Medicina
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Por — São Paulo

RESUMO

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GERADO EM: 26/06/2024 - 09:00

Wegovy: Novo medicamento para obesidade no Brasil

Novo medicamento Wegovy para obesidade será vendido no Brasil em agosto. Novidades incluem redução média de 17% do peso e possíveis novas indicações para tratamento de problemas cardíacos. Preço ainda é uma barreira, mas empresa já iniciou conversas com governo para ampliar acesso. Semaglutida também apresenta benefícios para outras condições além da obesidade, como doenças cardiovasculares e Alzheimer. Novo Nordisk busca preencher lacuna entre tratamentos medicamentosos e cirúrgicos.

A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk anunciou nesta quarta-feira (26) que o Wegovy (semaglutida 2,4mg) começará a ser vendida no Brasil em agosto. O medicamento inédito para obesidade apresenta redução média de 17% do peso. Embora o resultado seja considerado revolucionário, o alto custo do medicamento - o preço máximo pode variar entre R$ 2.203,68 e R$ 2.484,85, a depender da alíquota do ICMS em cada estado - restringe substancialmente o acesso.

Em entrevista exclusiva ao GLOBO, Priscilla Mattar, vice-presidente médica da filial brasileira da Novo Nordisk conta que a empresa já iniciou conversas com o governo para ampliar o acesso ao medicamento no futuro, fala sobre possíveis novas indicações do remédio no país, como para problemas cardíacos e o que esperar dos futuros tratamentos contra obesidade.

O preço do Wegovy ainda é uma barreira. Por que o medicamento é tão caro e há expectativa disso ser reduzido?

A inovação vem com um custo, mas isso vai melhorando. Qualquer tecnologia, seja ela um telefone celular, vai melhorando ao longo do tempo. Essa é uma tendência natural, mas que agora não tem. Um ponto importante para a gente reforçar é que já iniciamos algumas conversas com o governo em relação a submeter dados de eficácia, segurança e o benefício no curto e no longo prazo, porque o tratamento da obesidade reduz os custos em saúde no longo prazo. Mas não é um processo rápido. É uma análise muito complexa a ser feita até a incorporação de um novo medicamento. Ppensando em obesidade, qualquer impacto orçamentário é muito grande porque é muita gente. Então tem que ser muito cuidadoso. Essas conversas começaram atrás, com a liraglutida (medicamento da Novo Nordisk já aprovado e disponível no Brasil para o tratamento da obesidade), e acontecem junto com sociedades médicas e a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde), mas é preciso tempo. Qualquer medicamento novo que chega não é incorporado de imediato. A gente tem programas brilhantes para diabetes e para hipertensão no SUS e acho que como a obesidade não vai ser diferente, mas a gente precisa desse tempo.

Muita vezes, diabetes e obesidade são doenças que caminham juntas. Pacientes com essas condições devem ser tratados com Ozempic ou Wegovy?

Essas são duas doenças que coexistem muito frequentemente porque o principal risco para desenvolver diabetes é obesidade. O controle do peso é muito importante no atingimento de metas do controle do diabetes, dado que cerca de 90% dos pacientes com diabetes tipo 2 têm excesso de peso. Então essa é uma decisão que cabe ao médico. Ele vai ver o que precisa priorizar no tratamento. A indicação em bula do Wegovy, por exemplo, é para pacientes com IMC acima de 27, que configura sobrepeso, e com comorbidade, que pode ser o diabetes, ou IMC acima de 30, que já caracteriza obesidade.

O Wegovy tem mais efeitos colaterais por ter uma dose mais alta que o Ozempic?

A semaglutida é uma molécula que tem muito estudo hoje. Só da Novo Nordisk são mais de 50 mil pacientes estudados, fora os estudos em universidades e centros independentes. O principal efeito colateral é no trato gastrointestinal, com náusea e enjoo. Mais raramente, causa diarreia ou constipação. Mas o fator determinante para o paciente ter uma boa experiência é fazer a titulação correta. Começar com uma dose baixa e ir aumentando conforme a bula e orientação do médico. Às vezes o paciente fica naquela pressa de chegar logo na dose máxima porque é a mais eficaz, mas ele precisa titular no tempo adequado, para minimizar o risco. Se ele fizer isso certinho, esses efeitos colaterais tendem a desaparecer, por isso os pacientes conseguem continuar o tratamento.

