É possível lutar pelo que não se conhece?
Nos últimos textos eu venho sempre trazendo um fato real negativo do mundo corporativo e pontuando o que seria mais adequado fazer para a empresa alcançar o sucesso. Em todos os casos, por uma questão de correção de conduta, sem revelar nomes e locais. A maioria das vezes, situações vividas por mim mesmo, mas também por outras pessoas, como neste que relato.
Uma conhecida foi selecionada para um entrevista de emprego num hotel. Junto a outras candidatas, foram apresentadas as informações sobre a empresa, o trabalho a ser realizado e os direitos oferecidos. Em seguida, a selecionadora faria entrevistas individuais com cada candidata - processo clássico de recrutamento e seleção. Ao final, segundo a candidata, se deu o seguinte diálogo:
- Você tem alguma pergunta? Disse a responsável pelo processo.
- Quantos apartamentos tem o hotel? Quantas suítes?
- Não sei. Nunca nem entrei nos apartamentos daqui.
A selecionadora é funcionária da empresa, colaboradora do setor de recursos humanos, há mais de dois anos.
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Se você ler textos e livros sobre liderança, cultura organizacional, desenvolvimento de empresas, gestão etc. disponibilizados nos últimos anos, quase todos vão falar da importância do trabalho em equipe e da valorização do "tamo junto". E não estão errados! Concordo plenamente com estas colocações. O que não consigo entender é como empresas que querem crescer, querem ganhar mercado, ainda vivem uma cultura quase que separatista nos seus departamentos e equipes.
Nos meus anos de estudo, aprendi que só se vende o que se conhece, e que cada colaborador, ainda que não seja do setor comercial, acaba por também ser um vendedor da sua empresa no momento em que nela ingressa. Mas como posso vender algo que não conheço? Se eu perguntar para a funcionária do caso acima sobre a qualidade dos produtos e serviços oferecidos pela empresa que ela trabalha, o que ela vai me dizer?
Admiro as empresas que fazem um processo efetivo de integração de novos colaboradores, inclusive levando-os a conhecerem suas instalações, apresentando aos demais funcionários, oferecendo-lhes o uso de seus produtos e serviços, ainda que como amostras, para que conheçam com que vão lidar nos próximos tempos. É assim que vão entender o quão importante o seu trabalho é para o todo, e não apenas para o seu setor. Se sua empresa não faz nem isso... difícil alcançar o famoso "trabalho em equipe" ou o "vestir a camisa".
Num grau mais elevado, práticas de integração entre setores e colaboradores, até mesmo com equipes multifuncionais e multi-setoriais na solução de problemas ou processos de inovação, fazem empresas se destacarem muito no mercado. Já pensou em reunir um colaborador de cada setor e dar a estes a missão de construir uma inovação de produto ou processo? As ideias não precisam vir só da diretoria ou dos donos. Confie na sua equipe e veja o quanto eles podem surpreender positivamente.
Como diz Ricardo Guimarães, estamos vivendo o tempo da interdependência, e isto só é possível por uma visão sistêmica, uma visão do todo por todos. Manter os colaboradores isolados em suas estações de trabalho é passo fundamental para quem quer levar a empresa à falência. Promova a integração, com tudo e com todos, sempre!
Coordenador e Head Trainer Comportamental
5 aExcelente colocação Edson!