É preciso amar... Mas se gostar já está bom!
Uma das coisas que mais ouço nas empresas é o quanto os problemas ligados ao mal relacionamento interpessoal impactam negativamente nas empresas. E com isso encontramos alta rotatividade, baixa atratividade e falta de senso de pertencimento por parte das pessoas que acabam levando a problemas de produtividade e resultados.
Tentamos encontrar as fontes deste problema e acabamos alegando que os conflitos surgem por causa do avanço da tecnologia (que afasta as pessoas ao invés de uni-las), dos conflitos entre as gerações (que causam problemas de empatia e comunicação). Alegamos também que a crescente pressão por resultados faz com que a gente endureça cada vez mais nossos corações.
Tudo isso é verdade! Mas penso que esses fatores explicam somente parcialmente esse problema. Digo isso porque, em minha opinião, esses fatores são secundários ou, melhor dizendo, são consequências da verdadeira causa: não gostamos mais das pessoas.
Isso mesmo! Estamos gostando cada vez menos das pessoas que estão ao nosso redor. Ao invés de termos empatia, demonstramos frieza. Ao invés de entendermos as pessoas, temos tolerância por elas -> nada contra ter tolerância, mas se olharmos o significado desta palavra ao pé da letra – “aceitação diante de um elemento contrário a uma regra moral, cultural, civil ou física” – fica fácil de entender que tolerar uma pessoa não é exatamente um ato que nos faz gostar das pessoas.
Precisamos gostar das pessoas! E quando eu digo isso, não estou me referindo a ter uma paixão profunda por cada uma delas. Embora eu acredite que “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã!”, segundo a célebre letra da música de Renato Russo, talvez não seja necessário desenvolvermos laços indissolúveis de amizade com todos. Basta gostarmos das pessoas. Gostarmos da companhia de cada uma delas. Entendê-las. Pois assim conseguiremos que outras pessoas sintam o mesmo a nosso respeito.
Mas o que isso tem a ver com o clima organizacional e os problemas de relacionamento nas empresas? Acredito que quando deixamos de gostar das pessoas, acabamos fazendo com que a convivência nas empresas se torne insuportável. Também é interessante ouvir as pessoas declarando o quanto é ruim o ambiente nas empresas onde trabalham, quando, na realidade, as próprias pessoas que o afirmam são os principais agentes causadores desse ambiente organizacional nocivo. Tenho certeza que a maioria o faz inconscientemente, mas ainda assim o faz.
Acontece que quando a gente gosta das pessoas com quem a gente se relaciona no trabalho, acabamos afirmando também que gostamos do nosso trabalho. Lógico, afinal de contas quem não gostaria de trabalhar num ambiente positivo? E quando as pessoas estão num ambiente organizacional positivo, certamente serão mais produtivas. E certamente pensarão duas vezes antes de deixar a empresa.