Recentemente, a FDA (agência que regula medicamentos nos EUA) indicou o Wegovy para doenças cardiovasculares. Essa indicação também será solicitada à Anvisa?

Sim, nós já solicitamos e os dados estão em avaliação pela Anvisa, que é uma agência tão criteriosa quanto a FDA.

A semaglutida tem mostrado efeitos benéficos para outras condições além da diabetes e obesidade. Além da redução do risco cardiovascular, estudos estão em andamento para avaliar a eficácia dessa molécula para outras condições?

Eu estava no congresso americano de diabetes e em todas as salas você ouve falar da classe de análogos do GLP-1, mais especificamente da semaglutida, por conta dos benefícios específicos. Quando saiu o Select, que foi o estudo que mostrou redução de risco cardiovascular, isto é, infarto, AVC e morte cardiovascular, foi questionado se esse benefício não seria efeito da perda de peso, porque a perda de peso melhora esses indicadores. Então foi feita uma análise para definir se isso era dependente da perda de peso ou não e no Congresso Europeu de Obesidade foi apresentado que isso é um benefício específico da molécula. Essa é uma molécula que traz muita coisa. No mês passado, teve um estudo que mostrou redução no desfecho renal, que é composto por evolução da doença renal ou evolução pra diálise. O que está em andamento é um estudo para avaliar a dose de 2,4 mg, do Wegovy, para o tratamento de doença gordurosa do fígado. Esperamos um resultado positivo no final do ano. E também um estudo com a semaglutida oral e Alzheimer. O Alzheimer tem relação com o acúmulo de proteínas no cérebro, mas também com grau de inflamação e a semaglutida é uma molécula que diminui a inflamação sistêmica. Em grandes estudos feitos para avaliar risco cardiovascular, que é uma exigência do FDA, observamos que os pacientes que usavam semaglutida evoluíram menos com demência. Por isso a Novo Nordisk resolveu fazer um estudo com pacientes com um quadro cognitivo leve pra ver se o remédio consegue postergar a condição. Esperamos resultados desse estudo para o final do ano do ano que vem. Também tem estudos feitos por centros independentes, que não são liderados pela Nova Nordisk, como o efeito da semaglutida na adição de álcool e drogas porque ele atua numa região de cérebro que também está ligada ao circuito de recompensa e parece haver um efeito.

O que podemos esperar para o futuro do tratamento da obesidade?

A gente entrou em uma nova era de tratamento da obesidade. O que existe no mercado hoje para o tratamento da obesidade, lembrando que o Wegovy ainda não está disponível, chega numa redução média de peso de 9%. É uma eficácia muito boa. Para aprovar um medicamento para o tratamento da obesidade hoje, é preciso comprovar, além da segurança, uma redução média de peso em torno de 5%. Agora chega o Wegovy, que vai numa redução média de 17%. Um terço dos pacientes vão perder mais de 20% do peso corporal. Realmente é muito eficaz. Mas se você olhar para a cirurgia bariátrica, que está disponível no SUS, ela chega a reduções acima de 30%. Então tem uma janela entre o que um tratamento medicamentoso produz e um tratamento cirúrgico. A ambição da Novo, como uma indústria de inovação, é justamente preencher essa janela, de acordo com a necessidade do paciente. Não é todo mundo que vai precisar perder 20%, 25% ou 30% do peso, mas o que a gente tem em nosso pipeline são soluções para essas diferentes necessidades. A amicretina é uma molécula que a gente está apostando muito. Mas antes dela ainda tem o CagriSema, que é a semaglutida combinada com outra molécula na mesma apresentação, como se fosse um um medicamento só. Ele tem um potencial ainda maior e seria indicado para essa população que vai precisar de uma perda de peso maior. Pensando na prevalência da doença, a gente precisa que muitas opções terapêuticas estejam disponíveis.

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