Dicas para trabalhar com pesquisa e inovação no Brasil por um doutorando que trabalha com pesquisa e inovação no Brasil
Eu escolhi começar esse texto comparando os orçamentos para pesquisa e inovação do Brasil com o mundo, mas quando eu vi os quase 210 bilhões de dólares para 2024 dos EUA já entristeci. Fui somando no Brasil os 450 milhões da FAPEMIG, os 5 bilhões da CAPES, os 12 bilhões da FINEP, os 12,7 bilhões do FNDCT e vi que não dava nem 5% do orçamento americano. Não dá pra comparar, são estruturas econômicas, jurídicas e sociais muito diferentes.
Bom, mesmo com essa sensação mista de inveja e impotência, eu separei aqui algumas dicas que tenho seguido e tem dado bons resultados:
1) Peça tudo o que puder: Tem o velho ditado nacional de "quem não chora, não mama", e na pesquisa é a mesma coisa. Peça um artigo que você não teve acesso, peça dinheiro num edital de fomento, peça uma webinar para alguém que sabe o que você não sabe. Peça sem medo de rejeição. O não a gente já tem, né? Encontrei pessoas dispostas a ajudar, encontrei pessoas que nem sequer me responderam, mas o resultado até agora está sendo bem positivo.
2) Busque alternativas de fomento para sua pesquisa: Com o orçamento das instituições e do governo baixo e já contado, é precisar dar os pulos por fora. Eu aqui resolvi colocar umas startup para incubação na incubadora de empresas da UFOP e estão esperando o resultado final da seletiva. Juntei as coisas que sei fazer, estou alinhando a startup com o doutorado pra ter grana pra tentar não depender de editais de fomentos. Durante o mestrado eu vendia sabonete artesanal que eu fazia para financiar minhas pesquisas paralelas e consegui levar bem. Não adianta sonhar com a utopia que o dinheiro tem que vir pra pesquisa, temos que trabalhar com nossa realidade.
3) Aprenda a escrever: Não é só escrever o TCC, tem que aprender a escrever para edital de fomento, de competição, de desafio, rede social, etc. Nunca conheci um orientador de pós-graduação que não estivesse sobrecarregado, então escrever para tentar algo que seu orientador não teria tempo para fazer aumenta as possibilidades de sucesso. Aprender a escrever é de graça e é mais prática que aptidão.
4) Faça colaborações profissionais: Esse negócio de cientista que só fica trancado no laboratório e coisas milagrosas acontecem é coisa de romance da Mary Shelley. A gente precisa de pessoas para ajudar com nossos trabalhos, pesquisas e dúvidas. E as pessoas tendem a ajudar ou se esforçar para ajudar se houver contrapartidas. Muitas vezes podemos ajudar os outros sem que isso nos prejudique ou nos demande algo extraordinário.
5) Seja proativo: Pode parecer clichê, mas é verdade. Se você já chega pra uma pessoa com a ideia pré-trabalhada e alinhada com os interesses dela, fica muito mais fácil do que chegar só com a ideia ou perguntando se vocês podem se ajudar de alguma forma. Ajude as pessoas a te ajudar.
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