1º ano do Clube do Filme
Há um ano era publicado o primeiro episódio do Clube do Filme, Podcast que desenvolvo em parceria com o Michel Martins e o Alan Castaman. O projeto começou bem antes (claro) e nasceu de conversas informais com o Michel nos bastidores da rádio em que atuávamos, compartilhando nossas experiências com filmes e séries assistidas. Era legal ver como as nossas perspectivas eram diferentes.
Na época, além de programas jornalísticos eu apresentava um programa de variedades e há algum tempo havia inserido um quadro em que convidava os colaboradores da emissora pra fazerem as indicações de trilhas de filmes que os marcaram. A experiência foi incrível porque eram colegas que não estavam no microfone no dia a dia (conto mais sobre essa experiência em outra publicação).
Mas com o horário contado pela grade de programação era preciso ser objetivo nos comentários. E como eu gosto de conversas profundas, de mergulhar nos assuntos e explorar os seus vieses, era nos bastidores que a conversa mais empolgava. Michel é quem edita o meu primeiro podcast, o Porta, e eis que um dia ele chegou com a seguinte ideia.
Pode parecer que eu estava fugindo da raia, mas não. A responsabilidade é igual para todos os participantes, e ser âncora era uma posição super confortável pra mim, dada a longa experiência em rádio, mas não para o Michel, que é um profissional que eu admiro muito, caiu em rádio “por acaso” e tem feito um trabalho muito bom, tanto na produção quanto na edição de materiais, Ganhamos até prêmios juntos (cof, cof) e era hora de ele experimentar uma posição nova, na qual hoje já está super confortável e confiante, desafiando mais gente também.
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Interrompendo a rasgação de seda, o que quero compartilhar hoje são as experiências e aprendizados nesse um ano de Podcast e vale à pena você ouvir o episódio para ampliar as percepções. O link está aqui.
A ideia era de que fosse um espaço pra gente se divertir, fazer algo que é gostoso pra nós e realmente é. Isso não nos exime de várias responsabilidades na produção do podcast, afinal é preciso reservar um tempo pra para assistir o filme proposto, refletir sobre ele, talvez pesquisar informações adicionais e depois compartilhar com o mundo nossas opiniões e reflexões, que não tem a pretenção de serem as mais corretas e muito menos únicas, mas por vir de uma carreira jornalística tenho exata noção da responsabilidade que é fazer conversas públicas e na era da internet, isso ficou ainda mais gritante. O maior aprendizado, entretanto, foi o quanto vale a pena sairmos da zona de conforto até nas coisas mais sutis.
Queríamos que mais pessoas participassem, então chamamos o Alan, com quem eu também trocava indicações de filmes na época de faculdade, lá em meados de 2010. A escolha dos filmes acontece em forma de rodízio, ou seja, a cada semana é um participante que faz a indicação, o que nos faz assistir filmes que talvez não estariam na nossa rota de busca, ou na sugestão dos algoritmos (risos).
O exemplo mais emblemático pra mim foi ter que assistir um filme de terror, que não é um gênero que eu particularmente gosto. Quando o Michel fez a indicação, eu reclamei, fiquei com medo (me julguem), confesso que assisti o filme durante o dia e com todas as janelas abertas e ainda rezando pra não ter pesadelo à noite. Mas o desconforto causado pelo medo de assistir o filme foi muito maior do que assistí-lo de fato, e quando subiram os créditos finais, a sensação era: “nem foi tão ruim assim”, inclusive teve coisas que, pasmem, eu gostei no filme.
No último episódio do Porta eu falo sobre expectativas, e com esse filme eu vivi com muita clareza a experiência de sensações de expectativa versus realidade. Tá tudo bem a gente criar essas expectativas, mas é preciso muitas vezes ir além do conforto (ou desconforto) que elas nos causam.
É assim que a gente desfaz preconceitos - indo além daquilo que nos deixa desconfortáveis. Significa que agora eu passei a amar filmes de terror? Poderia, mas não. Eu apenas consegui encontrar naquele filme coisas que aprecio, como uma boa fotografia, um bom roteiro e provocações sobre temas que são atemporais. É bom ter a consciência que a gente não precisa virar fã de todas as novas (e desconfortáveis) experiências que nos propomos. Não é sobre amar ou odiar, é sobre estar aberto a elas.
Queremos que mais pessoas participem do Clube do Filme, porque quanto mais plurais as visões, mais a gente aprende. Tem sido um exercício incrível de troca, de ver como reagimos de forma totalmente diferente a um mesmo conteúdo, e convido você que está lendo esse artigo e que gosta de filmes a participar também, pelo menos uma vez, pra viver essa experiência. Não se preocupe, não precisa ser podcaster, apresentador, nem nada do tipo, é só um bate-papo, uma conversa aberta sobre a sétima arte. Vamos?!