1984, George Orwell e o Big Brother
21 de janeiro de 1950. Falece George Orwell, escritor, jornalista e ensaísta político inglês, nascido na Índia Britânica, vítima de tuberculose.
Autor, entre outros, de “A Revolução dos Bichos” (1945) e “Nineteen Eighty-Four” (1949). Este último publicado meses antes de sua morte e que vou falar um pouco.
1984 é uma distopia profundamente marcada como crítica às privações da liberdade e constante vigilância exercida por governos totalitários, sempre com uma consciência social e pitadas de humor. O protagonista, Winston Smith, trabalha para o Ministério da Verdade, responsável pela propaganda e pelo revisionismo histórico. "Seu trabalho é reescrever artigos de jornais do passado, de modo que o registro histórico sempre apoie a ideologia do partido. Grande parte do Ministério também destrói ativamente todos os documentos que não foram editados ou revisados; desta forma, não existe nenhuma prova de que o governo esteja mentindo." (1) O protagonista, claro, se rebela.
Para ajudar a compreender a obra, trago um pouco mais sobre 3 conceitos nela apresentados e que é ainda muito atual (mais do que nunca) em 2021:
1- Duplipensar é o poder de aceitar ao mesmo tempo duas crenças totalmente contraditórias como corretas, e acreditar fielmente em ambas.
2- “Dois mais dois é igual a cinco" ("2 + 2 = 5") é um termo muito utilizado, que ganhou popularidade com 1984, exatamente para explicar que um dogma obviamente falso pode ser, pela propaganda (no caso política) levado a crer ser verdadeiro. Em seu ensaio "Looking Back on the Spanish Civil War", publicado em 1943 , Orwell escreveu: “A teoria nazista de fato nega especificamente que tal coisa como "a verdade" exista. ... O objetivo implícito dessa linha de pensamento é um mundo de pesadelo em que o líder, ou alguma classe dominante, controla não só o futuro, mas o passado. (...) Se ele diz que dois e dois são cinco - bem, dois e dois são cinco. Essa perspectiva me assusta muito mais do que as bombas."
3- As Teletelas (telescreen), funcionam ao mesmo tempo como um televisor e uma câmera de vigilância, podendo tanto transmitir a programação oficial do governo e de seu líder, o “Grande Irmão/Big Brother”, quanto filmar e observar o que acontece em frente ao aparelho, ou seja, dentro das residências dos moradores.
Enquanto os americanos sugerem que seria uma crítica ao regime comunista soviético (e em parte era), o resto do mundo compreende a essência da crítica, feita ao nazismo (movimento de direita). Não à toa, um dos mais famosos personagens da obra, o “Grande Irmão”, tem sua descrição física assemelhada ao ditador Adolf Hitler.
Embora 2+2= 5, a verdade é que Orwell era um simpatizante do Anarquismo e faz em suas obras uma defesa da auto-gestão e do autonomismo. “Orwell, que se preocupou em fazer da escrita política uma arte, não expressa um desgosto da política, mas uma crítica da política autoritária.” (Thierry Discepolo)
Chegamos em 2021 com governos flertando fortemente com o autoritarismo (sim, pasmem!), uma grande rede de mentiras contadas como verdades, sobretudo através das redes sociais e ainda o programa de maior audiência da televisão brasileira que á a cara do livro: um reality show que espiona pessoas trancadas em uma casa por 24 horas por dias (Big Brother Brasil).
E aí, qualquer semelhança é mera coincidência ou qualquer coincidência é mera semelhança??
(1) Fonte do trecho citado: Wikipedia. Obs: Imagens da internet, pesquisa livre no Google. Todos direitos pertencem aos seus autores.