Cidades, as nossas!
WILLIAN FAGIOLO
O século XX, o século passado, determinou o fim da uma época, a Modernidade, que teve
sua origem no Renascimento e viu surgir uma nova cidade, a Cidade Contemporânea. O
projeto da Modernidade esgotou-se e se tornou insuficiente para solucionar os problemas
que assolam a humanidade. Trocando em miúdos, isto quer dizer que, além de crises
políticas, econômicas e climáticas em escala mundial, estamos também presenciando uma
crise histórica - a crise da Era Moderna. A Modernidade é um paradoxo, uma unidade de
desunidade, pois ao mesmo tempo em que une as pessoas no mundo, destruindo as
fronteiras geográficas, raciais e de classes, coloca-as num ambiente conflitante, de
consumismo voraz, contraditório.
A Pós-Modernidade tem sido vista por teóricos e intelectuais como uma condição histórica
contemporânea, irreversível, pois foi precisamente a Modernidade que originou,
equivocadamente, a lógica da circulação individual pela exaltação do transporte individual, o automóvel, senhor absoluto da circulação urbana no sistema viário, desfavorecendo
pedestres e veículos menores, além de desconsiderar e desprezar o transporte coletivo.
Outras graves consequências foram: ainda ruas mal iluminadas e constantemente inseguras, calçadas desprovidas de qualidades mínimas, deficiência de parques urbanos, quarteirões muito longos, falta de definição precisa entre espaços públicos e privados, o excesso de espaços confusos ou residuais e o inefável "uso e ocupação do solo". Não tenham dúvidas, o mau equacionamento do convívio automóvel/pedestre, é um dos elementos físicos e espaciais que corroem a civilidade. Ainda não desisti de convencê-los de que para estruturar a incerteza do futuro e adiantar fatos que virão a acontecer, permitindo a adoção de medidas que ajudem a construir o futuro que desejamos, devemos nos apoiar numa ferramenta bastante eficaz que é o Planejamento e Projetos de Ações Estratégicas que são técnicas de planejamento e inteligência, juntos, capazes de preparar uma Prefeitura para enfrentar quaisquer desafios, não deixando, portanto, que improvisações nos digam o que fazer. Certo? Vamos ver, prezados terráqueos. Estar pronto é tudo.
Autor e Editor na António Góis Nóbrega
7 mExcelente... os urbanistas possuem esta perspetiva da realidade que no nosso país tanta, tanta falta nos fez e faz. Talvez por essa e outras razões - (que a razão desconhece) - nunca foram reconhecidos na legislação sobre as competências técnicas no âmbito do planeamento e da gestão do território - o sustentáculo da vida. Olhemos à nossa volta...