#06/07 - A Armadilha do Ego
“Entre estímulo e resposta, há um espaço. Nesse espaço está o nosso poder de escolher nossa resposta. Em nossa resposta está o nosso crescimento e a nossa liberdade.”
Viktor Frankl
O Ego, que tem também a função preservar a saúde, segurança e a sanidade da nossa psicobiologia, nos prende em uma armadilha quando protegemos a pessoa que acreditamos ser (não necessariamente a que somos) e não usamos a liberdade da escolha para nosso desenvolvimento.
Esta não é uma decisão consciente... Ainda que as teorias de Freud tenham perdido brilho, uma afirmativa permanece relevante quando pensamos no destino que queremos (?) dar à nossa vida: “o ego não é senhor em sua própria casa”. O inconsciente e seus efeitos provocam uma ferida dolorosa na racionalidade e na "vontade". Somos muito mais determinados pelo que desconhecemos do que pelo que acreditamos que administramos.
E por isso, quando criticados ou questionados, ou em momentos de crise, defendemos o nosso ego esquecendo que somos o resultado de anos de mudanças, de aprendizados, de conquistas e de frustrações – as lições de cada novo momento.
Esquecemos que fomos nos desenvolvendo por crises, desde quando entendemos que os dois trilhos do trem não vão se aproximando, um do outro, quando aumenta a distância (crianças dizem que é para acomodar os trens que também vão diminuindo de tamanho); ou de quando entendemos que nos faz bem ter o nosso próprio espaço em casa (e não na cama dos nossos pais) e de quando entendemos que não adianta agredir com palavras os liderados quando enfrentam dificuldades em uma tarefa.
Nessas ocasiões, mesmo a contragosto, fizemos alguma reflexão de natureza técnica, emocional ou comportamental e tomamos a situação adversa como uma oportunidade de crescimento.
E não supreendentemente, já como adultos e procurando uma carreira gratificante, recorremos às respostas que foram válidas no passado e nos trouxeram até agora, mas que em situações novas e complexas podem nos levar à resposta que acreditamos certa, mas para a pergunta errada. Olhamos para a frente pelo espelho retrovisor e não vemos o obstáculo.
Proteger (inconscientemente) o nosso ego é o que fazemos em boa parte do tempo, e com isso minamos a nossa capacidade de vencer novos desafios. Vemos os desafios como situações que nos deixam vulneráveis; esquecemos que o crescimento pessoal e profissional está em vencer situações de vulnerabilidade.
Escapar da armadilha do ego é difícil; significa nos colocarmos vulneráveis e encontrar em nós mesmos algo novo, novos recursos que alavancarão a nossa vida pessoal, em família, comunidade e no trabalho. Presos na armadilha do ego, vemos o novo como potencialmente ameaçador quando deveríamos acolhe-lo; nos comportamos como um cavaleiro medieval preso em sua armadura.
Invariavelmente, sentimos em nosso corpo e em nossas emoções o desconforto que situações ameaçadoras provocam; também sentimos em nossa psicobiologia a curiosidade em situações simplesmente inusitadas, não necessariamente repulsivas... É o sinal de que podemos ter encontrado algo que precisa, no mínimo, de reflexão.
Deixar a armadilha do ego implica em responder a duas perguntas fundamentais:
Que valores e objetivos tenho (vida pessoal, carreira) no curto e no longo prazo?
Vencer este desafio ajuda a alcançar meus objetivos? Tenho como vencê-lo sem abrir mão dos meus valores?
E uma sugestão básica que está na raiz de todo aprendizado:
Ouvir, ler e consultar para aprender, e não para contestar.
Não por outra razão, dou início aos processos de coaching com as perguntas abaixo, e que sugiro que você também faça a si próprio/a:
“Se tudo der certo em sua vida, onde você gostaria de estar em 3 – 5 anos”?
“Que valores o/a conduzirão”? Quem (que tipo de pessoa) estará com você?
Que desafios precisará superar?
Não queremos ser o capitão que coloca a nave em risco porque acredita que esta tempestade é igual às anteriores, navega em situações surpreendentes como sempre navegou, sente a necessidade de estar alinhado com a opinião dos demais, ou porque acredita que tenha o controle absoluto da situação.
Ou como o capitão do navio de cruzeiro Costa Concordia que, em 2012 provocou a perda da embarcação e 32 mortes; foi acusado pelos promotores de estar “encantado” com a presença a bordo de uma dançarina não registrada, sua amante, cuja presença na ponte de comando lhe causou confusão e distração. Preso na armadilha do ego!!
Gosto desta citação de Ray Kurzwell4: “Uma pessoa de sucesso é não necessariamente melhor em resolver problemas do que seus colegas menos exitosos; o que usualmente acontece é que a sua capacidade de reconhecer padrões distingue mais rapidamente os problemas que merecem ser resolvidos”.
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4 aExcelente reflexão Flavio!! Abraço!