brasil afora, eles são imprescindíveis para salvar a natureza. São os heróis do fogo anônimos, quase nunca reconhecidos, mas sempre presentes nas horas mais difíceis, seja na Amazônia, no Pantanal ou nas montanhas da Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro, como no incêndio que devastou mais de 300 hectares do Parque Nacional do Itatiaia (PNI), na semana passada.

No Estado do Rio, os voluntários enfrentam o fogo em encostas íngremes e acidentadas. A fumaça reduz a visibilidade a quase zero e o ar fica praticamente irrespirável. Para combater o fogo, é preciso evitar despencar de abismos, cair em buracos escondidos sob o mato e percorrer um terreno coberto por pedras de todo tamanho. Um sobe e desce cheio de perigos, carregando mais de 30 quilos de equipamentos de proteção, bombas d’água, abafadores, sopradores, enxadas e roçadeiras.

As chamas na superfície, quando há folhas e gramíneas, podem chegar a temperaturas entre 500°C e 800°C.

— Precisamos abrir o caminho até as áreas que queimam. E precisa ser rápido porque o vento na montanha leva as labaredas velozmente e, em instantes, podemos ser cercados pelas chamas. É um trabalho extenuante e arriscado. Mas sempre compensa — diz Diego Miranda.

Voluntários do fogo

Voluntários do fogo

Miranda já foi militar, brigadista do ICMBio, e hoje integra o corpo de guardas-parques do Parque Estadual da Pedra Selada. É também um dos fundadores da brigada voluntária Esquadrão Guará do Fogo, que combateu o incêndio no PNI desde as primeiras horas.

— Sem os voluntários, que muitas vezes chegam primeiro, que conhecem a região e encaram as áreas mais duras, não é possível controlar incêndios. Em áreas florestais, os bombeiros só atuam em ocasiões especiais ou quando há residências em risco. Mas os voluntários não têm o mérito reconhecido — enfatiza Miranda.

À exaustão

O amor à natureza, a compaixão pelos animais e o receio de perder áreas naturais une os brigadistas voluntários. A ecóloga especialista em impacto do fogo Erika Berenguer, pesquisadora das universidades de Oxford e Lancaster, ambas no Reino Unido, destaca que sem voluntários não é possível combater incêndios florestais no Brasil. Berenguer é uma das realizadoras do documentário “Heróis do Fogo”, que retrata a luta dos brigadistas profissionais e voluntários na Amazônia. Carioca, ela frisa que no Brasil os brigadistas são a força mais presente e menos reconhecida.

— Eles são os heróis do fogo. Em muitos casos, fazem a maior parte do trabalho ou atuam sozinhos, se arriscam, dão tudo de si, vão à exaustão. Estão para a salvação de campos, florestas e pantanais como os voluntários do Rio Grande do Sul para os flagelados pela água. O país deve muito a eles, cujo trabalho raramente é reconhecido. Só se mostram as forças oficiais, mas muito do trabalho é feito por gente que não ganha nada por isso, nem agradecimento nem amparo do poder público — destaca Berenguer.

Veterinária e montanhista, Muriel Cintra concorda. Com treinamento de brigadista voluntária no ICMBio, Cintra combateu o fogo no PNI.

— Quem está na linha de frente são os brigadistas. Conhecemos a região, mas entrar num incêndio é chegar ao inferno. Atuamos em equipe, com segurança e temos treinamento, que é fundamental — afirma Cintra.

Mesmo sendo mulher, ela não se intimida com o peso do equipamento e as montanhas onde “até para descer tem que subir primeiro”.

— A gente não ganha nada, nem parabéns. Mas fazemos por amor. O desespero dos bichos no fogo me corta o coração. Estou toda roxa do combate, mas faz parte — diz ela.

Levy Cardoso, um dos fundadores dos Anjos da Montanha, um dos grupos que correram para ajudar o PNI, salienta a importância do preparo técnico e físico. Criado em 2005, o grupo começou com oito pessoas, hoje tem dez vezes mais.

— Não podemos ser problema, e sim, solução — frisa Cardoso.

Falta de equipamento

Engenheiro florestal , Tiago Fonseca tem participado do combate a incêndios florestais nas últimas duas décadas, tanto como voluntário quanto como profissional.

— Todo incêndio deixa uma cicatriz no coração. As áreas queimadas da Mata Atlântica não se recuperam bem, nascentes são afetadas. Por isso, ajudamos — diz ele.

Exaustão faz parte de quem se sacrifica para salvar o patrimônio natural de todos. Ainda assim, brigadistas experientes, como Miranda e Cardoso, são unânimes em dizer que não falta gente interessada em se voluntariar, mas há carência de treinamento e de acesso a equipamentos de combate e proteção.

O Guará e os Anjos têm equipamentos de proteção e combate próprios, mas aquém das necessidades. E muitos brigadistas voluntários atuam com equipamentos emprestados e nem sempre em bom estado.

Tudo o que um brigadista não quer ver é o chamado “black”, a área queimada, cheia de corpos de animais calcinados, passarinhos mortos tentando defender o ninho, bichos indefesos que não puderam escapar. Por isso, estão sempre alertas.

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