É a economia!

Por Adalberto Piotto

O avanço do PIB no 1º trimestre deste ano é prova cabal de que estávamos decolando antes da pandemia, que tínhamos reunido condições estruturais para um crescimento econômico mais robusto e que fomos vítimas, juntamente com o mundo todo, da conjuntura da Covid-19, imparável e inegociável, que colocou os aviões, literalmente, no chão.

O PIB positivo de 1,2% no 1º tri em relação a dezembro, e de 1% em relação ao 1º tri do ano passado, mostram que estas condições econômicas do crescimento estavam postas. Tire a pandemia do meio e teríamos tido um ano muito bom em 2020.

Haverá os céticos que dirão que o crescimento de agora é crescimento reprimido dos meses ruins do ano passado.

Discordo. Crescemos em relação ao 4 tri de 2020, que já foi positivo e é sazonalmente "mais quente". E o crescimento em si nos dois comparativos do PIB mostram que eram planos reprimidos pela pandemia que, no primeiro momento possível, foram retomados.

Tem o emprego ainda difícil, o maior drama nacional, sobretudo pelo distanciamento que afeta majoritariamente os serviços, o setor que mais emprega. Mas para gerar vagas é preciso criar condições de investimento e crescer de fato.

PIB do 1º trimestre: + 1,2% (1 tri 2020: -1,5%)

Taxa de Investimento: +19,41% (antes, +15,9%)

Olhando para o cenário futuro, agora.

O Brasil não é fácil: estrutural e conjunturalmente.

Estruturalmente, depende de um Congresso lento, sofre com um Supremo de insegurança jurídica e as reformas, como pauta real, ainda são muito ligadas à equipe econômica. Falta mais envolvimento da área política, do presidente e dos parlamentares. Falta também a sociedade organizada dizer que quer reformas. Mas parte delas ou foi sequestrada partidariamente ou não quer passar a imagem de que apoia o atual governo ao apoiar as reformas. Nos dois casos, faz mal ao país.

Já falando em conjuntura, a vacinação ainda não é a ideal - mas em pouquíssimos lugares do mundo isso está num patamar ideal - e temos uma seca que compromete a geração de energia hidrelétrica.

Li do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, no Globo, que a ameaça de crise energética de agora é muito menor justamente pela maior interligação dos sistemas no país, coisa que fizemos, o que permitirá, em caso de necessidade, trazer excedente de uma região para outra. E se a vacinação ou medidas mais severas, mas menos restritivas, conseguir bloquear uma eventual terceira onda, o solavanco não acontecerá ou será pequeno.

Fato é que a Bolsa animada de hoje, que subiu 1,6% de manhã, com a divulgação do PIB, e se manteve durante o dia, e a queda do dólar a R$ 5,15 (-1,28%), são sinais de que o Brasil e os brasileiros têm demanda reprimida por dar certo e que as condições para isso existem.

Imagina se o barulho político do Planalto fosse menor, o Congresso se dedicasse a discutir e votar as reformas com clima de eficiência e o Supremo não fosse irresponsável em ser se meter em tudo?

Ps.: quinta-feira, tem comentário sobre este tema, ainda mais analítico, na TV CIEE. Postarei aqui.

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