ÓDIO + AMOR
Na base do ser humano existe um afeto primordial: o ódio. O amor não é algo natural e genuíno, e sim, um produto ou uma derivação do seu oposto. O ódio é o primeiro operador afetivo do ser humano, trocando um miúdos, o ódio é uma defesa original, e isso gera um paradoxo belíssimo: ao mesmo tempo que o ser humano almeja os laços sociais, simultaneamente ele resiste a isso como uma forma primordial de auto proteção. Esse afeto original que é o ódio, retorna constantemente na vida de cada um de nós na forma de intolerância, que é algo inevitável e incurável, porém controlável, dependendo do esforço intelectual e sentimental de cada um. Alguém que controla sua intolerância tem maior possibilidade de êxito social. E o ódio é condição necessária para que o amor se efetue. Um oposto sustenta o outro oposto, como numa balança. O amor, por não ser algo genuíno, é uma construção sintomática, tornando assim, o amor, o mais nobre dos sintomas. Ou seja, se amor é um sintoma, amor é representação. E representação fala de algo que está ausente, quer dizer, o que está ausente no amor é exatamente aquilo que o faz como amor, que é o ódio. O amor é a construção da anulação do ódio. É impossível, mas se tirássemos o ódio de alguém, essa pessoa seria incapaz de amar. E esse é o paradoxo mais belo da vida...
Arq. Thiago Herrera