Na confluência entre parceiros, doadores, clientes e projetos sociais apoiados, pode residir uma das maiores forças dos intermediários filantrópicos: a grande capacidade de traduzir linguagens diversas e construir pontes entre expectativas variadas. A importância dessas organizações foi destacada no artigo “Intermediários, tradutores da filantropia”, de Marcello Stella, doutor em sociologia em coordenador de projetos do Instituto Phi, publicado hoje na Stanford Social Innovation Review (SSIR), publicação que é referência mundial em inovação social.
No artigo, Stella destaca levantamento do Instituto Phi sobre o perfil dessas organizações no Brasil, dimensionando essas entidades por meio de dados quantificáveis, como orçamentos, tamanhos de equipe e recursos movimentados para o setor. Os dados foram trabalhados a partir de indicações e da rede de conhecimento e parceiros do Phi, além de consultas ao estudo publicado em 2023 pela Rede Comuá, que mapeou organizações intermediárias filantrópicas “independentes”, isto é, que não dependem única e exclusivamente de um só doador. O resultado oferece uma boa fotografia 3×4 do ecossistema e permite apontar tendências dentro do campo.
A primeira é de segmentação, registrando-se o surgimento de organizações comprometidas com temáticas bem recortadas e que tradicionalmente recebem menos recursos – como luta antirracista, feminismo, comunidades quilombolas e indígenas. A segunda é que o conjunto de instituições mapeadas revela uma maior disposição a repassar recursos para as organizações sociais que atuam diretamente na ponta, sem investir apenas em programas próprios. Alguns fundos comunitários preveem programas de doações até para indivíduos e coletivos não formalizados, garantindo recursos a atores que dificilmente acessariam editais, justamente pela ausência de formalização.
Esses aspectos representam uma mudança na paisagem do terceiro setor no Brasil. Confira o artigo completo na SSIR: “Intermediários, tradutores da filantropia”.
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