Publicação de João Tavares

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-- Terapeuta Holístico e Professor de Yoga

Hoje, um pouco por todo o mundo, comemora-se o dia internacional de Yoga. É uma prática com origem na Índia, como todos saberão e com uma enorme expansão mundial. Yoga utiliza um conjunto de atividades disponíveis no corpo humano e configura-as como exercícios, explorando essas diversas expressões, de forma progressiva e como resultado, surgem profundas diferenças nos seus praticantes. Trabalha-se de diversas formas a respiração e a sua interação com os mecanismos neurovegetativos do corpo; trabalha-se a componente muscular, articular e orgânica em geral; trabalha-se a concentração e a arte da permissão nas suas diversas subtilezas. Sob esta componente técnica, existe um conhecimento do desenrolar do ser humano nas suas diversas etapas de crescimento, como filosofia comportamental, em coordenação com a Natureza. É um estranho paradoxo que, uma prática que não é propriamente nova e que tem efeitos profundos, possa ainda ter dificuldade em competir com as necessidades farmacológicas da população mundial e uma espécie de vazio psicológico, uma orfandade individual e coletiva que nos faz andar tão desajustados e doentes. Porém, existem causas bem reais e até preocupantes que dificultam alguma perceção do óbvio. Por outro lado, Yoga também tem um certo misticismo que por vezes conduz a uma espécie de "o mundo não importa e isto é uma passagem" que preenchendo lacunas psicoemocionais, por não se ter encontrado na relação com a díade paterna estruturas saudáveis e sólidas, a panaceia que tudo resolve. Não é possível generalizar esta ideia, pois como em tudo, existem modelos saudáveis e outros mais patológicos. Então, não está fácil, mesmo existindo soluções. O que fazer? O caminho do meio, que ouvimos falar do budismo, coloca-nos no fiel da balança. A balança nunca está estática; ora pende para um lado, ora para o outro. E criar seres humanos sensíveis a esse pragmatismo, envolve criar seres humanos que tanto exploram o mundo interno, quanto exploram as interações com o mundo externo. Assim, já da linguagem das Constelações Familiares, honra-se pai e mãe, vivendo uma vida no seu próprio lugar. Como professor(zinho) de Yoga, digo que Yoga pode servir para colocar dentro de nós estes dois grandes arquétipos, no seu lugar. Uma vez escrevi a alguém isto: "como queres honrar Shiva, se estás zangado com o teu pai?". Ou seja, como queres servir o grandioso, se o mais próximo de ti, na tua espiritualidade (refletida no material) não está em paz? Fazer Yoga não deveria servir o chamado "bypass espiritual", mas potenciar a presença integral do ser naquilo que está a viver e que é duro e não é fácil. Usar a fantasia a favor de cultivar um realismo mais saudável e a favor da criação de soluções. Usar o mundo interno (mãe) e ligá-lo ao mundo externo (pai). E assim, mundo interno e externo, complementarem-se. No essencial, Yoga pode ajudar a colocar as coisas no lugar. O íntimo da prática, dos exercícios, é essencialmente o que interessa.

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