Bem-estar
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Por Bernardo Yoneshigue — Rio de Janeiro

Uma rotina que envolve maus hábitos alimentares traz diversos danos à saúde, como um risco elevado para doenças cardiovasculares, neurológicas e até mesmo uma maior chance de desenvolver transtornos psicológicos. Agora, em um novo estudo, pesquisadores da Universidade de Zhejiang, na China, decidiram investigar especificamente o impacto do consumo de frituras na incidência de diagnósticos de saúde mental.

O trabalho, publicado nesta semana na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, envolveu a análise de informações de 140,7 mil indivíduos disponíveis no UK Biobank, um banco de dados de saúde do Reino Unido, acompanhados ao longo de cerca de 11 anos. Os resultados mostraram que “o consumo frequente de frituras, especialmente o consumo de batata frita, está fortemente associado a um risco 12% e 7% maior de ansiedade e depressão, respectivamente”, escreveram os autores.

A comparação foi realizada entre aqueles que diziam, nos questionários que fazem parte do banco de dados, comer ao menos uma porção de fritura de forma recorrente. Os pesquisadores identificaram ainda que homens jovens eram os mais propensos a incluir alimentos do tipo na rotina.

A análise confirmou a relação entre uma maior incidência de ansiedade e depressão e o consumo das frituras, mas, para sugerir que essa associação é causal devido às substâncias presentes nos alimentos, os cientistas citaram um outro estudo que avaliou o impacto da acrilamida na saúde mental.

A acrilamida é uma substância química que surge em alimentos ricos em amido quando expostos a altas temperaturas, como no processo de fritura. Em um experimento com o peixe-zebra, os pesquisadores observaram que o contato crônico com a substância “induz distúrbios do metabolismo lipídico [processamento de lípidos para utilização de energia] cerebral e neuroinflamação [inflamação no cérebro]”.

Além disso, identificaram que ela promove um estresse oxidativo. Por fim, os cientistas relataram que a acrilamida “prejudica a capacidade de exploração e a sociabilidade do peixe-zebra adulto, mostrando comportamentos do tipo ansioso e depressivo”.

“Juntos, esses resultados, tanto epidemiológica quanto mecanicamente, fornecem fortes evidências para desvendar o mecanismo da ansiedade e depressão desencadeadas pela acrilamida e destacam a importância de reduzir o consumo de frituras para a saúde mental”, concluíram os pesquisadores.

Além dos impactos da acrilamida no cérebro, um outro ponto que pode estar envolvido na relação entre fritura e saúde mental é o desequilíbrio da microbiota intestinal, nome dado à população de microrganismos que vivem no intestino. O papel dessa região do corpo na mente é cada vez mais estudado, sendo chamado inclusive de “o segundo cérebro”.

Isso porque, entre outros motivos, é lá que é produzido cerca de 90% de toda a serotonina do corpo, um neurotransmissor que atua na mediação do humor e na sensação de prazer, sendo conhecido como “molécula da felicidade”. Porém, alimentos de baixa qualidade nutricional, como os ultraprocessados, afetam negativamente a saúde da microbiota.

Cientistas encontram novo caminho para tratar a ansiedade

Outra descoberta publicada nesta semana que pode ter impactos para o manejo de quadros de saúde mental, mais especificamente da ansiedade, é de um gene específico relacionado aos sintomas do transtorno. Cientistas da Universidade de Bristol e de Exeter, ambas no Reino Unido, relataram a identificação desse mecanismo no periódico Nature Communications, e explicam que ela pode abrir um novo caminho para o tratamento do diagnóstico.

“A eficácia dos medicamentos ansiolíticos atualmente disponíveis é baixa, com mais da metade dos pacientes não obtendo remissão após o tratamento. O sucesso limitado no desenvolvimento de drogas ansiolíticas (anti-ansiedade) potentes é resultado de nossa má compreensão dos circuitos neurais subjacentes à ansiedade e aos eventos moleculares que resultam em estados neuropsiquiátricos relacionados ao estresse”, contextualiza o comunicado sobre o estudo.

No novo experimento, porém, os cientistas britânicos encontraram uma quantidade aumentada de um tipo de molécula chamada miR483-5p na amígdala – região do cérebro envolvida na ansiedade – logo após um quadro de estresse agudo de um camundongo. Consequentemente, eles observaram que esse aumento suprimiu a expressão de um outro gene, o Pgap2.

Com isso, eles identificaram que o gene está associado a mudanças no cérebro ligadas aos sintomas de ansiedade, e que a ativação da miR483-5p atua como uma espécie de freio para evitar o surgimento desses sinais.

“A via miR483-5p/Pgap2 que identificamos neste estudo, ativação que exerce efeitos redutores da ansiedade, oferece um enorme potencial para o desenvolvimento de terapias para ansiedade e para condições psiquiátricas complexas em humanos”, explica a autora do estudo Valentina Mosienko, pesquisadora do departamento de Ciências Clínicas e Biomédicas da Universidade de Exeter.

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