Saúde
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Por Raquel Pereira — Rio de Janeiro

O debate sobre guardar remédios fora da sua embalagem original foi reacendido após uma postagem feita por um estudante de Farmárcia nas redes sociais. Nela, o jovem escreve que não é aconselhado por farmacêuticos utilizar porta-comprimidos para guardar os medicamentos, pois somente a embalagem original consegue protegê-las contra todos os efeitos do ambiente.

Danilo Stroll, estudante de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), de 33 anos, percebeu que algo estava errado quando começou a organizar seus medicamentos por dia da semana em um porta-comprimido opaco. Sua experiência pessoal, aliada aos estudos sobre o assunto, o motivaram a compartilhar as informações corretas com outras pessoas.

— Eu costumava usar essas caixinhas porque sempre me esquecia de tomar meus remédios. Depois de um tempo, notei que os efeitos eram diferentes do esperado. E um dos medicamentos ficou com um aspecto péssimo, então parei de tomar — conta.

O perigo dos porta-comprimidos

Eles vêm em todas as cores: amarelos, verdes, laranjas e roxos. Prometem manter seus medicamentos seguros para o uso com seus materiais de plástico. Os porta-comprimidos, também conhecidos como “pill box”, foram criados para ajudar na adesão de pacientes aos seus tratamentos.

Desde que iniciaram sua circulação no mercado, muitas pessoas passaram a depender das caixinhas de remédio no dia a dia. Porém, especialistas em Farmácia alertam para o perigo de separar os medicamentos de suas embalagens originais.

O problema já se inicia na movimentação durante a troca de local dos medicamentos, e logo em seguida, com a escolha do novo local para o armazenamento. Por serem feitas especificamente para conservar, as embalagens originais não devem ser substituídas por uma “pill box”, ou porta-comprimido, muitas vezes feitos de plástico transparente.

— Acredito que o estudante de Farmácia foi bem feliz nessa resposta (sobre o tweet que iniciou a repercussão do assunto). As embalagens dos medicamentos foram projetadas de acordo com as substâncias de cada medicamento, e o objetivo principal é garantir a qualidade dos produtos — explica Tarcísio Palhano, especialista em Farmácia Clínica e porta-voz do Conselho Federal de Farmácia (CFF).

Em alguns casos, eles também são acompanhados por um sachê de sílica, o que ajuda a controlar a umidade.

Além disso, outro hábito conhecido pelos brasileiros, é o de misturar fármacos diferentes no mesmo porta-comprimido. Isso pode causar o comprometimento da qualidade dos produtos, já que eles correm o risco de contaminar uns aos outros.

— Medicamentos diferentes não devem ser armazenados numa mesma embalagem por vários motivos. Ao misturar, sem a validade e o lote, você perde as informações desses medicamentos. Também podem ocorrer diversas mudanças químicas no contato entre um produto e outro — explica o especialista.

Ele também aponta que, por serem testadas diversas vezes e aprovadas, as datas de validade devem ser levadas a sério. Por isso, é importante manter o recipiente.

— Como a data de validade é estabelecida com base em vários estudos, não se recomenda o uso de nenhum medicamento após a expiração do prazo — o professor pontua.

O uso do recipiente original é ainda mais importante para medicamentos líquidos, que são mais sensíveis a mudanças no ambiente. Os frascos de vidro, embalagem mais comum, geralmente apresentam características próprias como cores mais escuras ou um tipo diferente de material. Eles são criados para manter cada substância presente no fármaco estável e eficiente.

— Essas formas líquidas jamais podem ser retiradas da embalagem original. Principalmente porque elas precisam de muito cuidado, pois estão mais suscetíveis a contaminação — alerta Tarcísio.

Uma exceção: os remédios em cartela

Enquanto o porta-comprimido se apresenta com problemas de efetividade ao longo do tempo em que é mantido fora da sua embalagem original, um estudo publicado na revista científica Oxford Academic, realizado por pesquisadores dos Estados Unidos, mostra que os pacientes portadores de doenças crônicas, como a infecção pelo HIV, tiveram uma adesão melhor a tratamentos utilizando este método de compartimentos separados por dia da semana.

O que representa uma questão. Existem outras alternativas mais seguras para manter os comprimidos separados, para facilitar a implementação dos fármacos na rotina dos pacientes?

A resposta é sim. Para medicamentos em cartela, por exemplo, é possível recortá-la em pequenos quadrados na região de cada cápsula. Mas, ainda assim, mantendo a embalagem original ao seu redor. Essa solução funciona apenas no caso desse tipo de embalagem.

Qual é a melhor maneira de guardar os medicamentos?

O ambiente no qual o produto é guardado influencia diretamente na sua eficácia e durabilidade. É preciso mantê-lo longe de luz do sol direta, umidade e calor. Desta forma, são recomendados alguns cuidados para manter o seu medicamento por mais tempo.

Influenciadora de divulgação científica e farmacêutica formada pela Universidade de Brasília (UnB), Flávia Masson compartilha vídeos tirando dúvidas comuns sobre o uso de medicamentos e seus efeitos. Em um deles, ela defende que locais secos, protegidos de luz e sem mudança de temperatura são os ideais para conservar os produtos.

— Os medicamentos são substâncias químicas, então naturalmente ao longo do tempo eles vão sofrendo alterações, principalmente se você expõe eles a fatores ambientais. Então, a garantia da eficácia e da validade dos medicamentos parte do pressuposto de que o paciente armazenou corretamente. Os ambientes para o armazenamento devem ser bem vedados, longe de calor, luz direta e umidade — explica.

Segundo ela, o armazenamento pode ser feito em uma caixa, como a de primeiros socorros, com divisões. Os remédios, dentro das embalagens originais, podem ser guardados juntos para facilitar o uso.

Não é recomendável, porém, deixar os medicamentos dentro do banheiro, pois o cômodo tende a ficar úmido quando se toma banho, nem na cozinha, pois ela tende a ter mudanças de temperatura durante a preparação de refeições como o fogão. O quarto pode ser uma boa opção, se o local onde os medicamentos estiverem não receber luz direta.

No geral, para armazenar corretamente, você pode usar qualquer armário na casa que não seja na cozinha ou banheiro, e não tenha luz direta no móvel (aquecendo ele em algum horário do dia), mas ainda melhor é se ficar no alto, evitando que crianças e animais tenham acesso.

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