Ética e transparência são qualidades naturais e orgânicas?
Embora seja comum ouvir que ética é algo indiscutível e binário — ou se tem, ou não se tem —, a discussão sobre ética é vasta, profunda e muitas vezes flexível. Não é à toa que filósofos debatem esse tema desde séculos antes de Cristo.
Mesmo sendo tão antiga e considerada fundamental no ser humano, a questão da ética é extremamente atual no mundo corporativo. Isso se reflete desde o uso da inteligência artificial até o trato diário com colaboradores. O fato é que a liderança deveria reconhecer que esse tema é um pilar organizacional importante. A ética não é necessariamente intrínseca e dada, mas sim algo a ser trabalhado e alinhado aos valores das instituições de forma genuína e, até mesmo, estratégica. Explico.
A expressão “Walk the talk” (praticar o que se prega), comumente usada nos corredores corporativos, nada mais é do que um teste de consistência, integridade e ética em relação aos valores da organização. Isso pode ser feito sem sacrificar a narrativa estratégica. Por exemplo, no meu ponto de vista, uma empresa que tem como valor a transparência deveria compartilhar regularmente seus resultados (financeiros ou conceituais) com seus colaboradores. O objetivo estratégico pode ser mostrar se os objetivos estão sendo alcançados ou não e, assim, estimular os colaboradores a manter o foco nas metas estabelecidas. Além disso, uma estratégia como essa tende a aumentar o “accountability”, ou seja, o senso de responsabilidade individual e coletiva.
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Mais ainda, uma empresa que adota a transparência como valor e prática diária tende a atrair, de forma orgânica, mais colaboradores alinhados com esse valor ético.
Ser ético deveria, sim, ser algo natural às pessoas e, por extensão, às organizações. No entanto, é importante reconhecer que a definição e a aplicação da ética frequentemente se tornam flexíveis. Uma liderança consciente dessa complexidade, e que conduza narrativas e ações que promovam a ética, gera ganho reputacional e melhora o ambiente organizacional. Afinal, muitos estudos sugerem que uma organização percebida como ética influencia positivamente a identificação dos colaboradores com a empresa e o sentimento de pertencimento.
Vale a pena, não?
Especialista de Mídias Sociais na Oracle | MBA em Marketing Digital
1 mConcordo totalmente, Fê. Alem de gerar comprometimento com o negócio e empatia na hora de tomar decisões.
“Walk the talk”, amo essa expressão. A construção de uma sociedade ética passa por instituições que promovem a transparência e penalizam indivíduos de conduta antiética. Fazer isso requer um grau de coragem e determinação que poucas lideranças estão aptas ou abertas para. Nossa sociedade normalizou a mentira, a vantagem desleal. Haja perseverança para quem está no front!