Parte 1: 1º de novembro foi um dia nostálgico.
A comissão organizadora da SeFis me deu a honra de participar de um encontro de gerações para comemorar o Jubileu da 1ª Turma de Física da UFSCAR. Em sua XIX edição da SeFis, pude rever pessoas queridas, revisitar espaços e compartilhar histórias que marcaram minha formação e moldaram a profissional que sou hoje. Na mesa, cada convidado representou uma década. Cada um reviveu a dor e a delícia da graduação.
No meu primeiro ano de graduação, participei da Edição I da SeFis. Pouco entendia os assuntos das palestras; mesmo assim, sentia-me orgulhosa de estar ali entre físicos e físicas. Eu estava exatamente onde queria estar. Naquela época, jamais imaginava que um dia sentiria saudades de estudar horas e horas na BCo.
(Sim, já posso falar "naquela época"... rs)
Obrigada e até logo, UFSCAR!
(https://lnkd.in/d_eB3zA6)
Parte 2: Quero aproveitar esse relato para refletir sobre a importância da universidade pública, especialmente em um momento em que sua relevância tem sido questionada.
Nos últimos anos, vivenciamos um desmonte gradual da educação superior no Brasil. As universidades enfrentaram cortes de orçamento, perda de credibilidade e, em muitos casos, desvalorização de suas áreas mais fundamentais, como as licenciaturas. Essa deterioração não afeta apenas quem estuda ou trabalha na universidade; ela tem impactos diretos na formação de professores, na produção científica e no desenvolvimento do país como um todo.
Minha trajetória na UFSCAR é um exemplo do que a universidade pública pode oferecer, mesmo com suas limitações e desafios. Foi lá que aprendi a lidar com dificuldades, a me organizar para estudar, a trabalhar em equipe e a entender a ciência de forma mais ampla. E haja resiliência! Não foi fácil — estudar horas na BCo não era uma escolha glamorosa, mas uma necessidade.
As licenciaturas, por sua vez, têm sofrido ainda mais. Elas formam os professores que irão atuar na base do sistema educacional, mas são constantemente colocadas em segundo plano, tanto em termos de recursos quanto de reconhecimento. Isso é um problema grave, porque a precarização das licenciaturas significa a precarização do ensino básico, o que alimenta um ciclo de desigualdade e exclusão.
Defender a universidade pública não é um ato de romantismo ou idealização. É entender que, apesar de suas falhas e desafios, ela ainda é um dos poucos espaços capazes de oferecer acesso ao conhecimento e oportunidade de crescimento para pessoas de diferentes origens. É um sistema que precisa ser fortalecido, não enfraquecido.
O Jubileu da 1ª Turma de Física da UFSCAR me lembrou de tudo isso.