À batalha - enfrentamento da LGPD

À batalha - enfrentamento da LGPD

 

O sucesso de um trabalho mede-se na proporção das entregas pessoais somadas ao esforço, estratégia e uma beirada de alienismo.

Ao longo da história há episódios factuais deliberadamente emblemáticos que respaldam essa tese. Houve êxitos e falhas.

Hodiernamente, continuamos seguindo os basilares daquela época. Porém, mudamos a problemática, trazendo-a para um cenário completamente abstrato. Entretanto, a mente emocional desfaz qualquer conflito de mérito e respalda os resultados.

Na matemática, um plano é um ente primitivo geométrico infinito a duas dimensões. Nos Elementos de Euclides, não possui definição enquanto conceito genérico. Mas um plano qualquer é definido, ou determinado, de várias formas equivalentes.

Um plano pode ser definido a partir de três pontos não colineares.

Processos corporativos são análogos. Necessitam de três pontos ou colunas para que se disponham de pé, articuláveis ou meramente aceitáveis.

Não instintivamente, porém implementa-se assim. Majoritariamente pontuados pela cultura/pessoas, ferramentas e metalinguísticamente, os processos.

A preparação do processo de implementação da LGPD – Lei Geral de Privacidade de Dados, encontra respaldo nessa dialética quando, eventualmente, é sustentada por disciplinas de segurança da informação, riscos, privacidade e governança de dados.

Esse último é, talvez, o elo mais culturalmente disruptivo entre a conformidade regulatória e o tecnicismo das organizações.

Mesmo assim – ou melhor, até por isso – preferiu-se seu enfrentamento nas partes mais derradeiras do trabalho hercúleo.

Hércules, numa visão resignada ou niilista, escolheria satisfazer Áugias, tal como ocorreu na história grega.

Do Helenismo à contemporaneidade, vimos a substituição da força laboral analógica pela digital e, nesse interim, os dados surgiram.

Homero de Ilíada teria dito que é esse – o dado - o calcanhar de Aquiles corporativo. Sobre ele reside toda responsabilidade pela existência empresarial. Nada mais importaria senão assegurar a disponibilidade, a integridade e a confidencialidade, sem as quais a flechada viria certeira. Direto no calcanhar. Dali para trojan horses foi um pulo. Até hoje, lidamos com eles.

Em 1985, nem mesmo Orwel imaginaria o que se vivencia hoje. Das tábuas de argila ao Ipad, passamos a nos preocupar com os dados pessoais em nível corporativo sem nos resignar.

Que diríamos se soubéssemos que eles já foram abduzidos à parte submersa do iceberg?

É isso. Não nos resignemos. Loucos ou não.

Talvez tenha feito bem Hércules. Mas lembremos que ele não apenas limpou estábulos de Áugias. Também matou leões.


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