Publicação de Caroline Sgambato

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Analista Sênior de Assuntos Regulatórios na SPIC Brasil

A cruel realidade de avaliar uma mulher durante sua gravidez com notas baixas e feedbacks negativos, permeando esse período tão especial, continua a ser um triste cenário no mundo corporativo. As razões são diversas. Já ouvi relatos de mulheres que receberam avaliações ruins devido às suas ausências para consultas médicas, equipes que não mantêm um bom relacionamento com a colaboradora aproveitam-se da licença maternidade para fazer avaliações injustas, e chefes que, por falta de afinidade com essas mulheres, aproveitam para expressar suas opiniões negativas durante o período de ausência da mãe. É interessante notar que, nos relatos que ouvi, apenas um líder era homem; todas as outras líderes eram mulheres que defendem valores como ESG, empatia e sororidade, o que torna esse cenário ainda mais triste. No entanto, na prática, parece que esses valores não são aplicados quando se trata de uma mulher que se tornou mãe recentemente. Essa mãe está vulnerável, dedicando-se inteiramente a outro ser humano, enfrentando privação de sono e desafios com a amamentação. E ao retornar ao trabalho e deixar seu bebê em casa, uma tarefa tão delicada, encontra-se confrontada com uma avaliação negativa. Em todos os casos que conheci, as colaboradoras sempre receberam feedbacks positivos ao longo de suas carreiras na empresa, e o feedback negativo veio apenas durante a gravidez. É importante que o mundo corporativo se adapte para formar líderes capazes de acolher e demonstrar empatia (verdadeira) com as mães. Caso contrário, enfrentará consequências financeiras, já comprovada por um estudo da Bloomerang que mostrou que a ausência das mães no mercado de trabalho impactou em 10% no PIB, e a marca do ESG não será sustentável a longo prazo.

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