"Biônicos". Prometeu e não entregou. Preparei o momento Netflix esperançosa, imaginando uma nova era para a ficção científica brasileira, mas terminei com uma sensação de déjà vu e um leve gosto amargo na boca.
Antes de mais nada, quero deixar claro que essa crítica não é um ataque aos atores que participaram desse projeto. Pelo contrário, suas atuações foram sólidas (quase todas) e os efeitos especiais conseguiram surpreender positivamente, demonstrando que a nossa tecnologia e capacidade técnica têm avançado. A personagem Gabi, irmã da heroína, é um achado, enquanto a decepção fica por conta da participação especial de Miguel Falabella, que, no mínimo, merecia um papel melhor. O problema crucial está no roteiro.
Desde o início, "Biônicos" parece determinado a seguir cada clichê do manual de ficção científica. Uma heroína rejeitada, uma conspiração, um vilão previsível... tudo isso já vimos antes, e não de uma forma nostálgica ou renovada, mas de uma maneira que nos faz querer olhar para o relógio e perguntar: "Já vi isso antes, não?".
O maior problema é a falta de plot twists envolventes. Em um gênero onde a surpresa e a inovação são cruciais, "Biônicos" joga seguro demais. O roteiro parece seguir uma linha reta, sem grandes desvios ou reviravoltas que realmente capturem nossa atenção e nos façam questionar o que vem a seguir. Esse é um filme que parece estar correndo uma maratona sem perceber que o público quer uma montanha-russa de emoções.
Além disso, o ritmo do filme é irregular. Há momentos em que tudo parece estar acontecendo muito rápido, e outros em que as cenas se arrastam sem necessidade, quebrando a imersão e a tensão que deveriam ser constantes em uma narrativa de ficção científica. E os diálogos? Bem, os diálogos são um capítulo à parte. A mim, soaram artificiais, muitas vezes forçados, como se os personagens estivessem recitando um manual em vez de interagirem de forma natural.
E o final? Gente! Se o filme inteiro não tivesse sérios problemas de roteiro, a cena final, definitivamente, estragaria tudo. Me lembrou muito o final dos filmes indianos, que sempre são completamente fora de propósito, em relação ao resto da história, com a indefectível "dancinha". Assista e me conte depois, se estou maluca.
Agora, você pode estar se perguntando: "E você, faria melhor?" Sinceramente, não. Esse não é o meu gênero de escrita. Mas como espectadora e fã de filmes de ficção científica, sei reconhecer quando um filme acerta ou erra o alvo. Mesmo se "Biônicos" fosse uma produção de um grande estúdio americano, minha nota ainda seria 5.
No fim das contas, "Biônicos" é um lembrete de que, apesar do progresso técnico e das boas intenções, ainda temos muito a aprender sobre como contar uma boa história de ficção científica. Quem sabe no próximo filme, os roteiristas não se arrisquem mais, desafiem os clichês e nos presenteiem com uma experiência verdadeiramente inovadora? Fica a esperança.