A Prefeitura do Rio afastou os funcionários da creche Espaço de Desenvolvimento Infantil René Biscaia, em Cosmos, na Zona Oeste, devido à suspeita de eles terem dopado um menino autista, de 2 anos. Segundo a Secretaria municipal de Educação, as professoras que estavam na sala de aula no dia em que um remédio controlado teria sido dado à criança foram destituídas e uma sindicância instaurada.
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Ainda em nota, o órgão afirmou que "há uma investigação da Polícia Civil em curso com o apoio da Secretaria para avançar nas apurações". Procurada, a corporação informou que as diligências estão "em andamento na 36ª DP (Santa Cruz)". Segundo a nota, "os agentes estão ouvindo testemunhas e requisitaram imagens de câmeras do local".
Nesta quarta-feira, a mãe da criança compareceu a uma reunião com o Secretário Municipal de Educação do Rio, Renan Ferreirinha, para mais esclarecimentos sobre o caso.
— Ele explicou para gente sobre a sindicância, disse que já estava correndo da maneira que tem que ser feita e que as partes já começaram a ser ouvidas. Que não havia afastado antes os profissionais, porque de fato ele não tinha tudo que fosse necessário. Decidido por eles que de início pelo menos as duas profissionais que tiveram um contato direto com meu filho até o momento em que peguei ele — disse ao GLOBO.
Entenda o caso
Os pais da criança procuraram a polícia para registrar que, no dia 16 de junho, perceberam que o menino estava prostrado, sem conseguir andar normalmente ou segurar a mamadeira. O caso foi revelado pelo RJ2, da TV Globo, na última segunda-feira.
A mãe relatou que o filho estava com um cansaço incomum e sem coordenação motora. Preocupados, os pais levaram a criança para a emergência do Hospital municipal Rocha Faria, em Campo Grande. O menino, afirma o casal, chegou a ficar desacordado durante o trajeto até a unidade de saúde.
A criança foi submetida a uma lavagem estomacal e recebeu medicação. Segundo a família, o médico sugeriu que eles procurassem a polícia porque os exames indicavam que ele teria sido dopado. No boletim médico, a situação foi classificada como intoxicação aguda.
A família registrou a ocorrência na 35ª DP (Campo Grande). A delegacia assumiu a investigação num primeiro momento, e depois ela foi repassada para a 36ª DP. No entanto, de acordo com os pais da criança, a Polícia Civil não pediu nenhum exame.
O delegado Edezio de Castro Ramos Junior, titular da 35ª DP, disse ao RJTV2 que os investigadores apuram se a criança foi dopada e a intenção da pessoa ao ministrar o remédio.
"Se for constatado que ele foi dopado, é uma situação bastante grave. Mas não podemos, de maneira açodada, falar qualquer coisa para não atrapalhar as investigações. Queremos entender o que aconteceu com a criança. É preciso saber a intenção da pessoa em ministrar a medicação e se teve a ministração", informou.
Exame em clínica particular
Os pais procuraram uma clínica particular, onde foi solicitada uma análise laboratorial que constatou 0,18 miligramas de Zolpidem no organismo do menino. O medicamento, de uso controlado, é um agente hipnótico indicado no tratamento da insônia de curta duração. Na segunda, os pais foram à 10ª Coordenadoria Regional de Educação para solicitar uma recolocação do menino em outra unidade.
De acordo com a CBN, o menino foi transferido de escola e começa nesta quarta-feira numa nova unidade. A mãe da criança conversou com o veículo e passou mais detalhes.
"Hoje é o primeiro dia dele na nova creche e eu vou acompanhar ele e não vou deixar ele lá, vou ficar com ele, entendeu? Até a gente pegar confiança de novo e ele também se sentir bem para ficar. Eu vou ficar com ele, estou indo levar ele agora para a creche", contou.
*Estagiário sob supervisão de Carmélio Dias
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